Depois de muita especulação, o Facebook revelou nesta quinta-feira (28), durante evento online, que mudou de nome. A gigante da tecnologia e uma das marcas mais valiosas do mundo agora se chama Meta. Mas o que há por trás desta mudança?
O primeiro ponto que é importante esclarecer é que quem mudou de nome foi a holding, ou seja, a chamada empresa-mãe. A atual Meta é dona de marcas (produtos e serviços) como Instagram, WhatsApp, Oculus Quest e até da própria rede social homônima do nome antigo.
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Também chamados de conglomerados ou grupos empresariais, essas empresas maiores são proprietárias e controlam várias subsidiárias. No Brasil, um exemplo é a BRF, cuja alcunha pode parecer estranha para muita gente, mas fica mais reconhecível ao explicar que ela é dona das marcas Perdigão, Sadia, Qualy e várias outras.
A BRF é uma das principais companhias do ramo de alimentos do mundo.
A holding das marcas Google, por exemplo, se chama Alphabet Inc., que também é dona de companhias como a Calico, Nest Labs (que posteriormente virou Google Nest) e do próprio buscador mais famoso da internet.
O discurso oficial
Oficialmente, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, justificou a alteração no nome dizendo que a antiga designação marcava um período da empresa que ficou para trás. Por causa disso, a alteração acabou sendo um processo natural para supostamente “olhar para o futuro”.
Esse futuro é o metaverso, um conceito complexo que indica a interação de experiências entre o mundo real e o mundo virtual. A ideia da Meta é permitir que as pessoas tenham vários tipos de experiências (no trabalho, jogando, se divertindo, estudando, malhando) a partir de Realidade Virtual (VR, em inglês) e Realidade Aumentada (AR).
“E se este é o futuro que você quer ver, espero que se junte a nós, porque o futuro vai estar além de qualquer coisa que possamos imaginar”, chegou a dizer Zuckerberg no final do evento.
“A palavra 'Meta' vem da palavra grega que significa 'além'. Para mim, simboliza que sempre há algo a mais para construir. Há sempre um novo capítulo para uma história. Para nós, é uma história que começou em um dormitório e cresceu além de tudo o que podíamos imaginar”, argumentou o “chefão” da empresa.
O que realmente está por trás da mudança?
Como citado anteriormente, o Google pode ser justamente um bom ponto de partida para entender o abandono da terminologia Facebook para a holding (já que a rede social continuará com esse nome).
Pode-se dizer que literalmente bilhões de pessoas que acessam a internet diariamente no mundo conhecem o termo Google, principalmente o buscador, e seus “produtos-irmãos” como o YouTube e Android. E a pergunta que fica é: quem conhece a Alphabet?
O site Business Insider levantou esse ponto em 2016, assim que a holding, até então chamada Google, resolveu se transformar em Alphabet. Na época, o veículo fez uma comparação do volume de buscas entre os dois termos, mostrando que o interesse na nova designação da holding era simplesmente ínfimo quando comparado com o nome dos produtos ou serviços associados ao Google.
O interesse pela holding Alphabet é praticamente nulo comparado ao interesse pelo Google.
A matéria lembra que a mudança resultou em um incrível benefício para todas as empresas do grupo: a desassociação entre a imagem da holding e seus produtos/serviços. Todo mundo liga para o que acontece com o Google, e não com o que a Alphabet está fazendo, incluindo seus projetos polêmicos com drones e a colaboração com o Exército dos Estados Unidos.
O rebranding pode resolver a situação?
Exatamente como a Alphabet em 2016, a Meta parece estar tentando em 2021 sair do foco dos problemas. São dezenas as acusações que a holding — até então chamada de Facebook — sofreu nos últimos anos, indo de acusações de vazamentos de dados, monopólio e até prejuízos à democracia e à saúde mental de adolescentes com as suas redes sociais (principalmente o Instagram).
Camila Husch, designer visual, explica que esse processo é conhecido no mundo do marketing como rebranding. “Na essência, o rebranding não serve apenas para limpar a imagem, e sim para posicionar melhor a empresa de acordo com sua estratégia. Nesse caso, o rebranding não é apenas uma 'maquiagem', ou uma mudança apenas visual, e sim uma mudança estratégica. Claro, se a estratégia da empresa é melhorar sua imagem perante o mercado, o rebranding vai refletir isso”, pontua Husch.
A especialista ressalta que quanto maior a mudança interna que um empreendimento deseja fazer, maior a necessidade de um rebranding. “Isso porque muitas vezes a intenção é atingir novos públicos, lançar um novo produto que já está muito distante do produto inicial do negócio, ou até mesmo se posicionar de uma nova forma devido à concorrência”.
Como no caso da holding ex-Facebook parece que a alteração tenta deixar a Meta “abaixo do radar”, é possível imaginar que todo o processo será benéfico? Husch não dá essa garantia.
“Como o Facebook vem sendo associado a muitas polêmicas por alguns anos, e tem esse marco como uma rede social de grande impacto inovador no mercado, é difícil desvincular uma coisa da outra. Nesse ponto, não acredito que seja possível recuperar totalmente a imagem do Facebook como rede social”, finaliza a designer.
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