A Meta, dona de redes sociais como Instagram e Facebook, interceptou e espionou dados de usuários que usavam aplicativos de plataformas rivais. A informação foi divulgada pelo site TechCrunch, com base em documentos que fazem parte de um processo judicial contra a empresa nos Estados Unidos.
Os arquivos liberados nesta terça-feira (26) detalham um plano da empresa por volta de 2016, envolvendo concorrentes como Snapchat, YouTube e o site da Amazon. A companhia queria compreender como os usuários interagiam com esses apps, o que atraía esse público e como o próprio Facebook poderia agir para reduzir a popularidade dessas rivais.
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Fazer isso, porém, não era uma tarefa fácil. E, de acordo com os documentos, o Facebook precisou usar uma ferramenta bastante controversa para interceptar e decodificar esses dados.
O Projeto Caça-Fantasmas
O caso mais detalhado pelo processo envolve o chamado Project Ghostbusters, batizado tanto em homenagem à franquia de filmes Os Caça-Fantasmas quanto em referência à assombração que serve de mascote do Snapchat.
A ideia da equipe era encontrar um jeito de analisar dados do tráfego do app rival, que tem a comunicação entre usuários e servidores criptografada. Naquele período, o Snapchat ainda era um rival de peso para o Instagram, em especial entre o público mais jovem dos EUA e em uma era pré-TikTok.
O Snapchat.Fonte: GettyImages
Para burlar isso sem o consentimento dos usuários ou do próprio Snapchat, o Facebook utilizou um serviço chamado Onavo. Essa VPN, que era oferecida pela empresa na época, era também uma ferramenta que coletava dados de navegação de forma massiva.
Quando ativado, o Onavo "lia" o tráfego de um dispositivo independente de ele ter ou não criptografia. Em vez de permitir a proteção, o serviço coletava esses dados e entregava para serem analisados pelo Facebook. A plataforma foi desativada em 2019 e foi usada também para monitoramento do WhatsApp antes da sua aquisição.
A Meta de olho em você
O escândalo do Project Ghostbusters é mais um envolvendo a Meta em uma década turbulenta para a companhia. Anos depois, ela permitiu a coleta e a comercialização de dados para fins políticos no escândalo envolvendo a Cambridge Analytica.
Segundo o TechCrunch, o projeto de espionagem não era uma unanimidade dentro da empresa e vários funcionários eram contra a ação. O CEO e cofundador, Mark Zuckerberg, entretanto, foi quem solicitou uma solução com "tecnologias especiais" para lidar com as rivais.
Mark Zuckerberg.Fonte: GettyImages
"Toda vez que alguém pergunta alguma coisa sobre o Snapchat, a resposta geralmente é que, porque o tráfego é criptografado, não temos análises sobre eles. Parece importante encontrar um jeito de ter dados confiáveis sobre eles... Vocês precisam descobrir como fazer isso", disse o executivo em um email em 2016.
Ao site Gizmodo, a Meta afirma em nota que as acusações do processo original são "sem fundamento" e que o assunto não é novidade, pois foi reportado na época.
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