Dezembro é um mês que provoca reflexões e 2021 trouxe muitos desafios e aprendizados. A pandemia acelerou o processo de mudança e potencializou o que, até então, chamávamos de VUCA: Volatility (volatilidade), Uncertainty (incerteza), Complexity (complexidade) e Ambiguity (ambiguidade). Mudamos a forma como nos relacionamos e trabalhamos. Não é mais possível voltar ao que era antes. Precisamos aprender com tudo isso. O pior que pode acontecer é as empresas não aprenderem ou não se modificarem após essa pandemia.
Desde o início da pandemia, “o futuro do trabalho” vem sendo cada vez mais discutido, porém de qual “futuro” estamos falando? Como manter a produtividade no trabalho remoto? As empresas adotarão o trabalho híbrido (algumas vezes por semana em casa ou no escritório)? Como fica a cultura e os relacionamentos com o home office? A incerteza é uma das coisas mais difíceis para o ser humano gerenciar. Ainda não sabemos para onde estamos caminhando, se a pandemia está chegando ao fim ou se ainda teremos surpresas em 2022. Nessa fase, é muito comum surgirem diversos questionamentos no universo corporativo, porém gostaria de chamar atenção para um em especial: a importância da diversidade e inclusão para o crescimento das empresas em um cenário “futuro”.
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Em novembro, a Intel divulgou o estudo global “O Futuro da Inclusão em um Ambiente de Trabalho em Evolução” que mostra como líderes de negócios enxergam a inclusão no ambiente de trabalho e o que é necessário para chegar ainda mais longe. A pesquisa, encomendada pela companhia, contou com 3.136 líderes empresariais em 17 países — incluindo o Brasil — para ouvir uma perspectiva em primeira pessoa sobre Diversidade e Inclusão (D&I) hoje, o impacto que a pandemia de covid-19 teve no cumprimento de seus objetivos e de que forma planejam construir empresas inclusivas e diversas no futuro.
Globalmente, a pesquisa aponta que cerca de 63% dos participantes afirmam que a pandemia de covid-19 teve impacto positivo em D&I nas suas empresas. Porém, o caminho para o sucesso ainda apresenta algumas discrepâncias. Enquanto 64% dos participantes com metas estabelecidas de D&I afirmam querer atingi-la nos próximos dois anos, um terço deles não tem certeza se suas empresas estão preparadas para tal, sugerindo a necessidade de mais investimentos.
Já no Brasil, a pesquisa foi conduzida entre 203 tomadores de decisões empresariais ou influenciadores da Política de Diversidade, Equidade e Inclusão, em organizações que empregam mais de 100 pessoas, em todo o país. Dentre eles, metade (50%) diz que a pandemia teve um impacto positivo sobre D&I em sua organização, e 64% afirmam que garantir que suas iniciativas existentes sejam eficazes é uma das três principais prioridades da empresa nos próximos 12 meses.
[...] pessoas diversas trazem ideias diferentes, se complementam, geram maior resultado e inovação para as empresas.
Já mencionei nas colunas publicadas anteriormente o quanto acredito que pessoas diversas trazem ideias diferentes, se complementam, geram maior resultado e inovação para as empresas. 2020 e 2021 só ajudou a confirmar isso através da valorização de competências como resiliência, adaptabilidade, capacidade de trabalhar com equipes multidisciplinares, colaboração, mesmo que remota, e ser capaz de tomar decisões sob ambiguidade. Os líderes são cada vez mais valorizados pela empatia e capacidade de conexão com seu time, principalmente agora no modelo virtual, e também pela sua comunicação com o time, que deve ser cada vez mais eficaz e autêntica, com objetivo de esclarecer a estratégia da empresa e dar direcionamento para as equipes.
A pandemia nos trouxe um novo conceito de carreira, que é agora independente do local de trabalho, da cidade ou mesmo do país, o mais novo “anywhere office”, ou escritório em qualquer lugar. Esse conceito de carreira exige um mindset (conceito) global e com menos vieses inconscientes, abrindo espaço para uma maior diversidade, dado que não preciso mais contratar talentos exclusivamente de uma localidade. A tecnologia tem um papel fundamental nessa jornada, permitindo a transformação digital nas empresas, a redução de burocracias e a contratação virtual, muitas vezes “às cegas”.
Com a mudança do trabalho presencial para o remoto e o híbrido, o conceito de pertencimento vem para somar. Para isso, a liderança precisa dar o exemplo e criar um ambiente de confiança e diálogo constante, destacando o significado do trabalho de cada um. Empoderar o trabalho no seu dia a dia, encorajando o desempenho das suas atividades profissionais e compartilhar as decisões são fatores críticos para o sucesso do “futuro do trabalho”.
As empresas devem respeitar a diversidade e o talento de cada um como motores para um mercado de trabalho que espelha a sociedade plural em que vivemos. Para tanto, essa abertura de possibilidades de modelos de trabalho colabora e atrai maior inclusão e diversidade dentro do meio corporativo, além, é claro, da iniciativa de se criar um lugar que dê voz para os funcionários, construindo um espaço para todes.
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Telma Gircis é Líder de RH da Intel para América Latina e Canadá.