Após uma entrevista polêmica ao Financial Times na sexta-feira (7), em que propôs uma solução controversa para o perene conflito entre China e Taiwan, Elon Musk está recebendo manifestações naturalmente efusivas de um lado e iradas do outro. Raciocinando de uma forma mais mecânica que política, o bilionário disse acreditar em uma solução "razoavelmente palatável".
Curiosamente, a discussão ocorre poucos dias após o CEO da Tesla ter também proposto uma “solução” para o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Nos dois casos, o empresário sugere medidas simplistas: que Taiwan entregue seu território para a China e que a Crimeia fique sob o poder de Moscou.
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O aprendiz de diplomata disse que sua "recomendação seria encontrar uma zona administrativa especial para Taiwan que fosse razoavelmente palatável, e provavelmente não deixaria todos felizes". Talvez a felicidade aí se refira apenas a ele próprio, uma vez que a Tesla vem batendo sucessivos recordes na produção de carros em sua fábrica em Xangai.
A crise entre China e Taiwan
I would like to thank @elonmusk for his call for peace across the Taiwan Strait and his idea about establishing a special administrative zone for Taiwan. Actually, Peaceful reunification and One Country, Two Systems are our basic principles for resolving the Taiwan question... https://t.co/KYH1Gsu3Um
— Qin Gang ?? (@AmbQinGang) October 8, 2022
A crise entre China e Taiwan, que se intensificou em agosto passado, após a visita da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha "rebelde". O conflito entre os dois estados data de 1949, época em que o então líder da China, Chiang Kai-Shek, foi derrotado pela revolução comunista de Mao Tse-Tung, e se refugiou em Taiwan, a apenas 200 quilômetros do território chinês.
Como era de se esperar, o embaixador de Pequim nos EUA, Qin Gang, saudou a sugestão de Musk, dizendo que uma "reunificação pacífica" e o modelo "um país, dois sistemas", como o usado em Hong Kong, é o pretendido pela "China para resolver a questão de Taiwan".
Já o representante de Taiwan em Washington, Hsiao Bi-khim, lembrou ao bilionário americano que qualquer proposta sobre o futuro da ilha deve respeitar os desejos do seu povo. E concluiu: "Taiwan vende muitos produtos, mas nossa liberdade e democracia não estão à venda".
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