As determinações governamentais para manter a população em suas casas surte efeito não só na curva de casos registrados de covid-19, mas também nos hábitos de toda a sociedade — incluindo a brasileira. Confinados, a internet se tornou uma grande aliada das famílias de todo o Brasil e essa mudança é refletida em serviços de delivery, consumo de serviços de streaming e games online.
Medidas tomadas pela União Europeia viraram notícia ao determinar que plataformas de vídeos, sejam filmes ou YouTube, reduzissem a qualidade padrão dos vídeos para evitar um possível “colapso” na infraestrutura. Apesar de não ter se repetido no território nacional, a internet passou a protagonizar o dia a dia de inúmeras famílias — que agora aderem a serviços de delivery de supermercados, farmácias e streaming com muito mais intensidade.
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Demonstrando o impacto da quarentena sobre a rotina dos brasileiros antes e depois da confirmação do primeiro caso da covid-19 no país, a conhecida Opinion Box realizou uma pesquisa com 2.151 cidadãos. Entrevistados entre os dias 25 e 27 de março, o público majoritariamente adulto (na faixa entre 30 e 49 anos), respondeu como as recomendações da OMS de isolamento físico interferiram nos seus hábitos de consumo.
Mais tempo na internet e mais tédio.Fonte: OpinionBox/Reprodução
60% dos brasileiros passam mais tempo online
Sendo ela uma das principais ferramentas para interação a distância, brasileiros sentem que passam mais tempo na internet nesse período de quarentena. Dos entrevistados, 58% afirmam ler mais notícias, 48% enfrentam ansiedade e 45% passaram a fazer limpeza ou faxina dentro de suas casas — ao mesmo tempo que 43% admitem estar cuidando mais da higiene pessoal.
O tempo em casa e as campanhas para adoção de quarentena também impactaram no consumo de serviços de delivery e nos prestadores de serviço: famílias conheceram o serviço de entrega de supermercados e farmácias, adquiriram aprendizados por plataformas de ensino a distância e reduziram drasticamente o uso de aplicativos de carona e de veículos particulares — como Uber, 99 e táxis.
Reclamações sobre a qualidade da internet aumentaram significativamente.Fonte: OpinionBox/Reprodução
Falando da mobilidade urbana, o crescimento de usuários foi de -11%, somado a 48% de pessoas que admitem usar aplicativos de carona com menos frequência. As causas desse fenômeno podem ser justificadas pela menor frequência nas casas de amigos e parentes, idas às compras — em shoppings e centros — e refeições fora de casa.
Streaming, games e delivery
Ao mesmo tempo que a quarentena quase cessa compromissos e afazeres fora de casa, o lar reserva algumas pendências e prazeres antes preteridos. Além de manter a casa limpa com faxinas frequentes, 33% dos entrevistados afirma ter começado a cozinhar, 32% partiram para jogos online, 29% aproveitam o período recluso para ler livros e 26% adaptaram seus empregos para o home office.
Os supermercados com sistema de entregas foram agraciados por um crescimento de 25% da base de usuários, cursos EaD receberam 18% dos entrevistados como novos alunos e os serviços de streaming pagos bombaram — mas não muito diferente que a televisão por assinatura. Do público entrevistado, 46% se vê consumindo mais filmes e séries online e 41% reserva seu tempo para programas da televisão por assinatura.
Entretanto, se engana se os números mostram que os brasileiros estão aproveitando o período de reclusão: 72% das pessoas dizem perceber que a pandemia impactou sua vida negativamente ou muito negativamente e 6 em casa 10 estão preocupados com uma possível redução na renda nesse período — assumindo que seus gastos também aumentarão nesses dias.
Consumo de filmes e vídeos é a alternativa mais adotada para combater o tédio.Fonte: VisualHunt
Os impactos na infraestrutura brasileira
Uma das multinacionais de telecomunicações que opera no Brasil, a Angola Cables, divulgou parte dos seus esforços para seguir as recomendações da Organização Mundial de Saúde sem afetar a qualidade dos seus serviços. Das diretrizes adotadas, todo o corpo de funcionários deve se atentar aos cuidados com a higiene durante o trabalho presencial, cancelar viagens não essenciais e incentivar reuniões por videochamada.
“Vivemos um desafio sem precedentes em nossa história causado pela pandemia do Coronavírus. [...] Assim como acontece com muitas outras empresas em todo o mundo — e por recomendação das autoridades —, a grande maioria de nossos funcionários está trabalhando de forma remota; porém, na velocidade que uma companhia precisa ter em um mundo de economia digital.", conta o CEO Antonio Nunes.
O comunicado esclarece que a Angola Cables se empenha diariamente para continuar suportando todas as conexões brasileiras e internacionais, mesmo com a altíssima demanda.
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