Há alguns anos, vivemos a chamada Revolução Industrial 4.0. As mudanças tecnológicas das últimas décadas, o foco na automação e sistematização de processos e a integração entre on e off são alguns exemplos do que o mundo está experienciando.
Muito se fala sobre a transformação digital na vida pessoal e profissional, de modo que é importante compreendê-la como parte de um movimento maior, na qual as pessoas e companhias estão se adaptando às novas tecnologias e ao mesmo tempo descobrindo-as, aprimorando-as e as utilizando dentro do seu contexto.
Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.
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Entretanto, algo está em descompasso com todas essas mudanças: a educação. Como as novidades que vivenciamos estão ocorrendo em uma velocidade nunca antes observada na humanidade, muitas pessoas não estão conseguindo acompanhar as novidades. Isso pode ser visto no dia a dia, nos senhores e senhoras com dificuldades para pagar uma conta no seu celular, nas pessoas confusas em restaurantes de fast-food tentando operar o guichê de pedido automático ou com dificuldade para mudar o sinal da TV para o Netflix.
Temos que aceitar que algumas coisas são simples para um grupo de pessoas, mas complexas para outros.
Com o mercado em plena transformação, a educação surgi com o papel de preparar as pessoas para um futuro cada vez mais conectado.
No entanto, quando falamos especialmente da transformação digital no mercado de trabalho, a inabilidade de operar uma nova ferramenta, uma máquina, ou de pensar a tomada de decisão a partir de uma capacidade analítica de dados já está custando empregos. É um caminho sem volta.
Nesse sentido, existem vários pontos, mas gostaria de citar os dois que considero mais relevantes a se considerar. O primeiro é a execução em si, a operação: aprender a mexer em determinada ferramenta, em determinado software ou hardware. Saber para que serve e operar com destreza. O segundo ponto é pensar o trabalho e o consumo a partir da tecnologia e as possibilidades que ela abre. É o tal do mindset (forma de pensar) que o mercado tanto fala. Essa segunda é muito mais complexa e vamos focar nela.
Na educação, o primeiro obstáculo é o tempo de formação. Uma universidade tradicional pode levar 4 ou 5 anos para ser concluída. Pense agora em quantas tecnologias apareceram nesse tempo, quantas vezes o algoritmo de determinadas redes mudaram. Um curso desse tamanho, por natureza, não é capaz de contemplar em sua grade todas as novidades necessárias.
É necessário repensar o modelo educacional atual para que ele, acompanhe as contantes mudanças do mercado.
Outro obstáculo é cultural, no que se refere a aceitação de uma nova determinada prática em detrimento da outra. Foi assim quando trocamos máquinas de datilografia por computadores, armazenamento em gavetas por armazenamento na nuvem, só para citar alguns exemplos. A lógica de que “no meu tempo era melhor” prevalece. Até que, um belo dia, sem pedir licença começam a surgir novos negócios e impõem um novo jeito de fazer as coisas, melhor, mais rápido e mais barato. Essa é a disrupção, quando tudo muda.
No mercado corporativo, podemos dar o exemplo dos aplicativos de bancos. Quem trouxe todo o sistema financeiro para a internet foram os bancos que já nasceram na internet, e alguns, só pela internet. Aí, os bancões tradicionais tiveram que se virar nos 30 para conseguir atender a uma nova demanda. E muitas vezes fizeram isso por meio de aquisições, porque, por mais que tenham capital, não tem expertise para realizar as mudanças necessárias para construção de determinadas tecnologias.
Resumidamente, a revolução industrial está caminhando a passos largos.
Agora, algumas instituições educacionais estão andando em ritmo acelerado para prover talentos e capacitar profissionais – do júnior ao sênior – para este novo momento. Estes negócios geralmente são capitaneados por empreendedores e especialistas “mão na massa”, com vasta experiência na construção da nova economia, e às vezes com pouca ou nenhuma bagagem acadêmica.
Por exemplo, temos a G4 Educação, edtech fundada por Tallis Gomes, Alfredo Soares e Bruno Nardon, três grandes nomes dos negócios no Brasil, afinal Talis fundou a Easy Taxi, Alfredo vendeu sua startup para o VTEX e Nardon é co-fundador do Rappi. A G4 é um ecossistema de cursos, tanto presenciais quanto online, com foco em gestores e seus times, com educação corporativa prática e inovadora. É uma alternativa às escolas de negócios tradicionais, indo além dos fundamentos e ensinando com ajuda dos principais empreendedores do país.
Dentro de um segmento específico, temos a Imersão Logística, fundada por Patrick Rocha, João Cristofolini e Luiz Vergueiro, todos altamente experientes no ramo. O contexto é o seguinte: com a revolução do e-commerce, inovações em logística se tornaram o centro estratégico das principais empresas do planeta e o foco de M&As e disputas milionárias envolvendo grandes corporações e fundos de investimento.
A razão é muito simples: tudo que é vendido pela Internet (ou seja, qualquer coisa!), tem que ser entregue rápido – roupa, sapato, comida, livro, geladeira, televisão, cartão do banco, seja lá o que for. E se o produto demorar ou chegar em mau estado, o cliente reclama e até desiste da compra. Além disso, em muitos casos, o entregador é o único contato físico que o cliente tem com a marca.
Nesse sentido , todo o segmento vem atravessando disrupções que vieram para ficar. Da porta para dentro dos galpões, robôs e toda sorte de automação dão conta de roteirizar milhões de encomendas em minutos. Da porta para fora, pontos de retirada, lockers e uma série de reorganizações garantem que a compra chegue até o cliente em poucos dias ou horas.
As mudanças envolvem ainda setores antes desconectados, mas que agora estão intimamente integrados à logística, como RH, práticas de ESG, Customer Experience, Compliance, entre outros. Portanto, cada vez mais a logística não se destina somente para quem já é da área: profissionais de qualquer segmento que, direta ou indiretamente, comercializam produtos online, passam a ter a necessidade de conhecer as melhores práticas e inovações do segmento.
Temos ainda a Sirius, a primeira neouniversidade do Brasil, fundada por Arnóbio Morelix e Felipe Matos. Nomeada como uma das 15 startups mais promissoras da América Latina pela Forbes Magazine, a Sirius é especializada na formação e capacitação na área de tecnologia, com foco em Ciência de Dados e Inteligência Artificial. O diferencial, além dos cursos inteiramente online, é o ensino focado na prática, flexibilidade e conexão direta com grandes empresas empregadoras. Inclusive, o índice de empregabilidade dos alunos da instituição é de 97%.
Cada um dessas iniciativas está revolucionando a educação ao preparar mais e mais pessoas para os desafios do presente e do futuro.
O Arnobio, da Sirius, cita uma frase que acho genial: “Toda revolução industrial precisa de uma revolução educacional”. Cristofolini, do Imersão Logística, também traz uma definição interessante para seu novo negócio: “A educação do mercado de logística não acompanhou a velocidade das entregas”.
Talvez seja a hora de aceitarmos o novo e aprender com aqueles que estão capitaneando esse novo momento.
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