Nos últimos dias, o universo das criptomoedas virou do avesso com a dramática trama da FTX, a suposta grande corretora de tokens que pediu falência na última sexta-feira (11). Após rumores sugerindo que o fundador da moeda estar foragido, ele negou a fuga e, inclusive, deve continuar sendo monitorado pelas autoridades até a investigação ser finalizada.
A história começou com o fundador da FTX, Sam Bankman-Fried (SBF), nascido no Vale do Silício e formado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) — um currículo sólido para qualquer empresa de tecnologia. Em 2017, ele lançou a companhia de negociação de criptomoedas Alameda Research, mas foi após dois anos que sua equipe anunciou a plataforma de troca de criptomoedas FTX.
Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.
Assine já o The BRIEF, a newsletter diária que te deixa por dentro de tudo
Ascensão e queda da FTX
Segundo informações do Business Insider, apenas um ano após o lançamento da FTX, a empresa lucrou US$ 350 milhões, sem contar o lucro de US$ 1 bilhão da Alameda Research durante o mesmo período. Contudo, no momento mais meteórico de sua carreira, a fortuna de Bankman-Fried chegou a ser avaliada em US$ 26 bilhões.
A empresa obteve tantos holofotes que recebeu investimento de grandes nomes do mercado. Além disso, a FTX tinha uma relação próxima com Gisele Bündchen e o jogador Tom Brady, que investiram na companhia e fizeram comerciais para a marca nos Estados Unidos.
Os problemas começaram a aparecer no início de novembro, quando um relatório do CoinDesk apontou que o bilionário não estava contando toda a verdade sobre os valores mencionados. Apesar de serem duas empresas separadas, a maior parte dos ativos da Alameda estavam vinculados a moeda criada pela FTX, conhecida como FTX Token (FTT). Mesmo sendo estranho, o fato ocorrido não é tecnicamente ilegal, mas o relatório questionou a liquidez da FTX como um todo.
Segundo a Reuters, durante o início do ano, a FTX transferiu valores dos clientes para a Alameda sem avisar ninguém.Fonte: Reprodução
Poucos dias depois, o CEO da Binance, Changpeng Zhao, apelidado como CZ, retirou US$ 530 milhões em FTTs. Como um efeito dominó, os clientes começaram a liquidar seus ativos e sacaram US$ 6 bilhões em apenas três dias. Foi nesse momento que a companhia decidiu congelar os saques dos criptoativos, causando caos entre os investidores.
Durante toda a confusão, o valor da criptomoeda reduziu cerca de 32%, e até recuperou um pouco após a Binance anunciar que compraria a FTX. A oferta foi anunciada no dia 8 de novembro, contudo, no dia seguinte (9), ao analisar documentos da empresa, a gigante das criptomoedas comentou que não fecharia mais o negócio.
As a result of corporate due diligence, as well as the latest news reports regarding mishandled customer funds and alleged US agency investigations, we have decided that we will not pursue the potential acquisition of https://t.co/FQ3MIG381f.
— Binance (@binance) November 9, 2022
"Como resultado de due diligence corporativa, bem como as últimas notícias sobre fundos de clientes mal administrados e supostas investigações de agências dos EUA, decidimos que não buscaremos a potencial aquisição da FTX.com", revelou a companhia do CZ no Twitter.
A notícia da desistência somada aos outros problemas causou a redução do valor da FTT em 94%. Após tentar buscar apoio de outras companhias do mercado, como a Coinbase, Bankman-Fried renunciou do cargo de CEO e entrou com um pedido de falência.
13) Because at the end of the day, I was CEO, which means that *I* was responsible for making sure that things went well. *I*, ultimately, should have been on top of everything.
— SBF (@SBF_FTX) November 10, 2022
I clearly failed in that. I'm sorry.
“Porque no final das contas, eu era o CEO, o que significa que *eu* era responsável por garantir que as coisas corressem bem. *Eu*, em última análise, deveria estar no topo de tudo. Eu claramente falhei nisso. Eu sinto Muito”, disse SBF em um post no Twitter.
Mercado em queda
Desde então, a Força Policial das Bahamas, onde a empresa opera, abriu uma investigação por possível má conduta criminal. Enquanto isso, a exchange Kraken disse que congelou fundos associados com fraude e negligência da FTX e da Alameda Research — incluindo fundos de executivos da empresa.
“A Kraken conversou com a polícia sobre um punhado de contas de propriedade do falido FTX Group, Alameda Research e seus executivos. Essas contas foram congeladas para proteger seus credores. Outros clientes Kraken não são afetados. Kraken mantém reservas completas”, a corretora publicou em um tuíte.
De acordo com o CoinMarketCap, a novela causada pela FTX criou um efeito negativo que ajudou a reduzir 12% do valor total do mercado de criptomoedas — sem contar a queda de US$ 2 trilhões que o setor já havia sofrido alguns meses antes. Infelizmente, os especialistas ainda não sabem qual rumo a história vai seguir, mas eles acreditam que o evento pode criar um movimento de queda nos próximos meses.
Profissionais da companhia de finanças JPMorgan afirmam que os investidores devem estar preparados para um possível futuro negativo e cheio de quedas. De qualquer forma, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) abriu uma investigação contra a FTX e Bankman-Fried.
Como a FTX era considerada uma plataforma inovadora, o caso abalou o mercado e a confiança dos investidores. O futuro desse setor dependerá da estabilidade da confiança de todos que investem e dos órgãos reguladores, que podem tentar reduzir a liberdade das criptomoedas para evitar outras situações semelhantes.
Categorias