Ex-CEO do Google detona home office, mas se desculpa um dia depois

Por Igor Almenara Carneiro

16/08/2024 - 11:392 min de leitura

Ex-CEO do Google detona home office, mas se desculpa um dia depois

O ex-CEO do Google, Eric Schmidt, culpou o home office por desacelerar o desenvolvimento de inteligência artificial da empresa, mas logo voltou atrás no argumento. O executivo acredita que startups tomaram a dianteira do setor pois "trabalham muito duro".

"O Google decidiu que o balanço entre trabalho e vida pessoal, ir para casa mais cedo e trabalhar de casa era mais importante do que vencer", disse Schmidt em uma palestra na Universidade de Stanford, Estados Unidos. "E a razão pela qual startups funcionam é porque as pessoas lá trabalham muito duro", continuou.

A declaração foi feita na terça-feira (13), mas não durou muito. No dia seguinte, quarta-feira (14), o executivo se retratou em uma reportagem para o The Wall Street Journal.

"Me desculpe por ser tão direto", disse Schmidt. Segundo o jornal, ele pediu para que o controverso vídeo fosse retirado do ar. O conteúdo não está mais disponível no canal oficial da universidade, mas foi republicado por outros usuários.

Porém, ele ainda defende a ideia de que o home office é contraprodutivo. "Fato é que, se qualquer um de vocês sai da universidade e vai fundar uma empresa, você não vai deixar pessoas trabalharem de casa e só aparecer um dia por semana se quiser competir com outras startups", defendeu Schmidt.

Eric Schmidt foi CEO do Google entre 2001 e 2011, mas continuou atuando na empresa até 2020 em diferentes cargos de liderança.

Argumento inválido por natureza

Schmidt pode acreditar que o Google o home office retardou o desenvolvimento de inteligência artificial no Google, mas esse não foi o motivo de ela ter sido ultrapassada pela OpenAI e outras concorrentes. A empresa de Sam Altman adota a rotina híbrida, determinando apenas 3 dias de atividade presencial — tal como a Gigante das Buscas.

De forma similar, outra empresa do setor, a Anthropic, também adota o modelo híbrido. A empresa permite que os funcionários façam 75% da própria semana de trabalho em casa.

Na visão do sindicato de trabalhadores da Alphabet, o Alphabet Workers Union, holding por trás do Google, o motivo dos atrasos não está no modelo de trabalho, mas nas prioridades em constante mudança, na falta de pessoal e nas constantes demissões em massa.

Atual CEO do Google questiona o home office

Em 2020, ano em que a pandemia de covid-19 motivou políticas de distanciamento social, o Google adotou o modelo de trabalho remoto, mas talvez não seria para sempre. Em entrevista para a Wired, o CEO da empresa, Sundar Pichai, mencionou que não sabia dizer se o home office chegou para ficar.

"Quão produtivos seremos quando diferentes equipes que normalmente não trabalham juntas tiverem que se reunir para o brainstorming, e o processo criativo? Vamos ter que pesquisar, pesquisar, aprender com os dados, aprender o que funciona", pontuou na conversa.

A Meta também adota modelo de trabalho híbrido: em 2023, o comando da empresa determinou que funcionários compareçam aos escritórios ao menos três vezes por semana.

 

 

 


Por Igor Almenara Carneiro

Especialista em Redator

Redator de tecnologia desde 2019, ex-Canaltech, atualmente TecMundo e um assíduo universitário do curso de Bacharel em Sistemas de Informação. Pai de pet, gamer e amante de músicas desconhecidas.


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