O serviço de entrega de restaurantes Uber Eats encerra as atividades no Brasil a partir desta terça-feira (8). Desde ontem, já não era mais possível pedir refeições por meio do aplicativo da companhia, encerrando um capítulo de cinco anos em território nacional.
O comunicado oficial ao público foi realizado em janeiro de 2022, dando tempo a consumidores e restaurantes de se adaptarem à saída do serviço. E agora, com a plataforma oficialmente deixando o país, é possível analisar com mais calma a situação do Uber Eats — desde a sua chegada no Brasil, há seis anos, até a decisão inesperada de sair desse mercado.
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O começo de tudo
Como serviço de caronas, o Uber estreou no Brasil em 2014. Apesar de criar toda uma nova categoria profissional de motoristas parceiros, a companhia enfrentou grande resistência no início das atividades, em especial contra taxistas e políticos que não receberam bem a chegada da plataforma.
Atualmente, são mais de 1 milhão de motoristas cadastrados e usuários mais frequentes já ultrapassaram mais de 5 mil viagens em sete anos de app.
Os dois apps chegaram no Brasil entre 2014 e 2016.Fonte: Uber
Já o Uber Eats estreou no Brasil em 13 de dezembro de 2016, ainda com a grafia UberEATS. O serviço chegou apenas como um aplicativo separado e já oferecendo descontos para o território nacional, mas com uma atuação inicial restrita a algumas regiões de São Paulo.
Aos poucos, a plataforma foi expandida para mais cidades e também ganhando novas funcionalidades, como retirar o pedido no restaurante e receber recomendações personalizadas com base no que é popular na região.
Por que acabou?
São duas as versões para o serviço ter sido descontinuado no país. Segundo a Uber, o motivo é uma reorganização estratégica para concentrar esforços em menos experiências, priorizando produtos de conveniência e mercados.
"Nosso principal objetivo daqui para frente será oferecer acesso à maior e melhor seleção de supermercados, lojas especializadas, pet shops, floriculturas, lojas de bebidas e outros artigos no aplicativo do Uber Eats. Tudo para que você possa ter ao seu alcance tudo o que precisar, com a melhor experiência possível, desde a escolha dos itens até a entrega", diz a companhia.
As entregas via Uber Eats serão substituídas por outros segmentos de delivery.Fonte: Uber
A Uber diz ainda que ofereceu suporte aos restaurantes parceiros durante o período de mudança, mas cabe a cada um deles escolher o que fazer a partir de agora — como migrar para outro app ou passar a oferecer delivery próprio.
Entretanto, há um segundo lado nessa história: a concorrência cada vez mais difícil em um espaço tão disputado como o nosso país, em especial contra o iFood. Fontes ouvidas pelo Brazil Journal no período do anúncio da saída do mercado nacional informaram que executivos da empresa no país consideravam o comportamento do rival "monopolista" e que as dificuldades de participar no segmento foram essenciais para a decisão.
Em conversa com o TecMundo em matéria anterior sobre o caso, o presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, lamentou a saída e se disse surpreso com a decisão, já que ela reduz a opção de plataformas ao consumidor.
Um estudo da PiniOn publicado em agosto de 2021 revelou que o iFood liderava com cerca de 75% do mercado, que era composto de mais de 250 apps de entrega entre plataformas de todos os tamanhos e localidades.
A competição acirrada já deixou concorrentes para trás no Brasil, como a Glovo, e a própria Uber já largou o mercado de delivery de comida na Índia pelo mesmo motivo.
Novos rumos
O fim do Uber Eats, entretanto, não significa que a empresa vai deixar todo o segmento de entregas no país ou focar somente no transporte de pessoas. Para começar, a companhia vai reforçar os serviços da Cornershop by Uber para realizar delivery de supermercados, atacadistas e lojas especializadas. A startup se destacou durante a pandemia como alternativa de compras remotas e foi adquirida em junho de 2021.
O principal substituto do Uber Eats.Fonte: Cornershop
Além disso, ela manteve a entrega de pacotes via Uber Flash e vai expandir os serviços do Uber Direct, uma modalidade para que lojas façam entregas no mesmo dia da compra para os clientes.
Quem é assinante do Uber Pass continua com o serviço operando normalmente. Já o app do Uber Eats pode continuar instalado no celular, porque vai concentrar as opções restantes de entrega.
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Fontes
