Em um ano particularmente difícil para o setor de tecnologia da China, a gigante Xiaomi anunciou na sexta-feira (23) a renúncia de três dos seus executivos seniores, entre eles o próprio presidente do grupo, Wang Xiang. Completam a lista dois cofundadores da empresa: o vice-presidente sênior responsável pelo sistema operacional móvel MIUI, Hong Feng, e o diretor de estratégia, Wang Chuan.
A remodelação, que deixa o CEO Lei Jun como único cofundador com uma função operacional na companhia de Pequim, faz parte de uma nota enviada por ele aos funcionários, à qual o Financial Times teve acesso. Além das mudanças já indicadas, a terceira maior fabricante de celulares do mundo — depois de Apple e Samsung — também deu início a um corte de 10% de seu quadro de funcionários.
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Por que a Xiaomi está demitindo?
O CEO Lei Jun é o único fundador que permanecerá na Xiaomi. (Fonte: Xiaomi/Divulgação.)Fonte: Xiaomi
Entrevistado pelo Financial Times, Li Chengdong, fundador da consultoria Dolphin, de Pequim, afirmou que, apesar de ocorrer após três trimestres consecutivos de queda nas receitas e lucros, as demissões da Xiaomi surpreenderam, pois ocorrem em um momento em que a China resolveu afrouxar sua política de covid zero e às vésperas do ano novo lunar no país.
De acordo com Chengdong, a demissão de um número "tão grande" de empregados — que pode ultrapassar 3,5 mil pessoas — só se justifica se houver necessidade premente da empresa em "controlar custos" e leva a uma conclusão: “Os resultados do quarto trimestre da Xiaomi podem ser piores do que o esperado”.
No início deste mês, ocorreu também a renúncia do diretor de negócios da Xiaomi na Índia, Raghu Reddy, depois que um tribunal local congelou US$ 676 milhões da companhia por supostas remessas ilegais que poderiam resultar na interrupção das atividades da empresa no país. A gigante chinesa negou veementemente as acusações.
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