Desde sua última grande queda, em março do ano passado, o Bitcoin (BTC) valorizou-se em um total de 1.670%. Outras criptomoedas alternativas, conhecidas como altcoins, acompanharam o movimento de alta com grande assimetria, como é o caso da Ethereum (ETH) e Cardano (ADA), que tiveram saltos em seu preço de 5.200% e 17.000%, respectivamente, no mesmo período.
Em contraste, por exemplo, é possível citar o movimento de "apenas" 67% do índice Ibovespa (IBOV), que reúne as principais ações do mercado brasileiro. Veja o comparativo no gráfico abaixo:
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Comparativo entre o crescimento da IBOV (em verde), BTC (em laranja), ETH (em azul) e ADA (em amarelo), dentro de um ano. (Fonte: TecMundo, Adriano Camacho)Fonte: TecMundo, Adriano Camacho
Naturalmente, a valorização explosiva das criptomoedas chamou a atenção de investidores de todo o mundo e tornou-se uma espécie "de febre" nos últimos meses. No Brasil, conforme apontam os dados da corretora norte-americana Passfolio, houve um aumento de 1.082% nos investimentos desse mercado apenas entre outubro de 2020 e setembro de 2021.
Os perigos de um mercado crescente
Porém, as promissoras margens de lucro das principais criptomoedas, como o Bitcoin e o Ethereum, não parecem ser suficientes para alguns investidores. É nesse contexto que nasceram as "shitcoins", um termo que pode ser traduzido livremente como "moedas-porcaria", referindo-se a projetos que prometem grandes margens de lucro, mas não oferecem os fundamentos necessários para tal.
Nem sempre uma shitcoin é facilmente identificável e, em alguns casos, pode até possuir uma equipe eficiente de marketing, que consegue atrair investidores em grandes números. Todavia, um dos principais incentivos para a adoção dessas moedas é o baixíssimo preço de negociação, sugerindo a ideia de um falso potencial de crescimento explosivo, como ocorre em ativos bem-fundamentados. Logo, como "separar o joio do trigo"?
Como identificar e evitar uma shitcoin
1. Procure pelos documentos oficiais do projeto
Para avaliar a integridade e procedência de uma criptomoeda, basta procurar pela sua documentação oficial, também conhecida como whitepaper. Tradicionalmente, a tecnologia por trás desses ativos digitais busca oferecer um serviço ou função para os investidores de maneira segura, transparente e confiável — desse modo, é natural que essas características se reflitam no decorrer de seu texto-base.
Fragmento do whitepaper do Bitcoin. (Fonte: Bitcoin.org / Reprodução)Fonte: Bitcoin.org
Diferente das moedas bem-fundamentadas, a documentação das shitcoins pode ser vaga, inconsistente, inteiramente copiada e até mesmo possuir erros grosseiros de digitação, revelando pouco cuidado por parte dos desenvolvedores.
Geralmente, é possível encontrar essa documentação direto no site do projeto ou no site CoinMarketCap, que agrega as principais informações da maioria das criptomoedas no mercado.
2. Conheça a equipe de desenvolvedores
Assim como no mercado tradicional com as empresas, os investidores devem conhecer os responsáveis pelos projetos que participam. A anonimidade de uma equipe de desenvolvimento costuma ser um sinal negativo tratando-se de confiança, especialmente no caso de criptomoedas pequenas.
Charles Hoskinson, fundador da Cardano. (Fonte: Kriptokoin / Reprodução)Fonte: Kriptokoin
Dessa maneira, o aparecimento em público de representantes do projeto costuma promover mais segurança para os investidores, com boa comunicação entre ambas as partes. Um bom exemplo disso é a Cardano (ADA), internacionalmente representada pelo seu carismático fundador, Charles Hoskinson.
3. Verifique os fatores técnicos e fundamentalistas do ativo
Após conferir a documentação e a equipe responsável pelo projeto, é hora de verificar as funcionalidades e objetivos da criptomoeda, sua atual Capitalização de Mercado, Volume de Negociações e número de holders. Apesar de parecer muito complexo, essa possivelmente é a etapa mais intuitiva.
A maioria das corretoras costuma apresentar um pequeno resumo sobre as criptomoedas disponíveis em sua plataforma de negociação, como é o caso Binance. Todavia, visando ilustrar de maneira simplificada, será utilizada a plataforma CoinMarketCap e a moeda-meme "do momento", Shiba Inu.
Página dá criptomoeda "Shiba Inu", no CoinMarketCap. (Fonte: CoinMarketCap / Reprodução)Fonte: CoinMarketCap
Na parte à esquerda da imagem acima, é possível conferir todos os dados fundamentalistas disponíveis sobre a criptomoeda Shiba Inu. Na direita, pode-se verificar os atuais aspectos técnicos de sua negociação. Nota-se que há um bom volume de negociações diárias, porém a oferta total de moedas, cerca de 589 trilhões, negociadas por US$ 0,00007136, se sobressai entre os demais dados. Complementando, também ressalta-se sua Capitalização de Mercado, em torno de US$ 40 bilhões.
Em conjunto, essas informações sinalizam que para atingir o patamar dos US$ 1, a Shiba Inu precisará de quase US$ 1 quatrilhão de Capitalização de Mercado, conforme explica o CEO da Fintech Broctagon, Don Guo. O número é um pouco menor do que a soma de todo o dinheiro em circulação e negociação no mundo inteiro, estimada em US$ 1,3 quatrilhões.
4. Faça sua própria pesquisa
Com essa rápida avaliação, fica claro que embora a Shiba Inu tenha altas sazonais expressivas, seu preço rapidamente perderá valor frente a outros projetos mais bem-fundamentados, como o Bitcoin. Portanto, em resumo, busque ativos digitais que possuam valores fundamentalistas claros e que cumpram uma função com segurança, confiabilidade e transparência.
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