A Apple está entre as empresas acusadas de se beneficiarem do trabalho forçado em fábricas na China, conforme o relatório do Instituto Australiano de Políticas Estratégicas (ASPI, na sigla em inglês) divulgado no último domingo (1º).
Segundo o The Washington Post, milhares de uigures estão sendo levados de suas casas e dos campos de reeducação e obrigados pelo governo chinês a trabalhar em fábricas que abastecem as cadeias de produção de dezenas de empresas, sob condições que sugerem trabalho forçado.
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O veículo afirma que pelo menos 80 mil uigures da região de Xinjiang, no noroeste do país, foram obrigados a realizar este tipo de trabalho entre 2017 e 2019 e que o recrutamento inclui a doutrinação ideológica fora do expediente e monitoramento constante, além da proibição de participar de rituais religiosos.
De origem turcomena, os muçulmanos uigures habitam principalmente o extremo oeste do país, mas também estão presentes em pequenas comunidades em Xangai e Pequim. Eles têm sofrido com perseguições do governo local para abandonar a religião e adotar o mandarim como idioma.
Fábricas denunciadas
Quase 30 fábricas que fornecem produtos para mais de 80 empresas, entre as quais Google, Nike, Huawei e General Motors, foram mencionadas no relatório da instituição australiana. Elas atendem marcas chinesas e estrangeiras, de setores como tecnologia, eletrônica, automotivo e têxtil, além de outros.
Entre elas, há quatro fornecedoras de componentes para a Apple, como a O-Film Technology, que produziu módulos para a câmera do iPhone 8 e do iPhone X, e a BOE Technology Group, que será a maior fornecedora de telas OLED da Maçã até 2021. Também foram denunciadas a GoerTek, fornecedora de peças para os AirPods, e a Foxeng Technology, que produz iPhones.
Ao The Washington Post, o porta-voz da Apple Josh Rosenstock disse não ter tido acesso à denúncia, mas reiterou que a gigante de Cupertino trabalha em estreita colaboração com seus fornecedores, para garantir o respeito aos seus altos padrões de exigência em relação à dignidade dos trabalhadores.
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