O maior site de vazamento de dados do mundo. Assim é chamado por muitos o WikiLeaks, organização de mídia sem fins lucrativos fundada em 2006, na Suécia. Dirigido pelo ativista, programador e jornalista australiano Julian Paul Assange, o projeto tem como principal objetivo analisar e expor documentos e materiais sigilosos envolvendo empresas e governos ao redor do mundo. O que inclui, por exemplo, informações sobre crimes de guerra, corrupção, espionagem, entre outros assuntos sensíveis.
Contando com milhões de dados sigilosos vazados, o WikiLeaks, desde sua criação, é alvo de muitos debates dentro das esferas política e social, uma vez que trata de temas densos, de segurança nacional e internacional, trazendo-os à tona para que todos saibam o que se passa nos "bastidores" dos poderes governamental e empresarial. O site, inclusive, segue no ar atualmente, apesar de todos os ataques e tentativas de censura que recebe, graças ao apoio de entidades, de veículos de comunicação e do público.
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Julian Assange é o responsável pelo WikiLeaks e pela divulgação de diversos dados sensíveis e secretos.Fonte: Getty Images
Aliás, você deve se lembrar do caso emblemático de 2010 envolvendo o WikiLeaks e o vazamento de dados que expôs alguns "podres" do governo norte-americano, não é mesmo? Se o caso não está fresco em sua memória, chegou a hora de relembrar a situação e o que aconteceu com Julian Assange, responsável pela divulgação dos materiais secretos que pararam o mundo.
WikiLeaks: o vazamento de dados que chocou o mundo
Apesar de funcionar desde 2006, foi durante o ano de 2010 que o WikiLeaks realmente explodiu. Na época, Assange recebeu de um colaborador anônimo cerca de 92 mil documentos confidenciais pertencentes ao governo norte-americano e os enviou para grandes portais de notícias dos Estados Unidos, além de publicá-los online. Os documentos continham dados de janeiro de 2004 até dezembro de 2009.
Nos materiais, por exemplo, havia um vídeo de 2007 que mostrava um helicóptero Apache norte-americano em um ataque que matou 12 pessoas em Bagdá, capital do Iraque. Entre as vítimas, estavam dois jornalistas da agência Reuters. Em meio aos itens, também havia uma cópia de um manual de instruções sobre como tratar prisioneiros em Guantánamo, prisão militar dos Estados Unidos. Para completar, os vazamentos de dados também traziam informações sobre civis que foram mortos pelo exército norte-americano durante a guerra do Afeganistão, entre outras ações criminosas.
Por conta de seu trabalho, o WikiLeaks foi indicado, em 2011, ao Prêmio Nobel da Paz, além de ter recebido outras premiações muito relevantes, como o The Economist New Media Award (2008), o The Martha Gellhorn Prize for Journalism (2011), o The Voltaire Award for Free Speech (2011) e o The Brazillian Press Association Human Rights Award (2013). Na época do vazamento, a organização também teve apoio de vários líderes mundiais, incluindo o do atual presidente do Brasil, Luíz Inácio Lula da Silva.
Julian Assange: o que aconteceu com o fundador do WikiLeaks?
Após a grande repercussão que o vazamento de dados do WikiLeaks gerou, Assange não teve vida tranquila e, atualmente, segue em uma situação bem delicada. Ainda em 2010, época dos vazamentos, a Suécia emitiu um mandado internacional de prisão direcionado ao jornalista por conta de acusações de agressão e estupro contra uma mulher. Posteriormente, o caso foi arquivado pela justiça por falta de provas, porém, foi reaberto pouco tempo depois.
Após revelar novos documentos que mostravam práticas de espionagem por parte dos Estados Unidos e ainda encarando as acusações de violência sexual, Assange se entregou à polícia de Londres, na Inglaterra, ainda em 2010, uma vez que estava sendo procurado pela Interpol a pedido da justiça sueca, que visava extraditá-lo para os Estados Unidos. Ele permaneceu no Reino Unido até 2012, quando a justiça do país resolveu extraditá-lo para a Suécia.
Contudo, Assange, alegando inocência e com receio de retornar à Suécia e, de lá, ser levado para os Estados Unidos, se refugiou na embaixada do Equador em Londres na esperança de conseguir asilo político na região sul-americana. O jornalista ficou no local até 2019, quando foi entregue à polícia britânica pela embaixada equatoriana, que julgou que o fundador do WikiLeaks violou repetidamente diversas convenções internacionais. Assange foi levado para a penitenciária de segurança máxima Belmarsh, em Londres, e segue lá até hoje, aguardando pela decisão de um juiz sobre sua possível extradição para os Estados Unidos.
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Caso seja, de fato, extraditado, Assange pode ser condenado a 175 anos de prisão por revelar crimes de guerra do Exército estadunidense no Iraque e no Afeganistão. A extradição do ativista pode abrir precedente pra punições mais severas no futuro e isso, pode ser visto como um risco para veículos e profissionais de imprensa.
O país norte-americano, nesse sentido, tem tentado de todas as formas prender Assange, que teme por sua vida e pelas consequências que podem ser impostar a ele pelos Estados Unidos. Em meio a toda essa grande batalha judicial, Assange segue com seu futuro indefinido, mas tem recebido apoio de vários líderes e figuras relevantes da política e do entretenimento, que clamam para que o jornalista não seja extraditado e receba um tratamento justo.