Por que ainda há poucas mulheres na liderança em áreas de tecnologia?

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O mercado de trabalho para mulheres em áreas de tecnologia vem crescendo a passos lentos. Apenas 16% das empresas de tecnologia na América Latina possuem mulheres em cargos seniores, apontam as consultorias KPMG e Harvey Nash. O número é maior que a média mundial, 11%, mas ainda mostra a baixa participação feminina no mundo tech.

Como explicar esse resultado? A lista de motivos é longa e abarca desde a falta de incentivo aos estudos, formato do anúncio de vagas de emprego até a cultura organizacional zero inclusiva de empresas do ramo.

Entenda mais sobre os principais desafios enfrentados por profissionais mulheres em áreas de tecnologia e as soluções encontradas para conquistarem espaço como gestoras.

4 barreiras no acesso à liderança por mulheres em tech

1. Falta de estímulo às mulheres para ingressarem na área de tecnologia

Cursos ligados às habilidades em STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) são universos predominantemente masculinos. O estímulo que os meninos recebem para se interessarem por essas áreas desde a infância difere da educação das meninas.

Segundo Silvia Coelho, CTO da Fórum Hub, Top Voice e Creator LinkedIn, cerca de 79% das alunas desistem no primeiro ano de cursos como engenharia e ciências da computação. 

Graziele Pires, hoje trabalhando como Product Designer em uma empresa de consultoria de tecnologia da informação (TI), afirma que sentiu a pressão de ser uma das poucas mulheres dentro de sala de aula durante a faculdade.

Concluir a formação em área de tecnologia, é um dos muitos obstáculos que as mulheres enfrentam na área.Concluir a formação em áreas de tecnologia, é um dos muitos obstáculos que as mulheres enfrentam para chegar ao mercado de trabalho.Fonte: Gettyimages

Os relatos se repetem nas experiências de outras mulheres que enfrentaram o preconceito para iniciar sua carreira em tecnologia. "As pessoas forçam na linguagem técnica para você não acompanhar quando percebem que você é iniciante", diz Nadine Mattos Depin, coordenadora de produto na startup Incentiv.me.

A cientista Linnyer Beatrys Ruiz Aylon, primeira mulher Presidente da Sociedade Brasileira de Microeletrônica, aponta que a evasão de meninas dos cursos impossibilita um número expressivo de mulheres com carreiras incríveis em tecnologia, consequentemente não inspirando outras mulheres a tentarem.

Aylon também é líder do Manna team, projeto de ensino, pesquisa e extensão que promove inclusão para crianças, adultos e idosos com atividades focadas em Educação 5.0, Pensamento Computacional, Design Thinking e na Cultura Maker. "O @manna_team tem muitas cientistas que vão para escolas para mostrar que apesar de improváveis, somos possíveis. Existimos!".

2. Os processos seletivos das empresas de tech são pouco inclusivos

A pesquisa recente do LinkedIn notou uma diferença entre homens e mulheres na hora de se candidatar a um emprego. Enquanto as mulheres sentem que precisam atender a 100% do descritivo da vaga antes de enviar o currículo, os homens se candidatam após se identificar com cerca de 60% do anúncio.

Ou seja, a primeira etapa de um processo seletivo profissional já é um desafio maior para elas. "Eu demorei a entender que você não precisa ter tudo. Eu só me candidatava para uma vaga quando eu tinha 99,9% de fit com a vaga, o que era muito difícil [de acontecer]", diz Aline Freire, Tech Manager do grupo Boticário.

Para Silvia Coelho, as empresas precisam se atentar ao formato do anúncio, que muitas vezes extrapolam a necessidade do cargo e tornam ineficaz a tentativa de atrair mais talentos femininos. "Muitas mulheres estão iniciando ou fazendo uma transição de carreira. Se não há vagas para quem está começando, como equilibrar a balança? A conta não fecha."

A experiência de Isadora Scussel Farias, Product Manager em formação para se tornar líder, reforça essa problemática comum.

"Acreditava que não era suficiente e que ainda precisava me preparar mais. Até o momento em que conheci uma mulher maravilhosa que me deu um empurrão inicial, me dizendo: 'Isa, se você fosse um homem no seu lugar, ele já teria se aplicado! Isso é a impostora falando, não deixa de tentar!'. E foi assim que entrei na AmbevTech, onde completo 3 anos em 2023."

Em contrapartida, Coelho lembra que campanhas como #contrateumaDevaJr servem para dar mais visibilidade a mulheres que estão em busca da sua primeira oportunidade no mercado de tecnologia, derrubando por terra que não temos interesse pela área.

A falta de iniciativas mais inclusivas é apontada como um, dos desafios para as mulheres nas área de tecnologia.A falta de iniciativas mais inclusivas é apontada como um, dos desafios para as mulheres nas área de tecnologia.Fonte: Gettyimages

3. A cultura das empresas de tech ainda não comunicam equidade

A cultura organizacional é como um espelho. Ele reflete as ações das lideranças e dos liderados. Quando a empresa não tem um olhar voltado para a inclusão e identificação de talentos, seu ambiente se torna cada vez mais exclusivo e de medo compartilhado pelas poucas mulheres presentes.

"Eu ainda tenho aquele medo de não ser ouvida por ser a única mulher em uma reunião cheia de homens", compartilha Pires.

Grandes empresas de tecnologia estão iniciando esse movimento de acolhimento às mulheres e à diversidade como um todo. Scussel Farias vê esperança no horizonte com os comitês de autenticidade, programas de formação, mentorias e outras iniciativas para trabalhar a diversidade e equidade de gênero nas empresas.

4. A promoção de mulheres para cargos de liderança é incomum

Estudos recentes informam que mulheres profissionais de tecnologia são promovidas três vezes menos do que os homens nas empresas brasileiras.

Além de ter menos oportunidade para alcançar uma posição de líder, há a disparidade salarial. Os homens chegam a receber R$ 1000 a mais do que as mulheres nas carreiras de Desenvolvedor e Business Intelligence (BI).

Nadine Mattos Depin relata que o apoio de sua diretora, que também já passou por essas questões de gênero, foi fundamental para persistir na evolução em tech.

Da esquerda para direita: Linnyer Beatrys Ruiz Aylon, Graziele Pires, Aline Freire, Isadora Scussel Farias e Silvia Coelho.Da esquerda para direita: Linnyer Beatrys Ruiz Aylon, Graziele Pires, Aline Freire, Isadora Scussel Farias e Silvia Coelho.Fonte:  Insira a fonte 

Como promover a equidade de gênero em áreas de tecnologia?

As entrevistadas deram conselhos importantes para as demais mulheres que também desejam seguir profissão nas áreas de tech.

  • "Entrar de cabeça no ecossistema da tecnologia, se capacitar, fazer cursos, participar de eventos, estar por dentro das notícias e novidades do tema", diz Depin;
  • "Buscar grupos femininos que podem te dar suporte, como o Ladies", indica Pires;
  • "Entenda o que te motiva, fica mais fácil saber onde é o seu lugar", aconselha Freire;
  • "Não deixe que a síndrome da impostora fale mais alto!", relembra Farias;

Por fim, conheça as histórias de mulheres pioneiras na área que contribuíram para a revolução digital que vivemos como: Ada Lovelace, Grace Hopper, Margaret Hamilton, Katherine Johnson. "Se hoje somos minoria não é por falta de aptidão e interesse e, sim, uma construção cultural que nos afasta da área", apontam Coelho.

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