A Amazon planejava utilizar um software de comunicação interno que foi programado para evitar que seus funcionários mandem mensagens contendo termos como “banheiro”, “aumento de salário”, “diversidade”, “vacina”, “salário digno”, “trabalho escravo” e outros. A programação do app sinalizaria e apagaria automaticamente as palavras.
A informação foi divulgada nesta segunda-feira (04) pelo site The Intercept, que teve acesso a documentos que comprovam a ideia da empresa de lançar o programa. A revelação surge logo após um grupo de funcionários de Nova York aprovar o primeiro sindicato de trabalhadores da empresa, decisão que a Amazon estava lutando contra.
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A ideia de criar uma rede de comunicação interna surgiu em uma reunião entre executivos importantes em novembro do ano passado. Eles queriam possibilitar que os trabalhadores pudessem avaliar os desempenhos uns dos outros em um sistema gamificado.
Além disso, a ideia dos diretores era promover o bem-estar dos funcionários e, com essa justificativa, o software teria todas as publicações monitoradas de maneira ativa. Por causa disso, o programa foi pensado para que tivesse um monitor automático de palavrões e outros termos bastante específicos.
“Com o texto livre, corremos o risco de as pessoas escreverem Shout-Outs [publicações onde os funcionários avaliam uns aos outros] que geram sentimentos negativos entre quem escreveu e quem recebeu [as mensagens]”, diz trecho do documento que fala sobre o objetivo do programa. “Queremos nos inclinar a ser restritivos no conteúdo que pode ser postado para evitar uma experiência negativa do associado”, acrescenta o arquivo.
Lista proibida
Além de possuir uma espécie de bot que verifica os termos “proibidos”, os gerentes também teriam a possibilidade de suprimir ou sinalizar manualmente um Shout-Out considerado inadequado.
Estavam entre as palavras banidas: "sindicato", "reclamação", "trabalho escravo", "aumento salarial", "compensação", "ética", "injusto", "escravo", "mestre", "compensação", "acessibilidade", "liberdade", "diversidade", "injustiça", "justiça", "demissão", "bullying", "estúpido", "petição", "comitê", "favoritismo", "banheiro" e "robôs".
Além dos termos, também estariam proibidas frases como: "isso é preocupante", "eu não me importo", "isso é idiota" e "eu odeio".
Outro lado
Barbara M. Agrait, porta-voz da Amazon, disse ao The Intercept que a empresa está sempre pensando em novas formas de ajudar os funcionários a interagirem entre si no ambiente de trabalho.
“Este programa em particular ainda não foi aprovado e pode mudar significativamente ou até mesmo nunca ser lançado”, afirmou a representante, sem negar que o software realmente foi planejado.
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