Na tarde de quinta-feira (28), a SpaceX estava preparando o lançamento do voo de testes de sua nave espacial, preparada para viagens de passageiros e carga para a órbita da Terra e Marte, quando o ensaio teve que ser abortado porque a Federal Aviation Administration (FAA) não deu sua aprovação final para a decolagem.
Com um CEO (Elon Musk) enfurecido, a equipe tentou novamente, na sexta-feira (29), realizar o teste planejado: os residentes da vila de Boca Chica foram evacuados, a polícia local limpou as praias e fechou estradas, o protótipo de foguete da nave estelar foi convenientemente preparado. Mas, novamente, a FAA negou a aprovação.
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Logicamente, o que se seguiu foi um “barraco” no sul do Texas, sem que ninguém soubesse ao certo por que a aprovação final não veio. A FAA soltou uma declaração genérica, dizendo estar trabalhando com a SpaceX “para resolver problemas de segurança pendentes”.
Citando uma fonte familiarizada com esse tipo de discussão, o jornalista Jeff Foust, da SpaceNews, afirmou que a FAA solicitou informações adicionais sobre a versão SN9 da nave estelar. Segundo Foust, no início da semana passada, o administrador da FAA Wayne Monteith havia dado uma declaração, dizendo entender a ânsia das startups do espaço em testar foguetes, e colocando sua linha direta à disposição em caso de problemas de comunicação.
O que pode ter acontecido entre a SpaceX e a FAA?
Fonte: Loren Elliott / Getty Images/ReproduçãoFonte: Loren Elliott/Getty Images
Seja o que for que tenha acontecido, é bom deixar claro que a última palavra em licenciamento de voos comerciais de empresas norte-americanas é da FAA. A agência reguladora se preocupa unicamente em proteger vidas e propriedades nas áreas próximas ao local do lançamento, bem como o espaço aéreo acima.
Isso significa que, para cada lançamento de veículo experimental Starship, a empresa precisa convencer a FAA de que seu veículo está apto a voar “sem comprometer a saúde pública e a integridade e segurança da propriedade”. Ou seja, a FAA somente atrasaria um teste de voo se houvesse algo preocupante em relação à segurança pública.
Se esse foi o caso, a FAA, ainda que tenha anunciado o bloqueio do espaço aéreo, notificou a empresa por escrito indicando as razões para a proibição. Mas o requerente tem o direito de esclarecer as razões apresentadas e solicitar uma reconsideração, o que pode estar acontecendo neste final de semana.
Como essa troca de correspondências entre FAA e a empresa aeroespacial não é tornada pública, é difícil saber os reais motivos da proibição. Especula-se que alguma coisa ocorrida durante o teste anterior, o voo SN8 (normalmente aprovado pela FAA), possa ter revelado algum problema significativo que determinou uma inspeção extra no SN9.
O que acontece em seguida?
Starship SN9 & SN10 pic.twitter.com/urtPJn7amo
— Elon Musk (@elonmusk) January 29, 2021
O site The Verge publicou no sábado (30) que um informante da FAA revelou que o lançamento da Starship SN8 havia violado os termos da licença de testes da agência reguladora para a SpaceX, o que determinou uma investigação oficial. A fonte não disse, no entanto, o que a empresa teria feito de errado.
Se a Space X já sabia das restrições da FAA, e tentou “forçar a barra”, já carregando os componentes do propelente líquido (oxigênio, hidrogênio etc.), isso provavelmente não sensibilizou o bem conceituado Wayne Monteith que, por sua vez, não tem o menor interesse em dificultar as atividades espaciais comerciais do país.
Uma pista de como as negociações entre a SpaceX e a FAA estão se desenvolvendo pode ser vista no site da primeira, que anuncia “já na segunda-feira, 1º de fevereiro [...] um teste de voo em alta altitude do número de série 9 (SN9)”. Enquanto a mensagem era publicado, os protótipos SN9 e SN10 foram levados para a área de lançamento na sexta-feira (29).
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