A pandemia que hoje grassa pelo mundo já mergulhou o planeta na pior recessão desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a um custo de US$ 9 trilhões, segundo o Banco Mundial. As perdas parecem não poupar nada nem ninguém, e já chegou a um setor que, até fins de 2019, não havia conhecido queda: o de tecnologia de aprendizagem profunda.
Quem chamou a atenção para o efeito devastador da covid-19 no mercado de inteligência artificial foi o engenheiro de software da Google François Chollet, em uma série de postagens no Twitter:
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I think it's clear that for many smaller companies that invested in deep learning, it turned out not to be essential and got cut post-Covid as part of downsizings. There are somewhat fewer people doing deep learning now than half a year ago, for the first time since at least 2010
— François Chollet (@fchollet) August 30, 2020
“Para muitas empresas pequenas, o investimento em IA se mostrou não essencial e foi cortado por conta da pandemia. Há menos pessoas em IA agora do que há seis meses, pela primeira vez desde 2010. Isso se torna evidente nos anúncios de vagas, que caíram. Acho que esse é um indicador de recessão econômica, e não o início de um inverno para a IA. Por enquanto, é apenas um efeito de curto prazo do choque causado pela pandemia causada pelo novo coronavírus. Além disso, a queda no uso total do aprendizado profundo é muito pequena”, escreveu Chollet.
O engenheiro mostra dados coletados na rede social profissional LinkedIn em anúncios de empregos que mencionam aprendizado profundo de máquina. “Pausa para as festas de fim de ano, aumento forte em 2020 e o colapso, a partir de fevereiro.”
Financiamentos evaporaram
Mercado existe, mas não o financiamento para desenvolvimento de IA. As empresas que mantinham olhos no futuro e pesquisa no setor de aprendizado de máquina paralisaram as atividades como forma de cortar custos frente à recessão global.
Um respiro no mercado dos EUA (centro mundial da pandemia e em recessão desde fevereiro) foi o anúncio de US$ 1 bilhão em financiamentos do governo para pesquisas em inteligência quântica e artificial.
Institutos de pesquisa receberão US$ 765 milhões (algumas serão responsáveis por treinar a próxima geração de especialistas em IA). Empresas privadas (como IBM e Microsoft) contribuirão com o restante.