Dia 1º de outubro celebramos o Dia Internacional da Terceira Idade, e a data é um momento oportuno para reforçar a importância dessa fatia da população. Segundo o IBGE, aproximadamente 37% da população brasileira terá mais de 50 anos até o final de 2024, e essa seja, talvez, uma das transformações sociais mais relevantes do século XXI.
É cada vez mais comum ver gerações diferentes compartilhando os mesmos espaços, tanto de trabalho quanto de lazer. Entre nativos digitais, gerações de transição, que acompanharam essa evolução, e mais avançadas que vão sendo incluídas digitalmente graças às inovações tecnológicas, os espaços sociais vão se tornando cada vez mais diversos, e essa é uma excelente oportunidade para criar experiências enriquecedoras.
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Para isso, no entanto, é imprescindível entender que pensar na velhice e nos cuidados necessários para essa população é uma tarefa de todos, e tão importante quanto a atenção dada aos mais jovens.
Pensar na velhice é responsabilidade social
Não sob o pretexto de que todos esperamos um dia chegar a essa fase, mas porque essa geração tem os mesmos direitos que todas as outras, e nem sempre seu acesso a esses direitos é garantido. Por essa razão, é preciso estarmos atentos a cuidados e responsabilidades para garantir que o processo de envelhecimento não seja percebido e vivido com um fardo, mas com qualidade de vida e saúde em todos os sentidos.
A Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 apontou que a depressão é o transtorno mental mais frequente na terceira idade. Diversos cenários podem levar ao desenvolvimento do quadro, de marcadores genéticos a alterações hormonais decorrentes de questões fisiológicas ou do próprio processo de envelhecimento.
Entretanto, fatores sociais, como o abandono, exclusão ou a falta de senso de pertencimento também podem ser catalisadores para o desenvolvimento da depressão. Sendo assim, situações que levam essa população a algum tipo de descolamento dos seus direitos ou lugar na sociedade, podem, sim, desencadear quadros depressivos.
Saúde física, emocional e bem-estar social
Um conceito que pode auxiliar a combater alguns dos fatores sociais que potencializam a depressão na terceira idade é do “envelhecimento ativo”. Essencialmente, ele consiste em criar oportunidades consistentes e continuadas de saúde, segurança, participação e inclusão social.
Nesse contexto, a palavra “ativo” se refere a promover a participação dessa população em processo de envelhecimento em questões culturais, sociais, econômicas e civis. A noção de envelhecimento ativo vai além de ter uma rotina de atividades físicas ou de atuar, necessariamente, como força de trabalho.
Tanto por isso, a inclusão intergeracional é tão importante. Considerando que os espaços de convívio, físicos e digitais, já são compartilhados entre gerações, solidariedade e atenção são os primeiros passos para estabelecer pontes. Com diálogo e escuta, é possível entender necessidades e vontades, além de absorver experiências que, no mundo moderno, já começam a se perder no tempo.
Conforme a população brasileira envelhece, é necessário pensar em formas de garantir uma maior qualidade de vida e inclusão para a terceira idade.Fonte: Getty Images
Essa interdependência permite criar ambientes que proporcionam amparo, segurança e senso de relevância para gerações mais velhas, sem que isso configure superproteção e privação de direitos por excesso de zelo. Pensando ainda na sociedade digitalizada, os avanços das ferramentas em Inteligência Artificial também podem ter papel importante para criar um futuro inclusivo para os idosos.
Integração de assistentes de IA em aparelhos auditivos, ou tecnologias para viabilizar a comunicação de pessoas com dificuldades cognitivas, garantem mais autonomia e qualidade de vida. Graças à democratização do acesso a IA em computadores domésticos com tecnologias de mais nova geração da Intel, por exemplo, ferramentas de acessibilidade desse tipo tendem a se tornar mais comuns.
Contudo, o convívio social continuado é o ponto central para que essas ações combinadas sejam eficazes. Comunicação e contato precisam ser constantes, se valendo de todas as oportunidades proporcionadas por uma sociedade multigeracional, não se limitando a momentos isolados, administrados quase que como processos terapêuticos.
A inclusão intergeracional precisa ser pensada ativamente como uma prática diária, até que ela seja internalizada como uma rotina normal, e não como “uma boa ação”. Uma sociedade cada vez mais envelhecida só é, de fato, inclusiva quando isso vale para todos, independente da faixa etárias.