As grandes inovações surgem nos momentos de dificuldades. É raro alguém tentar desenvolver uma alternativa para algo que está dando certo. Mas, quando o modelo vigente já não atende completamente às necessidades, as pessoas e as empresas correm para criar soluções para esse novo momento. A pandemia de covid-19 nos anos de 2020 e 2021 é o melhor e mais recente exemplo.
Como vender se não era possível abrir as portas das lojas físicas? A internet já estava disponível, vários varejistas possuíam sites ou vendiam seus produtos em marketplaces, mas o faturamento nos canais virtuais era apenas complementar.
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A Inteligência Artificial é uma forma de auxiliar a precificar produtos com agilidade e assertividade.
A verdade é que a pandemia fez a digitalização do varejo avançar dez anos em apenas dois, e o comércio virtual hoje é bastante popular. Porém, as dificuldades não terminaram com a pandemia. A crise sanitária por si só gerou crise econômica, depois veio a guerra na Ucrânia,, tudo isso gerando nova crise. Em 2022, o comércio melhorou muito, mas menos do que se esperava.
Um levantamento feito pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) indica que, nos próximos meses, a receita das empresas do varejo vai voltar a cair, especialmente no início de 2023. A expectativa é de que em janeiro haja recuo de 6,4% em comparação com janeiro de 2022.
Reflexo de uma crise que teima em não acabar. Mais uma vez, a rede varejista tende a apostar na tecnologia, no ano que está para chegar, como ferramenta para superar as dificuldades e atingir suas metas de faturamento.
A digitalização é um caminho sem volta e, segundo relatório da Gartner, 94% dos CEOs querem manter ou acelerar a transformação digital impulsionada pela pandemia analisando quais tecnologias são mais relevantes. Percentual impressionante.
Mas, considerando que a digitalização ainda não atingiu toda a sociedade, algumas estratégias que foram tendência em 2022 – venda por meio de marketplaces, por exemplo –, continuarão a ser em 2023. No entanto, novas tendências surgem com força. Uma delas é o uso da Inteligência Artificial como ferramenta de pricing e de gestão.
Outro relatório, elaborado pela Forrester em 2021, classifica tecnologias de pricing, em específico as elaboradas com base em IA, como de alta maturidade e alto retorno para os negócios. O relatório recomenda manter os investimentos na categoria, pois continua a apresentar altos retornos no mundo real, com destaque para otimização de preços e estoque, análises de tendências e inteligência competitiva.
Vamos ver, a seguir, o que o varejo buscará, em termos de tecnologia, para faturar e lucrar mais.
- e-Wallet: também chamada de carteira digital, a e-Wallet tem função semelhante às carteiras físicas que as pessoas carregam no bolso de trás ou nas bolsas, que é guardar dinheiro, documentos, cartões de crédito etc. Só que as e-Wallets armazenam as funções de crédito, débito e dinheiro, de forma totalmente virtual. A maioria dos serviços de e-wallets funcionam a partir de aplicativos em smartphones. Ao fazer compra em uma loja física, basta o cliente encostar seu celular em um terminal de check-out compatível para pagar a conta imediatamente. Hoje em dia, a carteira digital já pode ser usada em diversos tipos de pagamentos. Começamos a ver essa tendência em e-commerces que disponibilizam opções para pagar com e-wallets, como PayPal, Pagseguro, MercadoPago, Google Wallet, Apple etc. Outra vantagem dos e-Wallets é que eles podem ser usados para armazenar vale compras, cartões de presentes, bilhetes de transportes, cupons, descontos etc.
- Omnicanalidade: é uma estratégia que visa melhorar a experiência e o relacionamento do cliente nos mais diferentes canais de venda. O ambiente omnichannel integra os canais físicos e virtuais. Dessa forma, o varejista consegue atrair clientela por oferecer múltiplas possibilidades de compra, como a forma híbrida, em que alguém compra online para retirar na loja física, entre outras possibilidades. É uma estratégia que, além de criar múltiplos canais de compra, parte da premissa de que eles estejam bem integrados e que proporcionem uma experiência de compra fluída e bem-sucedida.
- Social commerce: outra tendência é o varejo ampliar o uso de redes sociais para incrementar vendas. Facebook, Instagram, TikTok, entre outros, têm alcance muito grande, principalmente entre os jovens, e são ótimas ferramentas de divulgação com link direto para a área de compra. O lojista consegue inserir sua campanha em postagens específicas de forma a chegar a determinado público-alvo.
- Chatbots: esse sistema de atendimento e venda já está bastante disseminado, e, com a evolução da Inteligência Artificial, ele tende a interagir melhor com o público e se tornar mais eficiente. Por essa razão, além dos grandes varejistas, empresas de médio porte tendem a inserir essa tecnologia em suas lojas virtuais.
- Inteligência artificial: e já que citei a Inteligência Artificial no tópico acima, coloco essa tecnologia como uma das principais tendências para o próximo ano. Seu uso em diversas frentes está aumentando, inclusive em soluções de pricing. É uma evolução sem precedentes, porque é capaz de maximizar resultados da empresa, definindo o melhor preço de cada produto de acordo com o momento específico e as variáveis que impactam a sua venda, sempre de acordo com as definições estratégicas e objetivos de negócio definidos pela empresa.
Essas cinco tendências tendem a ser muito adotadas pelo varejo no ano que vem. Coloquei a Inteligência Artificial por último, mas trata-se da mais importante para o varejo porque, mais do que auxiliar nas vendas, ela muda o modo de gestão, tornando as decisões mais assertivas e possibilitando que as empresas acompanhem, em tempo real, a movimentação das suas vendas, assim como dos consumidores e de muitas outras variáveis internas e de mercado, de forma a obter os melhores resultados
A Inteligência Artificial aplicada ao pricing trata gigantescas quantidades de dados, para a gestão eficaz de preços atraentes ao consumidor, extraindo o máximo de lucratividade durante o ciclo de vendas.
A capacidade da IA de analisar simultaneamente as mais diversas variáveis faz dela a solução ideal à gestão e às vendas. Por essa razão, em 2023 é esperada uma corrida em busca de soluções inteligentes, pois quem não as tiver implantadas ficará para trás.
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*Ricardo Ramos é CEO da Precifica – precifica@nbpress.com.br
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