Não é novidade que o mercado de tecnologia está aquecido. Com a pandemia, segundo uma reportagem da CNN, a busca por profissionais da área cresceu 671% só em 2020. Não fosse suficiente o desafio de buscar pessoas que atendam às crescentes demandas no contexto do trabalho atual, olhar perfis apenas pela perspectiva técnica não garante o sucesso nessa corrida por talentos.
Hoje, as habilidades socioemocionais, também chamadas de soft skills, são "de ouro" e podem ter peso igual ou até maior do que as hard skills.
Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.
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No caso da DeÔnibus, por exemplo, dentre as competências necessárias no meio da tecnologia, destacam-se principalmente as relacionadas à habilidade de conhecer-se, relacionar-se e adaptar-se, o que vai além de máquinas e ferramentas em si. Algumas dessas habilidades estão descritas a seguir.
Autoconhecimento e autopercepção
Ponto-chave inicial. As experiências, como se vê o mundo e, principalmente, de que maneira se reage ao que acontece são fatores que guiam o modo de as pessoas se relacionarem e a saúde dessas relações, sejam profissionais, sejam afetivas, sejam familiares. Portanto, conhecer a si mesmo é um processo sem fim, em espiral e muitas vezes desconfortável, porém gratificante e engrandecedor.
Dessa forma, ter a consciência de crenças e limites, "gatilhos", como nomear e entender o que se está sentindo, habilidade de sintetizar experiências, buscar ferramentas, questionar, entender, ouvir percepções externas e alinhá-las com as necessidades próprias são ativos "de ouro".
Comunicação
A comunicação é uma dança que nunca se faz sozinha, pois é por meio da comunicação que as pessoas se relacionam com o entorno. Como a dança, a comunicação é o som, o movimento, o toque e o fio que mantém a conexão entre duas ou mais pessoas, mantendo o compasso.
Subestimamos a comunicação à simples troca de mensagens, muitas vezes desconexas, ou à fala pontual. Quando falo de comunicação, refiro-me à comunicação escrita, verbal e não verbal, à escuta ativa e genuína, ao uso da linguagem (e aqui não faço referência somente à gramática especificamente), a como sentimos, elaboramos e traduzimos isso.
O desenvolvimento da habilidade de se comunicar de forma clara e efetiva pode ser desafiador; por isso, dedicação, estudo e trocas por meio de feedbacks são necessários, pois, para saber se expressar, presença e intenção são exigidas.
Fonte: Shutterstock
Flexibilidade e adaptabilidade
A incerteza é a única certeza da vez. Hoje, é necessário o desapego e a habilidade de mudar de rumo sempre que necessário, adaptando-se a esse novo caminho, sejam mudanças ruins, como uma grande crise, sejam boas, como uma oportunidade que "bateu na porta" e não estava planejado. Talvez, isso seja identificado como base de uma cultura ágil, certo? Não à toa.
Aprendizado ativo e contínuo
A habilidade de identificar necessidades de aprendizado e se direcionar para aprender, assim como tirar aprendizados de vivências e experiências, é outra preciosidade. Essa competência permite ao indivíduo alimentar continuamente o próprio rol de referências, o que vai influenciar diretamente no dia a dia e nas tomadas de decisão.
Logo, é a habilidade que permite fazer as mesmas ações, mas de maneiras diferentes, ou algo novo, objetivando um resultado melhor. Talvez seja esse protagonismo em aprender que impulsione as demais soft skills. Será?
Inteligência emocional
Ter domínio da inteligência emocional, ou seja, da habilidade de identificar emoções e sentimentos, nomeá-los e agir, é uma competência muito importante, treinável e passível de ser desenvolvida. É importante ressaltar que não se trata de deixar de sentir ou evitar emoções desagradáveis, mas sim deixá-las vir, identificá-las, entendê-las e agir de maneira construtiva, com domínio das ações em prol do objetivo desejado.
Para além da parte interna, a inteligência emocional também aborda a tratativa com o outro, como empatizar com os demais e trabalhar para construir relações saudáveis e leves, considerando a complexidade das emoções conjuntas.
Entendo que não é fácil, principalmente em uma cultura de trabalho em que os colaboradores são educados a se desenvolverem mais tecnicamente do que emocionalmente, mas essas habilidades precisam ser incorporadas no cotidiano do trabalho, sobretudo em equipes de tecnologia.
Portanto, não se assuste ao tentar desenvolver essas competências: escolha uma soft skill que pareça mais amigável e comece por ela. Aliás, não precisa necessariamente ser alguma das listadas neste texto, busque o que faz sentido para seus desafios de vida e de carreira. Assim, ao longo do tempo, você vai incorporando aos poucos novas aptidões no seu repertório e se permitindo viver esse autodesenvolvimento.
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