O Impacto das taxas de juros no ecossistema de inovação

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Equipe TecMundo

Por Gustavo Blasco.

Os últimos anos têm sido palco de uma confluência de eventos macroeconômicos significativos, cada um imprimindo sua marca na arquitetura financeira global. O Covid-19, aliado às tensões geopolíticas, como a invasão da Ucrânia pela Rússia, tem desafiado os preceitos tradicionais da política monetária. E no epicentro desses acontecimentos, encontramos o papel crucial das taxas de juros e seu impacto direto no ecossistema de inovação.

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Historicamente, períodos de euforia no mercado são frequentemente sucedidos por ajustes abruptos. Em 2021, testemunhamos um influxo de capital recorde no universo das startups, impulsionado por taxas de juros extremamente baixas. A excessiva liquidez, contudo, veio com seus próprios conjuntos de externalidades. A inflação emergente, que atingiu praticamente todos os países, implicou em ajustes agressivos nas taxas de juros pelos Bancos Centrais, culminando em uma ressaca de investimentos ano passado que perdura até hoje.

Para os empreendedores, em especial os de startups que têm o desafio de executar projetos altamente especializados os quais só gerarão lucro após muitos anos, a pergunta é: qual a relação entre as taxas de juros e o ecossistema de inovação, particularmente no contexto atual?

Taxas de juros altasAs taxas de juros altas implicam na consistência de um negócio à longo prazo.

Primeiramente, startups, particularmente aquelas em estágios iniciais, geralmente não dão lucro e precisam de grandes quantidades de investimentos, para financiarem seus projetos. Desse modo, o valuation dessas entidades é sensivelmente influenciada pelas taxas de juros. Quando as taxas aumentam, o custo de capital para essas empresas se eleva, tornando os financiamentos mais onerosos e reduzindo implicitamente seu valor presente líquido.

De uma perspectiva matemática, os investidores costumam fazer um exercício de futurologia, para entender qual o valor, em dinheiro de hoje, que a empresa gerará de caixa ao longo de sua vida. Para isso, um dos métodos mais comumente usados é o do Fluxo de Caixa Descontado (FCD):

Altas nos juros

Onde:

  • VP é o valor presente do fluxo de caixa futuro
  • FCFt é o fluxo de caixa livre no tempo t
  • r é a taxa de desconto (que deve ser superior a taxa “livre de risco” da economia local, definida pelo Banco Central)
  • n é o número de períodos considerados

Neste contexto, uma elevação nas taxas de juros (r) implica em uma redução no valor presente (VP), afetando diretamente a avaliação das companhias.

Além disso, o perfil de risco e retorno esperado dos investidores também é recalibrado à luz de taxas de juros mais altas. A elevação das taxas redireciona o capital de risco para ativos mais tradicionais, que oferecem retornos atrativos com riscos relativamente mais baixos. Assim, a alocação de capital, sob um regime de taxas de juros mais elevadas, torna-se mais conservadora.

O desafio se agrava quando consideramos a sensibilidade das startups a ciclos econômicos. Muitas delas operam na vanguarda da inovação tecnológica, o que por sua vez depende da disposição dos consumidores e das empresas em adotar novas soluções. Um ambiente econômico restritivo, catalisado por taxas de juros mais altas, pode retardar essa adoção.

Concluindo, ao refletir sobre a as probabilidades de sucesso de seu próprio negócio e de e sobre para quais desafios deverá estar preparado, é imperativo aos empreendedores e executivos mergulhados em ambientes altamente inovadores, considerar a interdependência do ecossistema empresarial com a conjuntura macroeconômica, em especial com as decisões de política monetárias dos Bancos Centrais na busca de manutenção da estabilidade das moedas.

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Gustavo Blasco é fundador e CEO do Grupo GCB, holding das fintechs Adiante e PeerBR, e da GCB Investimentos. O executivo é economista, formado pelo Mackenzie e detém as certificações: Certificado Nacional de Profissionais de Investimento (CNPI) e o Certificado de Gestor Anbima (CGA).

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