Apesar de ser uma tecnologia que completou 25 anos em 2021, a urna eletrônica ainda é alvo de polêmicas. Parte da população brasileira e dos políticos discursa contra o equipamento e sugere que ela não é seguro o suficiente para garantir a lisura do processo eleitoral.
Apesar de a urna precisar de revisões constantes e melhorias em alguns processos, assim como qualquer dispositivo, ela é um equipamento extremamente confiável. A cada eleição, a máquina passa por vários testes públicos de segurança que demonstram como ela pode garantir que a vontade de mais de 200 milhões de pessoas seja respeitada.
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Para explicar um pouco da história desse dispositivo, o TecMundo preparou um material contando a respeito de sua origem. Mas, então, quem o criou e como foi desenvolvido o aparelho de votação que garante a democracia brasileira? Confira neste texto!
Quem criou a urna eletrônica?
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão responsável pelas eleições brasileiras e pela urna, o 1º Código Eleitoral do país já mostrava um anseio das autoridades por votações em formato eletrônico. Falando acerca do voto secreto, o artigo 57 do Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, já previa o “uso das máquinas de votar, regulado oportunamente pelo Tribunal Superior [Eleitoral]”.
Porém, foi somente na década de 1990 que o projeto “andou” e se tornou mais concreto. Em 1995, o TSE montou uma comissão técnica formada por especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e também do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), entidades extremamente competentes. Para se ter uma ideia, o Inpe foi o responsável, por exemplo, pelo 1º satélite de Observação da Terra que é 100% brasileiro.
Parte da equipe que desenvolveu o projeto da primeira urna eletrônica do Brasil. (Foto: TSE/Reprodução)
O time que desenvolveria e lançaria a inovação era formado por desembargadores, juristas e engenheiros, entre eles Mauro Hashioka (INPE), Paulo Nakaya (INPE), Antonio Esio Salgado (INPE), Osvaldo Catsumi (CTA) e Miguel Adrian Carretero (INPE), que debateram a melhor forma de integrar a tecnologia ao sistema eleitoral.
A equipe qualificada contava ainda com Giuseppe Janino, que é coautor do projeto da primeira urna e ex-analista de sistemas do TSE, e com o ministro Carlos Velloso, presidente do TSE à época. Todos auxiliaram na criação do Coletor Eletrônico de Votos (CEV), que tinha como base a eliminação da intervenção humana no processo de apuração e a totalização dos votos.
O CEV priorizava a facilidade do transporte, a praticidade e, além disso, combinava uma tela, um teclado e uma unidade de central de processamento (CPU). Como poucas pessoas tinham computador, a máquina tinha um layout de telefone, com a mesma disposição das teclas, tudo para facilitar o entendimento dos brasileiros.
Quando a urna eletrônica foi utilizada pela 1ª vez?
Desenvolvido em 1995, o CEV foi utilizado pela 1ª vez em 1996. Como ainda estava em fase de testes e não tinha unidades para o Brasil todo, somente um terço do eleitorado utilizou o equipamento naquele ano.
Ao todo, mais de 32 milhões de brasileiros usaram pela 1ª vez um computador para registrar os votos, em substituição das cédulas de papel. Foram 57 cidades (incluindo as 26 capitais, menos Brasília, que não elege prefeitos) utilizando as cerca de 70 mil urnas que foram fabricadas.
Em 2000, foi realizado o 1º pleito 100% informatizado no país. Naquele ano, foi utilizada a urna eletrônica modelo UE2000, que, com variações e atualizações, é o modelo que se baseia no equipamento atual. Abaixo, veja uma galeria com as fotos de versões da urna eletrônica que integram o acervo do memorial do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS).
Por que o TSE decidiu criar urnas eletrônicas?
O TSE decidiu trocar as votações de cédulas de papel pelas urnas eletrônicas por várias razões, entre elas a falta de segurança e as fraudes. Além disso, a votação em papel tinha uma apuração bastante lenta e com muitos erros humanos, já que a leitura dos votos era feita por pessoas.
“Eram eleições que não representavam a legitimidade do voto e a vontade do eleitor. Eleições feitas a bico de pena, com aproveitamento de votos em branco e outras fraudes”, afirmou o ex-ministro Velloso.
Antes das urnas, era comum ouvir histórias de eleições em que parte da população brasileira votava em celebridades como forma de protesto ou, simplesmente, como forma de tirar sarro do processo eleitoral. O papel também gerava problemas de acessibilidade para o povo, já que eleitores analfabetos ou deficientes visuais, por exemplo, eram praticamente excluídos do processo democrático.
Além da segurança, agilidade, confiabilidade e privacidade, a urna eletrônica realizou a inclusão dos brasileiros. Desde o modelo UE2000, a tecnologia oferece ativações como sinal sonoro, possibilidade de inserção de fones de ouvido, números em sistema braile (para cegos) e mais. A peça também é responsável, por exemplo, por uma diminuição de 82% no número de votos inválidos, segundo o TSE.
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