Dois relatórios divulgados nesta quinta-feira (22) pelo Apple Censorship Project acusam a Apple de vender os direitos humanos em busca de lucro, enquanto coopera com a censura dos governos da China e da Rússia. Assim, em Hong Kong e na Rússia houve a censura de aplicativos.
"A retirada temporária da Apple da Rússia após o início da guerra na Ucrânia e a decisão da Apple de transferir parte de sua produção para fora da China não forneceram evidências tangíveis de qualquer melhora na situação da App Store até agora. Pelo que sabemos, a Apple ainda está disposta a colaborar com regimes repressivos", destacou Benjamin Ismail, diretor do projeto.
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Para se ter uma ideia, em novembro de 2022, a App Store em Hong Kong não contava com 2.370 aplicativos disponíveis em outros lugares. Entre os que desapareceram no local estão apps de VPN. Já na loja de aplicativos na China, o número de programas faltantes é 10.837 e 2.754 na Rússia.
Os relatórios "Apps at Risk: Apple's Censorship and Compromises in Hong Kong" e "United Apple: Apple's Censorship and Compromises in Russia" foram divulgados pelo projeto, administrado pelo GreatFire, grupo de defesa da liberdade de expressão.
A Apple é acusada de cooperar com os governos autoritários dos dois países.Fonte: Laurenz Heymann/Unsplash
Os documentos mostram as diferenças como as autoridades dos países aplicam as exigências de censura, mas a operação da Apple é semelhante. A empresa cumpriu, de 2018 a 2022, mais pedidos de Moscou, principalmente em relação a aplicativos LGBTQIA+, por causa da homofobia apoiada pelo governo.
Segundo Ismail, Google e Twitter são mais transparentes. Um relatório de abril mostra que "a Apple está mentindo em seus relatórios de Transparência e ocultando deliberadamente a escala da indisponibilidade do aplicativo e a realidade das 175 App Stores que opera em todo o mundo".
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