Há um tempo, recebemos notícias sobre a adoção do yuan ou renminbi digital, moeda emitida pelo banco central chinês, inclusive com a apresentação de um cartão "inovador" que demonstra as transações feitas com essa moeda.
Recentemente, foi divulgado que parte dos funcionários públicos chineses já recebem os seus salários em e-RMB e as autoridades chinesas têm distribuído essa moeda para a população por meio de sorteios.
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A e-RMB é a versão chinesa da Central Bank Digital Currency (CBDC), moeda digital emitida pelos bancos centrais que, embora nos remeta às conhecidas criptomoedas, como a Bitcoin, diferencia-se por ser emitida pelas autoridades monetárias de cada país. Sendo assim, sua emissão e circulação são controladas e fiscalizadas pelos órgãos governamentais, o que não ocorre com Bitcoin, Ethereum, Ripple e outras similares oferecidas no mercado financeiro global.
Segundo os noticiários, a China não só está adotando o e-RMB como também pensa em criar um sistema internacional de pagamentos, como o Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication (SWIFT), muito conhecido pelos operadores de câmbio aqui no Brasil. A ideia da criação desse novo sistema de pagamentos visa mitigar os riscos de interferências externas nos negócios chineses e facilitar a internacionalização da moeda chinesa.
Nova forma, mesma função
Na verdade, as moedas digitais criadas pelos bancos centrais são só mais uma forma de emissão e circulação da moeda corrente de um país. Aqui, no Brasil, foi criado um grupo de trabalho pelo Banco Central para discutir o possível lançamento do real digital. Considera-se que a emissão de uma moeda digital pode levar à aprimoração dos modelos vigentes nas transações comerciais e financeiras entre os usuários tanto no âmbito nacional quanto no internacional.
Os estudos que estão sendo feitos por aqui também avaliam os alcances e os benefícios de uma moeda digital adotada pelo Brasil, além de avaliar se podem trazer benefícios que complementam os meios de pagamentos instantâneos, como o Pix — adotado recentemente pelo Banco Central.
Banco Central do Brasil já prevê a substituição do dinheiro de papel por uma versão totalmente digital. (Reprodução/Pixabay)
Segundo a consulta feita ao Banco Central, entre os objetivos do grupo de trabalho estão: "a proposição de modelo de eventual emissão de moeda digital, com identificação de riscos, incluindo a segurança cibernética, a proteção de dados e a aderência normativa e regulatória, bem como a análise de impactos da CBDC sobre a inclusão e a estabilidade financeiras e a condução das políticas monetária e econômica".
Diversos países também estão avaliando a possibilidade de lançar moedas correntes digitais, como os Emirados Árabes Unidos, a Coreia do Sul e os Estados Unidos. A adoção do e-BRL pelo Banco Central é uma questão de tempo e, certamente, de necessidade para se ajustar às tendências financeiras internacionais.
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Zilda Mendes, autora deste artigo, é professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua tanto na área de Comércio Exterior como de Câmbio.
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