O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teria usado as fabricantes Huawei e ZTE como parte de uma estratégia para buscar uma aliança com a China, tendo como objetivo garantir a reeleição do norte-americano em 2020. Essa é uma das acusações feitas pelo ex-conselheiro de segurança nacional do país, John Bolton.
Bolton está prestes a publicar um livro chamado "The Room Where It Happened: A White House Memoir" ("A Sala Onde Isso Aconteceu: Memórias da Casa Branca", ainda sem tradução oficial para o português), mas a obra pode ser proibida pela Casa Branca por conter informações sigilosas e fruto de conversas ou reuniões particulares.
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Em um trecho divulgado antes do lançamento, Bolton detalha que as ações de sanção comercial de Trump seriam utilizadas como moeda de troca com o primeiro-ministro chinês, Xi Jinping, e que as companhias poderiam ser poupadas ou mais prejudicadas por proibições comerciais, dependendo da resposta do político.
Peões no jogo
Segundo o Business Insider, a Huawei e a ZTE foram apenas "peões" da negociação, com as acusações de que as marcas seriam um risco à segurança nacional sendo apenas formas de barganhar com a China na guerra comercial em andamento entre os dois países.
Secretários de Trump teriam solicitado ações mais rígidas porque as marcas burlaram sanções comerciais impostas a países como o Irã. Entretanto, o presidente teria recusado o conselho, já que reverter as decisões de criminalizar as atividades das marcas seria uma ótima moeda de troca com Xi Jinping para buscar um acordo não só comercial, mas político. As outras acusações contra a Huawei envolvem espionagem governamental, algo negado pela fabricante e ainda sem provas apresentadas pelos EUA. Entretanto, isso já resultou em várias consequências para a fabricante, incluindo a proibição do uso do ecossistema Android.
Em maio de 2019, o presidente norte-americano declarou que as proibições de fato seriam uma arma de negociação com a China. No ano anterior, ele ainda citou que tentaria impedir a ZTE de declarar falência — e, no fim das contas, a marca foi liberada após uma multa e mudanças no conselho. A novidade do livro de Bolton é que isso estaria ligado diretamente a interesses pessoais de Trump, não a um eventual bem-estar da nação.
O lado da Casa Branca
Wacko John Bolton’s “exceedingly tedious”(New York Times) book is made up of lies & fake stories. Said all good about me, in print, until the day I fired him. A disgruntled boring fool who only wanted to go to war. Never had a clue, was ostracized & happily dumped. What a dope!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) June 18, 2020
Em uma postagem no Twitter, Trump disse que o livro é "cheio de mentiras e histórias falsas", citando que Bolton apenas o elogiava até o momento em que foi demitido, em setembro de 2019, e que apenas desejava declarar guerra contra outros países. A obra ainda seria "excessivamente tediosa", segundo uma resenha do jornal The New York Times.
Fontes