O PiX pode substituir o boleto bancário?

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Imagem: vindi

2020 foi um ano de adaptações e transformações em todas as esferas globais por conta da pandemia da covid-19.  Ao lado da crise política, econômica e do desafio de estabelecer o distanciamento social, o sistema financeiro nacional não ficou de fora e teve de se adaptar às diversas mudanças, sendo uma das principais delas o lançamento do Pix, novo sistema de pagamentos instantâneos brasileiro.

Ainda não sabemos em que ritmo o mercado vai adotar o novo sistema de processamento de pagamentos, mas com certeza o Pix é um elemento que contribui positivamente para a economia e para o ambiente de negócio no Brasil.

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Como funciona e como isso ajuda as empresas?

O Pix permite que um lojista ou prestador de serviço consegue fazer a cobrança e receber o pagamento de forma eletrônica, sem precisar da maquininha ou do boleto. A dispensa de boletos e maquininhas para receber pagamentos vai fazer com que o Pix seja duplamente vantajoso nesses casos.

Primeiro porque será um meio mais barato para as empresas e os comércios receberem. Segundo porque o prazo para recebimento do pagamento será reduzido. Ou seja, caso se opte pelo Pix, o Banco Central deverá cobrar da instituição financeira R $0,01 para liquidar 10 transações Pix, um valor expressivamente menor ao cobrado hoje para processar e liquidar boletos, TEDs e DOCs e até para processar pagamentos com cartão de débito e crédito.

Além do Pix estar disponível 24 horas dia e 7 dias por semana, os pagamentos realizados via Pix são disponibilizados em conta em até 10 segundos após a confirmação, mesmo sendo realizado fora do horário comercial, ou aos finais de semana e feriados.

Esse sistema mais moderno e digital vai ajudar a acelerar o prazo médio de recebimento de empresas e, provavelmente, aumentar o volume de capital de giro disponível

Dessa forma, esse sistema mais moderno e digital vai ajudar a acelerar o prazo médio de recebimento de empresas e, provavelmente, aumentar o volume de capital de giro disponível. Ainda para os negócios, o fato de ser um arranjo de pagamento com menos intermediários, deve propiciar uma redução de custo de transação e maior competição para o adiantamento dos recebíveis.

É esperado que e-commerces e outros negócios que emitem intensivamente boletos notem uma diminuição nos custos de cobrança e melhora na experiência de seus consumidores na hora do pagamento.

O governo, em suas mais variadas esferas, também utilizará o Pix como recebedor no primeiro momento. Isso significa que as pessoas e as empresas poderão utilizar este novo sistema de pagamento para pagar taxas e tributos, dispensando a utilização de boletos e suas linhas digitáveis, que muitas vezes não funcionam, requerem um input manual e podem ser passíveis de fraudes.

Por fim, para quem recebe pagamentos via Pix, a conciliação da operação fica muito simplificada: no intervalo de até 10 segundos, além do recebedor verificar a compensação financeira na sua conta, ele tem acesso a informações relevantes sobre o contexto da operação (exemplo: pagador, discriminação dos produtos / serviços). E isso vai possibilitar reduzir tempo e automatizar a parte de conciliação.

Novas possibilidades

Em um futuro próximo, o Pix também atuará junto àqueles que têm vendas concentradas em cartão e precisam receber compras parceladas. Essa ferramenta chamada de Pix Agendado deverá diminuir os custos de cobrança e aumentar a competição pelo adiantamento dos recebíveis das empresas. Mas isso é assunto para um outro post!

Portanto, o Pix reúne diversos elementos que levam a crer que veio para ficar e transformar a forma como milhares de pessoas e empresas transacionam, muito provávelmente colocando o boleto bancário e outras formas de pagamento em desuso. Se isso vai ocorrer, ou não, somente o tempo irá dizer.

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Paulo David, colunista quinzenal do TecMundo, é fundador e CEO da Grafeno, fintech que oferece contas digitais e infraestrutura de registros eletrônicos para empresas e credores; e é sócio do SPC Brasil na construção de infraestrutura para o mercado financeiro. Antes da Grafeno, fundou a Biva, primeira plataforma de empréstimos peer to peer do Brasil, que foi adquirida pela PagSeguro, empresa de meios de pagamentos. Foi superintendente do Sofisa Direto, a divisão digital do banco Sofisa. Atuou na equipe do Pinheiro Neto Advogados, e na equipe da gestora de investimentos KPTL (ex-Inseed Investimentos). É investidor anjo em fintechs no Brasil e na Europa.

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