Facebook, Apple x Epic e mais: os escândalos de tecnologia em 2021

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Imagem: Meta

O ano de 2021 ficou marcado por grandes lançamentos no mundo da tecnologia, a continuidade da escassez de chips e o mercado novamente aquecido com o avanço da vacinação contra a covid-19 pelo mundo.

Entretanto, não faltaram escândalos e polêmicas envolvendo as principais empresas do mundo da tecnologia, de produtos fracassados até medidas contestáveis de executivos. A seguir, reunimos algumas delas, com várias provavelmente tendo repercussões em 2022.

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Essa lista deixou alguns acontecimentos de fora: não colocamos as múltiplas multas por práticas anticompetitivas de mercado aplicadas no ano, os perigosos desafios que podem levar à morte (já que elas aparecem em várias redes sociais), ou o escândalo do Pegasus — não citado por não estar relacionado com uma Big Tech em específico, apesar de grave, assim como a onda de ransomwares ao redor do mundo.

Facebook Files e Papers

Possivelmente o maior escândalo de 2021, o vazamento de documentos e pesquisas sobre Facebook e Instagram levou a diversas denúncias contra os serviços de Mark Zuckerberg. Séries de reportagens foram publicadas com base na análise dos arquivos, mostrando danos e práticas irregulares nas plataformas.

Haugen revelou a identidade em entrevista para o programa "60 Minutes".Haugen revelou a identidade em entrevista para o programa "60 Minutes".Fonte:  CBS 

A partir de delatoras como a ex-executiva Frances Haugen, ficamos sabendo que o Instagram de fato causa danos à autoestima de jovens, o Facebook impede mudanças para não perder engajamento, certos países são deixados de lado na moderação e celebridades possuem tratamento especial na rede.

Adam Mosseri, CEO do Instagram, já foi convocado para depor no Congresso dos EUA.Adam Mosseri, CEO do Instagram, já foi convocado para depor no Congresso dos EUA.Fonte:  PBS 

Não apenas para tentar mudar a imagem, a empresa mudou de nome para Meta e agora vai encarar diversas investigações de órgãos reguladores. Novos delatores podem aparecer com o tempo, o que só deve piorar a situação de um Zuckerberg cada vez mais pressionado a sair do cargo de CEO.

Apple x Epic Games: o veredito

O banimento de Fortnite da App Store e a abertura do processo da Epic Games contra a Apple e a Google aconteceu em 2020, mas foi neste ano que a disputa ganhou novos contornos.

O veredito do caso foi divulgado e não chegou a favorecer nenhum dos lados na totalidade: a maior parte das denúncias contra a Apple não foi acatada pela falta de provas sobre práticas anticompetitivas de mercado.  Por outro lado, a empresa da maçã foi obrigada a modificar algumas limitações do iOS e liberar ao menos a indicação de outras formas de pagamento que não envolvam o sistema da App Store.

A campanha "1984" da Epic Games contra a Apple.A campanha "1984" da Epic Games contra a Apple.Fonte:  Epic Games 

O problema é que essas medidas já foram suspensas, porque a Apple recorreu do resultado e conseguiu dar andamento ao processo sem precisar cumprir as obrigações. A Epic Games também vai entrar com uma apelação própria, o que deve expandir a briga por meses ou até mais de um ano.

Lei na Coreia do Sul

Seguindo o bonde da competição no mercado, Google e Apple podem ter problemas em 2022 por uma lei que foi aprovada este ano na Coreia do Sul. A legislação limita o poder das duas empresas em suas lojas digitais, a Google Play Store e a App Store.

A cobrança na App Store chega a 30% por transação.A cobrança na App Store chega a 30% por transação.Fonte:  Slashgear 

Segundo o projeto aprovado, desenvolvedoras com apps e serviços nas plataformas podem divulgar meios de pagamentos externos nas lojas, o que significa uma forma de burlar as taxas de pagamento nos sistemas — que pode chegar a 30%. A Google já fez alterações para se regularizar e mudanças similares já foram realizadas no Japão. Para evitar problemas em outros locais, é possível que as companhias mudem globalmente as regras.

Termos de uso do WhatsApp

Mais uma da Meta: no início de 2021, o WhatsApp anunciou mudanças nos termos de serviço com alterações que, entre outras novidades, aumentava a quantidade de dados coletados dos usuários em interações com contas comerciais.

Isso pegou mal, especialmente porque a companhia avisou que a aceitação era obrigatória — ou você teria o mensageiro limitado a ponto de não funcionar direito no seu dispositivo.

Os polêmicos termos do mensageiro.Os polêmicos termos do mensageiro.Fonte:  TecMundo 

Depois de muita pressão da comunidade, as novidades foram adiadas e a limitação foi eliminada. No fim das contas, as próprias mudanças de privacidade acabaram virando opcionais.

O escaneamento de fotos no iPhone

A ideia da Apple divulgada no início de agosto parecia boa e de ótima intenção: analisar fotos do iCoud para identificar abuso infantil e potenciais criminosos. Só que o plano tinha vários problemas e envolvia uso de inteligência artificial para analisar conteúdos armazenados dentro de contas de usuários inocentes.

O funcionamento do sistema do iCloud.O funcionamento do sistema do iCloud.Fonte:  Apple 

Mesmo após detalhar o sistema, a Maçã foi criticada pela comunidade e até por Edward Snowden, ex-operador da CIA e delator do caso de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA.

Um mês depois, a Apple adiou a tecnologia de análise de imagens para reformulação do projeto. Além disso, a empresa começou a apagar vestígios da existência do serviço em seu site, indicando que a ideia pode acabar sendo engavetada.

A limitação de instalação do Windows 11

O Windows 11 foi um dos destaques do ano, mas ele não escapou de uma polêmica. A lista de computadores aptos a instalar o sistema operacional em seu lançamento era relativamente curta, em especial por pré-requisitos relacionados aos processadores. Isso foi visto como uma tentativa de fazer usuários modernizarem máquinas antigas “na marra”, já que o Windows 10, em algum momento, será descontinuado.

A polêmica de incompatibilidade pelo app oficial da empresa.A polêmica de incompatibilidade pelo app oficial da empresa.Fonte:  Microsoft 

A Microsoft até indicou que é possível instalar “por fora” a plataforma, mas sem garantias de segurança e estabilidade, além de não receber todas as atualizações disponíveis. Por outro lado, fabricantes e a própria companhia estão correndo contra o tempo na tentativa de reduzir as limitações e ampliar a lista de PCs compatíveis.

Reversão da venda do Giphy

A situação na Meta anda mesmo complicada. A compra do serviço de busca e hospedagem de GIFs animados Giphy, oficializada no ano passado, agora pode ser revertida. Isso porque um órgão regulador do Reino Unido determinou que a companhia revenda a plataforma por práticas anticompetitivas de mercado.

A plataforma é a líder no mercado de busca e inserção de GIFs.A plataforma é a líder no mercado de busca e inserção de GIFs.Fonte:  Giphy 

Entre as irregularidades, há a acusação de que a Meta não colaborou com investigações e realizou manobras financeiras nas ações para desvalorizar o serviço, além de ser um potencial monopólio que pode prejudicar outras redes sociais.

Amazon Astro

Em setembro, a Amazon anunciou um robô de companhia para residências chamado Astro. Só que o assistente rapidamente virou alvo de denúncias de especialistas que chamaram o projeto de "terrível" e recomendaram que ele não fosse lançado tão cedo.

O simpático e polêmico Astro.O simpático e polêmico Astro.Fonte:  Amazon 

São muitos os problemas, inclusive de que o aparelho é frágil e tem mobilidade bastante limitada, não sendo indicado para assistência em casas. Além disso, há a questão de privacidade: por ter começado como um sistema de segurança, o Astro faz monitoramentos usando sistemas de reconhecimento facial e rastreamento, o que compromete a privacidade dos usuários.

Em defesa, a Amazon alega que os documentos vazados são imprecisos e datados, e que o Astro foi melhorado para chegar à versão atual, que será disponibilizada no mercado de maneira limitada.

Activision Blizzard

A gigante dos games Activision Blizzard também não tem motivos para comemorar o ano de 2021. Em julho, um processo aberto por um órgão público da Califórnia escancarou uma política de assédio, abuso, ambiente tóxico e desigualdade de tratamento e direitos na empresa. Segundo as denúncias, o ambiente da companhia permitiu décadas de casos, sem que a direção tomasse medidas, mesmo com reclamações aos setores responsáveis.

Com cada vez mais histórias sendo reveladas, a companhia inicialmente criticou o processo e negou qualquer irregularidade, chegando até a coagir funcionários  a não delatarem a marca. No entanto, a gigante dos games passou a colaborar com as autoridades quando a situação ficou mais crítica.

Projetos como Diablo IV e Overwatch 2 foram adiados por tempo indeterminado e diversos protestos, greves e passeatas começaram a ser realizados por funcionários.

Além da promessa de mudar a cultura da empresa, trocas significativas já foram realizadas, como a saída do presidente e de um dos co-CEOs. Agora, há pressão para que outro veterano da companhia, Bobby Kotick, deixe o cargo.

Elon Musk e a venda de criptomoedas

Foram muitas as polêmicas envolvendo o CEO da Tesla e da SpaceX, Elon Musk, mas nenhuma delas tem o impacto financeiro das mudanças promovidas pelo executivo em relação a diferentes criptomoedas.

Em tweets enigmáticos, Musk ajudou a impulsionar criptomoedas como a shiba inu e a Dogecoin, esta uma criptomoeda em que ele mesmo investe. Até por isso, o empresário foi acusado de, a partir de sua influência, gerar especulação no mercado para ampliar o valor dos ativos momentaneamente e vender suas próprias reservas.

Até mesmo as companhias chefiadas por ele estariam envolvidas. Em maio, a Tesla anunciou que deixaria de aceitar Bitcoin como forma de pagamento, o que gerou uma enorme desvalorização na moeda. Um mês depois, ele recuou da medida e gerou novo crescimento.

O grupo ativista Anonymous acusou o bilionário de "destruir vidas" com suas postagens, memes e falas sobre criptomoedas que podem beneficiar especuladores — incluindo ele mesmo.

A (quase) venda do TikTok

O governo de Donald Trump terminou oficialmente em janeiro de 2021 e, um mês depois, uma de suas ações foi desfeita pelo atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden: a obrigação da ByteDance de vender as operações norte-americanas ou ocidentais do TikTok.

Trump deixou o cargo em janeiro.Trump deixou o cargo em janeiro.Fonte:  Tia Dufour/White House 

A plataforma chinesa quase acabou nas mãos da Microsoft ou de um consórcio entre Oracle e Walmart, com o Twitter também sendo um dos interessados. Livre da proibição e da obrigação de ser vendida, a rede social disparou em tempo de uso ao redor do mundo.

Em setembro deste ano, o TikTok alcançou 1 bilhão de usuários ativos mensais globalmente. Com tanta gente na plataforma, as polêmicas e casos curiosos envolvendo o aplicativo são cada vez mais constantes.

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