A Black Friday 2021 afastou fantasmas e mostrou o potencial de retomada do varejo. De acordo com dados da NielsenIQ | Ebit, houve alta de 19% no faturamento do e-commerce em novembro do ano passado, englobando todas as promoções da Black Friday espalhadas ao longo do mês. Agora, a expectativa é pela edição deste ano. Vemos negócios de todo o tipo se fazendo a mesma pergunta: estou pronto para a Black Friday?
A complexidade da Black Friday gira justamente em torno de um grande volume de compras em um curto espaço de tempo. Os pontos de atenção devem ser muitos para que tudo ocorra com tranquilidade. É importante lembrar que uma experiência negativa pode afastar novos clientes e resultar em perda de vendas.
A Adyen é uma empresa de tecnologia de pagamento com escritórios espalhados por 27 países e tem entre os clientes do Brasil empresas como Uber, iFood, Magazine Luiza e Via Varejo. "Costumamos dizer que processamos globalmente o correspondente a uma Black Friday por dia", diz Bruno Stemposki, VP de Engenharia da Adyen.
Por isso, perguntamos a ele quais são os principais princípios de arquitetura de sistemas a serem seguidos para garantir tal estabilidade. Confira abaixo a resposta.
Dividir para conquistar
Os servidores em nuvem são de grande ajuda em períodos de picos de venda, como a Black Friday e o Dia das Mães, por permitirem aumentar e diminuir o uso de forma automática de acordo com a necessidade. Ou seja, quando muitos clientes acessam e compram online, o e-commerce automaticamente aciona mais servidores para lidar com aquele pico. Mas de nada adianta contar com a tecnologia sem que haja uma boa estratégia de arquitetura por trás. Algumas escolhas técnicas, como o escalonamento horizontal, ainda aumentam os benefícios do uso dos servidores em nuvem.
Também é importante analisar como as informações de navegação dos consumidores estão sendo guardadas. O melhor é que esses dados não sejam armazenados em um servidor específico, e sim distribuídos em diferentes sistemas. Assim, se houver um problema com um servidor, não se corre o risco de perder todas as compras em andamento nesse servidor específico.
Estratégia para evitar gargalos
Imagine um sistema de engrenagens encadeadas. À primeira vista, o processo parece eficiente, certo? Mas, do ponto de vista de sistemas, ele é falho. Isso porque, se uma das engrenagens emperrar, o processo inteiro é interrompido.
O mesmo funciona para o e-commerce, principalmente em datas de pico de demanda. O melhor nesses casos é ter uma operação desacoplada que funcione com filas de processamento: quando uma termina, a outra começa. Se há um problema em uma das partes, as outras não são afetadas.
Vamos imaginar que um e-commerce tenha problemas com o processamento de pagamentos na Black Friday. Em um sistema organizado como as engrenagens, tudo pararia: os consumidores sequer conseguiriam fazer pedidos e o site poderia até sair do ar. Já no segundo modelo, a empresa conseguiria continuar a receber e guardar os pedidos, que entrariam em uma fila para serem processados depois que o consumidor concluísse a compra. Assim, a experiência de compra não seria prejudicada e a equipe de infraestrutura conseguiria resolver o problema sem precisar lidar com o caos de um eventual site fora do ar.
Monitorar, monitorar e monitorar
Nas semanas que antecedem a Black Friday, é normal que toda a operação do e-commerce passe por uma varredura. Mas nunca é demais reforçar a importância do monitoramento em tempo real. Pode parecer óbvio, mas, por mais que a equipe seja experiente e siga as melhores práticas, treino é treino, jogo é jogo. Só monitorando tudo de perto é possível fazer o ajuste fino e identificar problemas de performance, que podem ser causados por uma alteração recente na plataforma.
Nesse sentido, vale acompanhar os processos, a quantidade de transações recebidas, as etapas que estão com boa performance, o número de pedidos autorizados e de eventuais quedas. Imprevistos podem acontecer tanto dentro do sistema quanto com parceiros, e só fazendo do monitoramento também uma prioridade é possível resolver essas questões rapidamente.
Temos que lembrar que, para o consumidor, muitas vezes a experiência de compra se resume em sucesso ou frustração. Por isso, é preciso ter um plano de planejamento técnico para encarar a Black Friday. Afinal, depois de tanto trabalho de planejamento, não dá para perder vendas nem afastar clientes devido à instabilidade do sistema.
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