Muitos têm me perguntado sobre como ficam os investimentos em startups no meio das turbulências que nossa economia está passando. É claro que não estamos em um bom momento… longe disso. Falta muito ainda para o Brasil ser um exemplo de ambiente propício para o empreendedorismo e para o surgimento da inovação em larga escala. Mas muita coisa boa tem acontecido e não só temos que reconhecer, como temos que celebrar.
Sobre os questionamentos que tenho recebido, quero compartilhar que o mercado continua com liquidez para os ecossistemas de inovação. Não só as empresas estão muito animadas com a modalidade de inovação aberta, como também há muito investimento disponível de fundos de investimento e de pessoas físicas, como o BR Angel, que é o que eu, particularmente, faço parte.
Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.
Assine já o The BRIEF, a newsletter diária que te deixa por dentro de tudo
Independentemente da instabilidade econômica, entendo que as startups precisam manter o foco de suas soluções em inovar para resolver problemas de negócio das empresas ou do cotidiano das pessoas e consumidores.
Às vezes temos o hábito de encontrar no mundo externo as desculpas pelo nosso insucesso. “Ah, não consegui investimento porque estamos no meio da pandemia ou porque o mercado não está bom.”. Não é bem assim.
Se você conhece bem o mercado em que sua inovação está inserida — e tem certeza de que ela fará a diferença — ou tem um produto/modelo de negócio inédito, não se deixe influenciar pelos fatores externos.
Tenha a certeza de que se a sua inovação consegue resolver um problema, você encontrará o caminho. Se, por acaso, já ouviu alguns “nãos”, tire dessas experiências as informações que precisa para melhorar e aprimorar sua inovação. Também é preciso ser rápido e flexível caso alguma mudança seja necessária.
A vida de um empreendedor é cheia de desafios. No Brasil, então, nem se fala. Nosso passado recente é cheio de crises doloridas. Uma delas, acredito que a maioria dos empreendedores de hoje nunca sentiu na pele: a inflação.
O Brasil acabou com a hiperinflação em 1994. O termo startup nem existia. De lá para cá, várias gerações ingressaram no mercado de trabalho sem se preocupar com ela. Mas a vida é assim, cíclica, e temos que tirar sempre a melhor experiência em cada fase vivida.
****
Vittorio Danesi é empreendedor e executivo do mercado brasileiro de tecnologia há quase 35 anos, CEO da Simpress, que foi comprada pela HP, embora continue operando de forma independente. Recentemente, junto de outros empresários, criou o grupo BR Angels, que reúne executivos que investem em startups.