BRICS é a sigla para Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Esse é o grupo de países que cooperam entre si para estimular o desenvolvimento de suas economias emergentes.
Indicadores econômicos e sociais como o Produto Interno Bruto (PIB) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) apontam uma evolução semelhante entre os países parceiros.
Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.
Assine já o The BRIEF, a newsletter diária que te deixa por dentro de tudo
Por exemplo, a soma do PIB das 5 nações em 2003 equivalia a 9% do PIB mundial. Em 2009, a porcentagem foi para 14% e, no ano seguinte, aumentou para 18%.
O início desse crescimento constante foi observado pelo economista Jim O’Neill, em 2001, no estudo “Building Better Global Economic BRICs”. Foi ele quem inventou a sigla BRIC para se referir às macroeconomias em expansão como oportunidades para investidores.
Entenda a seguir como as anotações de Jim O’Neill influenciaram na criação de um dos maiores mecanismos internacionais de cooperação e como a África do Sul passou a fazer parte da parceria entre Brasil, Rússia, Índia e China.
Quando surgiu o BRICS?
Tudo começou com as observações de O’Neill. Elas foram tão pertinentes para o mundo político, econômico e financeiro que outros estudiosos passaram a estudar o que é BRIC.
As pesquisas buscavam entender as causas e as consequências do rápido desenvolvimento dos países emergentes que foram considerados subdesenvolvidos no passado.
As extensas reservas de recursos naturais, como água, petróleo e gás natural, além do aumento populacional das últimas décadas também são características similares ressaltadas pelos especialistas.
Se somarmos o número de habitantes dos 5 países hoje, estamos contabilizando cerca de 41% da população mundial!
A primeira vez que os chefes de estado do BRICS se reuniram foi em 2009.Fonte: GettyImages
Em 2006, essa aproximação entre Brasil, Rússia, Índia e China deixou de ser apenas como objetos de estudo. Os ministros das relações exteriores dos quatro países se reuniram em Nova York, EUA, para conversar sobre o interesse mútuo de cooperação econômica.
- Fique por dentro: Governo anuncia medidas para estimular crédito, incluindo Real Digital
As reuniões se tornam anuais e, na terceira cúpula do grupo, em 2011, a África do Sul se tornou a nova integrante. A entrada do país africano foi controversa, pois seus indicadores estavam longe do crescimento econômico dos demais países.
Contudo, a África do Sul também é considerada uma das economias mais maduras de seu continente, sem contar que sua influência geopolítica é forte e constante.
O que o BRICS defende?
As cúpulas do BRICS tem como objetivo alinhar as expectativas de desenvolvimento social e econômico dos países membros.
A vontade política de seus governantes é o que sustenta os acordos que facilitam o comércio e o investimento nas atividades de órgãos públicos e privados das 5 nações.
Importante ressaltar que: BRICS não é um bloco econômico. Não há uma política comum entre os membros do grupo, uma sede e/ou um secretariado representativo como a União Europeia e o Mercosul.
Qual é a função da BRICS?
A função do BRICS é criar iniciativas que formalizam o interesse de cooperação mútua. Os mecanismos criados desde 2009 já estreitaram laços em mais de 30 setores entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
As principais frentes que promovem o desenvolvimento do grupo são:
Fundação do Banco do BRICS
Também chamado de Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o Banco do BRICS gerencia reservas financeiras desde 2014.
A instituição financia projetos de cooperação e seus recursos também funcionam como um possível auxílio econômico caso um membro do BRICS necessite.
A ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, passará a comandar o NBD em 2023. A decisão foi justificada em uma declaração que ressaltava a ampliação dos programas sociais feita por Rousseff durante seu mandato presidencial.
A sede do NDB é em Xangai, China.Fonte: Gov BR
Intercâmbio técnico e acadêmico
O diálogo entre os países membros também visa fortalecer a produção de ciência, tecnologia, cultura e mecanismos de segurança internacional. Estudos sobre tuberculose, saúde pública e crimes transacionais são exemplos de iniciativas do cooperativismo existente.
Grupos de trabalho econômico
O Conselho Empresarial do BRICS (CEBRICS) atua em nove frentes de trabalho, como energia, agropecuária e infraestrutura, para impulsionar a economia do BRICS.
Por que o Brasil faz parte do BRICS?
A economia, o território, a população do Brasil e o mercado financeiro correspondem ao quadro de desenvolvimento e influência na geopolítica mundial que os demais países do BRICS demonstram.
Na primeira década dos anos 2000, a economia brasileira vinha crescendo fortemente. Fatores como queda na inflação e a estabilidade política e econômica estimularam grandes investimentos no país, fortalecendo ainda mais a economia e a expansão de programas sociais.
2013 registrou a melhor marca do PIB per capita no país.Fonte: CNN Business
Diante desse cenário, o Brasil tinha condições de auxiliar e receber ajuda dos demais países que viviam um cenário de desenvolvimento parecido.
As crises econômicas vividas em 2015, com a instabilidade política e a baixa nos preços das commodities no mercado externo, e em 2020, com a pandemia do COVID-19, o país sul-americano passou a enfrentar mais dificuldades em suas finanças.
Houve um recuo médio de 0,6% ao ano no PIB per capita entre 2011 e 2020. O retomada de índices melhores está prevista para o ano de 2029, segundo a Fundação Getúlio Vargas.
Logo, a importância de criar e fortalecer acordos internacionais de cooperação como o BRICS é fundamental para a recuperação econômica do nosso país.
As vantagens oferecidas pelo grupo também chamam a atenção de outros chefes de estado. A representante da África do Sul no BRICS, Anil Sooklal, afirmou publicamente que há 19 países interessados em se tornarem membros do grupo.
No entanto, o debate sobre a entrada de novos integrantes ainda está em "um estágio muito preliminar, exploratório”, conforme apontado pela ministra Ana Maria Bierrenbach, coordenadora-geral de Mecanismos Inter-Regionais no Ministério das Relações Exteriores.