O Banco Central lançou, nesta segunda-feira (06), as diretrizes para a criação do real digital. O projeto-piloto do real digital será iniciado ainda no mês de março, com implantação prevista para o final de 2024, de acordo com informações divulgadas pelo órgão, que será responsável pela emissão da moeda virtual de banco central (CBDC).
O Real Digital será baseado na tecnologia blockchain, o que permitirá a tokenização dos ativos negociados, aumentando a segurança nas transações financeiras. A moeda digital será uma extensão da moeda física, tendo a mesma paridade e valor, mas não será necessário a intermediação dos bancos para a transferência de valores.
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Ao contrário de outras moedas digitais de bancos centrais, o real digital será voltado para transações no atacado, entre instituições financeiras e grandes corporações que transacionam um volume grande de recursos. A adesão ao real digital dependerá das ações do governo para facilitar a troca do real físico pela moeda virtual, como incentivos fiscais.
Questões de segurança
Real digital deve eliminar fraudes, mas preocupa por conta da centralização. (Fonte: Getty Images/Reprodução)Fonte: Insira a fonte
“Se o modelo blockchain for usada corretamente a possibilidade de fraudes será reduzida praticamente a zero”, explica o programador Bendev Junior. O Banco Central ainda vai regulamentar a criação e a utilização de moedas digitais para promover a interoperabilidade entre diferentes plataformas de pagamento e o real digital.
Embora a novidade traga benefícios em relação à segurança das transações, a centralização da moeda digital também levanta preocupações sobre o controle monetário. “Ter uma moeda digital estatal, centralizada, também gera a possibilidade de um maior controle sobre a moeda, o que tem preocupado muitas pessoas”, explica Bendey Junior,
O governo federal deverá ter um grande desafio para implementar a moeda virtual. A informação de tecnologia da informação (TI) precisará ser segura para evitar fraudes e garantir o sigilo das transações.
Fases de implantação
Real digital será usado por empresas que realizam operações no atacado. (Getty Images/Reprodução)Fonte: Insira a fonte
O projeto do real digital será implantado em fases. A partir de agora, o Banco Central começará a desenvolver uma plataforma para testes que permita o registro de ativos de várias naturezas. O programa-piloto não utilizará valores reais e acontecerá em um ambiente simulado.
Entre os ativos que integrarão o programa-piloto, estão os depósitos bancários à vista e os títulos federais que representam a dívida pública brasileira. Além deles, os testes envolverão os depósitos das contas reservas dos bancos, das contas de liquidação e da conta única do Tesouro Nacional.
A etapa de avaliação dos resultados alcançados começa em março de 2024, com a plataforma open source Hyperledger Besu, compatível com Ethereum, Se após a avaliação dos resultados, a tecnologia tiver sucesso, será utilizada para desenvolver o real digital.
O software open source traz menos custos, pois não é necessário adquirir licenças. O objetivo é atingir a maturidade do projeto até o final de 2024 e abrir a participação da população através de depósitos tokenizados.
Diferenças entre o real digital e o PIX
O real digital permitirá transferências instantâneas de grandes valores no atacado, para grandes empresas e instituições financeiras. Enquanto o Pix é focado em serviços de pagamento, o Real Digital vai ser destinado a transações financeiras em geral.
Serão desenvolvidas três categorias do projeto: o real digital para o atacado, o real tokenizado para o varejo (representação digital do dinheiro tradicional) e os Títulos do Tesouro Direto (ativos que representação a dívida do governo federal).
Uma das principais diferenças entre o Real Digital e o PIX é a possível aplicação na internet das coisas. O real digital poderá ser utilizado para pagamentos automatizados, como maquininhas e carros conectados.
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