Nesta terça-feira (22), foi iniciada a 75ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, cujo tema deste ano é "O futuro que queremos, as Nações Unidas de que precisamos: reafirmando nosso compromisso coletivo com o multilateralismo". Cerca de 125 chefes de Estado e 57 chefes de governo participarão das discussões. Devido à pandemia, uma série de eventos virtuais acontecerá nas próximas semanas – e Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, realizou a abertura da reunião por meio da reprodução de um vídeo gravado.
Representando o primeiro Estado-membro a discursar, Bolsonaro lamentou as mortes decorrentes da covid-19 e apontou a existência de dois problemas a serem resolvidos simultaneamente no cenário, o vírus e o desemprego, alegando que decisões judiciais restringiram suas responsabilidades somente ao envio de recursos às unidades federativas, que, segundo ele, ficaram a cargo das medidas restritivas.
Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.
Assine já o The BRIEF, a newsletter diária que te deixa por dentro de tudo
Ainda de acordo com o capitão reformado, veículos de mídia disseminaram o "pânico" entre a população e politizaram a doença, quase trazendo o "caos". Mesmo assim, suas medidas econômicas teriam evitado o "mal maior" – citando valores relacionados a auxílios financeiros e destinação de produtos e insumos a diversos públicos.
O IBGE informa que, em agosto, a taxa de desocupação nacional atingiu 14,3%, totalizando 13,7 milhões de desempregados. Ontem (21), foram confirmados 137.350 óbitos desde o início da pandemia, assim como a infecção de 4.560.083 brasileiros pelo novo coronavírus.
Campanha de desinformação
Em um segundo momento, Bolsonaro destacou a continuidade da atuação agropecuária durante a crise mundial, que, de acordo com ele, respeita "a melhor legislação ambiental do planeta". "Mesmo assim, somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal", em uma referência às notícias relacionadas às queimadas registradas nos últimos meses.
O objetivo de tais ações apoiadas por instituições internacionais com "interesses escusos" é prejudicar o governo, sugere. "Somos líderes em conservações de florestas tropicais. Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas. Os focos criminosos são combatidos com rigor e determinação. Mantenho minha política de tolerância zero contra crime ambiental."
Somente no Pantanal, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que pelo menos 2.842.000 hectares foram queimados, cerca de 18,66% do bioma, 1,78% do território nacional ou 3 milhões de estádios do Maracanã. Informações de satélite do Projeto de Monitoramento da Amazônia Andina (MAAP) mostram que, entre 28 de maio e 25 de agosto de 2020, mais de 500 incêndios florestais devastaram cerca de 369.000 hectares da floresta amazônica.
Pelo menos 2.842.000 hectares do Pantanal foram queimados.Fonte: SOS Pantanal
Considerações finais
Por fim, o presidente relembrou os danos ambientais resultantes do derramamento de petróleo "venezuelano" em 2019, cuja origem foi determinada por apurações da Marinha do Brasil, que, entretanto, não encontrou provas de que tenha sido lançado por navios ou empresas da Venezuela. O acolhimento nacional de 400 mil refugiados de lá também foi citado.
Bolsonaro encerrou o discurso dizendo que o Brasil abandonou a "tradição protecionista" e que foram adotadas as práticas mundiais mais elevadas em todas as áreas, exigidas por novas configurações comerciais, fazendo um apelo à ONU pela liberdade religiosa e pelo combate à suposta "cristofobia".