O bem-sucedido leilão do 5G, realizado nos dias 4 e 5 de novembro, inaugurou uma nova etapa do setor de telecomunicações no Brasil. A nova tecnologia permitirá uma verdadeira revolução na forma em que o mundo opera hoje. A ultravelocidade, o baixo tempo de latência e a possibilidade de conectar um grande número de dispositivos servirão para que inúmeras soluções tornem o dia a dia das pessoas mais prático e eficiente.
Uma das maiores expectativas envolve o conceito de cidades inteligentes, que empregam a tecnologia para melhorar a vida de seus cidadãos e fomentar o crescimento econômico de forma sustentável.
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Imagine viver em um local em que os semáforos se ajustem ao fluxo de carro nas avenidas, melhorando o trânsito, um dos maiores tormentos dos grandes centros. Dessa forma, sensores de coleta de dados podem otimizar os serviços de recolhimento de lixo e consumo de energia elétrica, gerando impacto positivo na logística urbana e no meio ambiente. Esses são apenas alguns exemplos.
Contudo, já há muito que pode ser feito enquanto o 5G não começa a operar. Smart Cities também comportam aumento de eficiência no atendimento aos cidadãos, com processos e fluxos de trabalho mais ágeis e conectados. Nesse sentido, o Ranking de Serviços de Cidades Inteligentes, elaborado pela Conexis Brasil Digital e pela Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel), avalia, entre os 100 maiores municípios brasileiros em população, aqueles que estão ofertando serviços considerados inteligentes ao cidadão, utilizando os meios digitais.
São considerados serviços utilizados diretamente pelo cidadão nas áreas de mobilidade urbana, e-gov, saúde, educação e meio ambiente. Uberlândia foi a primeira colocada no ranking geral, seguida por Campo Grande, a capital mais bem avaliada. Fortaleza, Santo André e Belo Horizonte aparecem na sequência; ao lado oposto, Teresina figura na 98ª colocação, a capital com a pior avaliação.
As cidades que não têm serviços inteligentes precisam se modernizar e ter leis e processos que favoreçam a conectividade. Um dos fatores mais importantes se refere à facilidade para instalação de antenas. Em alguns locais, o procedimento pode levar meses até que haja a autorização, e muitos pedidos ficam parados nas prefeituras, atrasando a digitalização das regiões.
Fonte: Shutterstock
Há outro ranking elaborado pela Conexis que elege as cidades amigas da internet, que são justamente aquelas que têm leis atualizadas e com menos burocracia nos processos de licenciamento para a instalação de antenas e infraestrutura de telecomunicações. Novamente Uberlândia se destacou no último ano e acumulou a primeira colocação, seguida por São José dos Campos e Porto Alegre, Curitiba e Cascavel.
A iminente chegada do 5G torna a questão ainda mais importante, visto que a tecnologia requer uma quantidade de antenas até 10 vezes maior do que o 4G. A nova geração de transmissão de dados tem o potencial de alavancar de forma exponencial a qualidade da prestação de serviços nas cidades. Houve um esforço muito grande das empresas, do Ministério da Comunicação, da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do Tribunal de Contas da União (TCU) para que o leilão de frequência permitisse altos investimentos em conectividade.
Chegou o momento, portanto, de os municípios fazerem a sua parte. Há uma minuta de lei padrão à disposição das cidades para facilitar a aderência das leis municipais à Lei Geral de Antenas e permitir a instalação célere da infraestrutura. O edital do 5G prevê sua chegada nas capitais até julho de 2022; contudo, apenas 7 delas têm hoje as regras adequadas para isso. Cidades inteligentes combinam com agilidade, e não com burocracia.
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Marcos Ferrari é presidente executivo da Conexis Brasil Digital
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