O Censo Escolar 2022 deu início à coleta de dados da primeira etapa, mas, depois de quase 1 ano do retorno às aulas presenciais, já é possível afirmar que as lacunas na aprendizagem do Ensino Básico são um desafio atual latente das escolas no Brasil.
Os dados do Censo de 2021 já vinham registrando esse cenário depois de avaliar o impacto da pandemia no Ensino Médio por meio de um teste, no qual os alunos de todo o país acertaram, em média, somente 27% das questões de Matemática e metade das questões de Língua Portuguesa.O estudo demonstrou ainda que a taxa de abandono escolar após a pandemia subiu mais de 2% somente na Região Sudeste, incluindo Minas Gerais.
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Quando falamos desses dados, acima de tudo, estamos olhando para pessoas e não somente números. São vidas que foram particularmente impactadas diretamente por essa “avalanche” do coronavírus e que, agora, precisam de suporte para retomar suas atividades e seu desenvolvimento.
O processo de recuperação da aprendizagem será longo e demandará um trabalho constante por parte dos professores e mantenedores de escolas; para serem efetivas, as soluções não podem considerar que todos os alunos de cada nível tiveram a mesma defasagem, já que há a realidade e particularidade de cada um.
Somado a isso, o Ensino Médio também está lidando com a implementação de uma reforma que já seria desafiadora por si só, mas que, agora, precisa ainda considerar essa defasagem de aprendizado.
Cuidar disso, nesse momento, é a forma mais eficaz para reduzir os impactos nos próximos anos, que trarão, ainda, mudanças e atualizações do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
Já é possível ver a insegurança dos alunos em relação aos próximos passos da vida deles quando observamos que 2021 teve o menor número de inscritos nesse exame desde 2005, seguido de 2022, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Para que tudo isso possa fluir, é fundamental que os profissionais da Educação estejam preparados com planejamentos, estrutura e recursos certos para agir. O docente, que também esteve em isolamento social nos últimos anos, não deve trabalhar sozinho nessa árdua missão; por isso, o sistema de ensino escolhido para acompanhá-lo será determinante nesse processo.
Para isso acontecer, além de buscar parceiros que ofereçam materiais pedagógicos atualizados, planejamentos integrados e flexíveis à realidade, bem como plataformas mais completas, é fundamental que as escolas procurem consultores especializados e dedicados que comprovem, com números, a eficácia de suas soluções.
O primeiro passo para se resolver o problema é identificá-lo e, portanto, as avaliações diagnósticas com os alunos de todas as séries ajudarão os professores a entender onde estão as lacunas de cada aluno referente aos anos anteriores.
E por que não aplicar essa avaliação via plataformas digitais que possam gerar relatórios? Além de agilizar o processo de avaliação, o docente recebe em mãos informações de cada componente curricular e área de maior dificuldade para aquela turma e cada estudante.
Mas os benefícios de adotarmos a tecnologia no ambiente educacional não param por aí e passam tanto pela possibilidade de integrarmos os nossos planejamentos e adaptarmos conteúdos pedagógicos prontos às propostas específicas de cada escola quanto de agregarmos novas dinâmicas de ensino, a exemplo das metodologias ativas e inúmeras vivências envolvendo a cultura digital e incentivando a autonomia e o protagonismo de estudantes.
Ao colocarmos o aluno para estudar ou ser avaliado por meio de um ambiente digital, além de garantirmos um maior engajamento, já que está familiarizado com o modelo, ele realiza atividades destinadas exclusivamente para o seu desenvolvimento.
Assim, o professor recebe um diagnóstico avaliativo com números e indicadores de erros e acertos, possibilitando um olhar mais preciso sobre a necessidade de aprimoramento de cada estudante.
Estudos da base de dados do SAS Plataforma de Educação comprovam que o estudante que realiza um terço das atividades do ano na plataforma gameficada da empresa tem um crescimento de 18,5% em seu desempenho na escola.
Os desafios na educação básica no Brasil foram agravados com a pandemia.Fonte: Gettyimage
O uso de livros digitais, listas de exercícios online, videoaulas, trilhas de conteúdo, tudo pode virar fonte de dados para executar planos de ação para a recuperação das lacunas de aprendizagem.
As ferramentas podem gerar o que chamamos de dados diretos – o que acertou, errou, em qual componente curricular – ou indiretos – se usou a ferramenta, quais foram os conteúdos que acessou, o quanto interagiu com a plataforma.
Para o Ensino Médio, fase que aproxima o aluno de uma tomada de decisão importante em relação ao futuro, os simulados também são fontes ricas de dados para avaliar desempenho e direcionar os assuntos que são mais exaltados em vestibulares e exames nacionais.
Vale pontuar que os dados também contribuem para a própria construção dos simulados, pois, ao avaliarmos o percentual que cada disciplina representa no exame oficial, é possível desenvolver testes mais fidedignos ao oficial.
Ainda que estivéssemos caminhando, antes da pandemia, para o que seria a “escola do século 21”, ou Educação 5.0, de uma hora para outra a lousa se tornou a tela do computador, o barulho da sala passou a depender de microfones ligados e a conexão entre aluno e professor se tornou mais distante.
Se, por um lado, isso prejudicou o desempenho dos estudantes; por outro, começamos a olhar mais para a tecnologia como aliada na educação, tendo que nos reinventar para manter o engajamento na aula.
Olhando para os nossos desafios atuais, podemos usar a nosso favor o poder dessa adaptação para inovar — e aqui estou falando tanto de soluções tecnológicas quanto da mudança no olhar para o que fazíamos antes, sem necessariamente precisarmos de transformações drásticas. Para além da pandemia, os alunos já estão acostumados com a tecnologia em seu dia a dia com o uso constante de diversos dispositivos.
Na paralela, a tecnologia é hoje uma ferramenta fundamental para todos, e os dados já foram chamados de “o novo petróleo” (não à toa). Quando bem utilizados, dados podem ajudar a impulsionar o desenvolvimento de novas soluções e produtos, aproximar mais a empresa de seu público, gerando mais engajamento com uma comunicação personalizada e focada nas reais necessidades dos envolvidos — no caso das escolas, com foco no aluno, identificar oportunidades e sanar pontos de melhoria.
Sabemos que os desafios da educação no Brasil passam não apenas pelas questões abordadas aqui, mas também pela adoção da tecnologia no ambiente escolar, que pode ser vista não como um obstáculo, frente a outros tantos com os quais já estamos lidando neste momento, mas sim como uma ferramenta para ajudar na superação destes potencializados pela pandemia, auxiliando na evolução do mercado de educação como um todo.
No fim, todos estamos em busca de um mesmo objetivo: desenvolver pessoas mais bem preparadas para lidar com os grandes desafios da vida e da sociedade e, sendo a educação básica o principal momento para tornar isso possível, não podemos deixar de aproveitar o que já foi feito em outros segmentos para melhorar o nosso trabalho e expandir os nossos resultados.
Vinicius Haidar, gerente de avaliações e pré-universitário no SAS Plataforma de Educação.