Nessa segunda (23), o presidente Luiz Inácio da Silva esteve na Argentina em sua primeira viagem internacional desde que assumiu o cargo após vencer as eleições. Entre os principais assuntos que definiram a pauta da visita estão justamente a criação de uma moeda comum entre os países, juntamente com um pacote econômico.
Lula foi recebido pelo presidente argentino Alberto Fernández, na Casa Rosada, sede do governo. Interlocutores apontaram que as conversas demonstraram interesse do Brasil em aprofundar acordos envolvendo ciência, tecnologia e setor energético entre as nações que compõem a América Latina. Já a Argentina pediu financiamentos, incluindo a criação da tão comentada moeda comum.
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Moeda única
Apesar do pedido, o presidente Lula deixou claro que não existe a possibilidade da extinção do real ou do peso. Essa declaração veio para abafar ruídos no mercado, uma vez que autoridades argentinas almejavam a criação de uma moeda única aos moldes do euro — o que foi descartado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em um documento oficial do encontro.
O mandatário da pasta ainda afirmou que o Banco do Brasil pode financiar exportações para a Argentina por meio de um fundo garantidor, o que asseguraria a soberania das duas nações. O objetivo, segundo Haddad, é frear o uso do dólar sobretudo devido à grave crise financeira que a Argentina vem enfrentando com mais de 94% de inflação somente em 2022.
A longo prazo, a ideia é a criação do "Sur" (sul, em espanhol) — uma moeda comum para facilitar transações comerciais. E, para analisar esse assunto, foi formada uma comissão de ambos os governos. O Brasil também poderá oferecer crédito aos importadores argentinos que comprarem produtos brasileiros, como mencionado anteriormente.
Lula em encontro com presidente argentino, Alberto FernándezFonte: Esteban Collazo/Argentine Presidency/Reprodução
Gasoduto e BNDES
Outra pauta que veio a render polêmica é o gasoduto que vem da Patagônia, extremo sul do continente. A Argentina deseja obter dinheiro do BNDES para custear a chegada para o Brasil, defendendo que o gás oferecido à indústria brasileira terá preço reduzido. Lula se mostrou inclinado a aceitar a proposta, mas isso vai depender do valor que há disponível no caixa do Banco do Brasil.
“Tenho certeza [de] que os empresários brasileiros têm interesse no gasoduto. Certamente os empresários brasileiros têm interesse nos fertilizantes que a Argentina tem. Tenho certeza que os empresários brasileiros têm interesse no conhecimento científico e tecnológico da Argentina. E, se há interesse dos empresários e há interesse do governo e temos um banco de desenvolvimento para isso, vamos criar as condições para fazer o financiamento que pudermos fazer para ajudar o gasoduto argentino”, disse Lula.
Além do que foi acordado entre os presidentes, ministros de ambos os lados assinaram uma série de acordos bilaterais, envolvendo não somente os governos, mas também o setor empresarial. Compareceram cerca de 300 empresários, tanto brasileiros quanto argentinos, que participaram das discussões dos assuntos.
Fontes