Desde a manhã de terça-feira (23), um incidente aparentemente banal pode estar colocando em risco o funcionamento de grande parte do comércio mundial: depois que o navio porta-contêineres Ever Given encalhou por uma falha técnica e bloqueou a passagem do canal de Suez, no Egito, foi interrompido o fluxo de 12% dos embarques para consumidores do mundo inteiro, com consequências imprevisíveis.
Como até o momento todas as tentativas de mover o meganavio falharam, ele continua bloqueando a passagem de cerca de 50 navios que por ali trafegam diariamente. A americana NBC News entrevistou nesta quinta-feira (25) diversos especialistas em logística que expressaram o temor de que o impasse possa gerar um efeito-cascata nas indústrias ao redor do mundo.
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A extensão desses danos irá depender, naturalmente, da velocidade com que o navio for removido do caminho. O especialista dinamarquês Lars Jensen afirmou à emissora que “basicamente, tudo o que você vê nas lojas” poderá ser afetado. Isso significa desde alimentos, móveis e roupas até itens como componentes eletrônicos, equipamentos de ginástica e peças para veículos.
Petróleo e processadores
Falando à NBC especificamente sobre combustíveis, David Fyfe, economista-chefe da empresa de pesquisa de mercado Argus Media, destacou que o volume de petróleo bruto, óleo refinado e gás liquefeito que passa pelo canal representa entre 5 e 10% de todos os embarques globais.
Finalmente, a situação do navio de carga do Canal de Suez pode também causar impacto na indústria eletrônica, já afetada por uma escassez de peças para processadores. Embora algumas empresas do Ocidente estejam fabricando seus próprios chips, a falta de componentes pode adiar a produção de smartphones.
O Vessel Finder, popular aplicativo rastreador de navios, mostra que o Ever Given não tem velocidade no momento. No entanto, o meganavio está sendo aos poucos empurrado para mais perto de uma das margens do canal, É possível que em breve ele possa ser puxado para uma posição que permita a retomada do tráfego marítimo.