Pela primeira vez em 15 anos, o mercado soube o quanto o YouTube representa dentro do faturamento de sua controladora Alphabet. A plataforma de vídeo foi a estrela dentro do noticiário sobre o anúncio do relatório financeiro do grupo Google, mas uma parte não fez bonito em 2019 – mais especificamente, os hardware: os celulares Pixel e os alto-falantes inteligentes.
"O hardware ainda está no estágio inicial de concretização de nossa visão para a computação ambiental", declarou o CEO da Google Sundar Pichai na última segunda-feira. O executivo tem repetido que as três maiores apostas da Alphabet são o Youtube, a computação em nuvem e hardware.
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No ano passado, o YouTube gerou US $ 15,1 bilhões em receita publicitária (um aumento de 35,8% em relação a 2018); no último trimestre do ano passado, a receita de publicidade e assinatura da plataforma de vídeos cresceu para US $ 5,5 bilhões. Por sua vez, o Google Cloud registrou US$ 8,9 bilhões em vendas (aumento de 53% em relação ao ano anterior), com as vendas trimestrais chegando a US$ 2,6 bilhões.
Duas apostas a Alphabet faturou, mas a terceira foi ganha pela banca, e os detalhes sobre o que deu errado não foram dados nem por Pichai nem pela CFO Ruth Porat. As vendas de hardware caíram em relação ao ano passado, e a saturação do mercado de smartphones também não ajudou. Em maio de 2019, Porat disse que o Pixel 3 enfrentava a concorrência de smartphones de alto preço, como iPhones da Apple e a série Galaxy S da Samsung.
Estratégia equivocada e queda nas vendas
A estratégia para sair desse nicho concorrido foi lançar o Pixel 3a, mais barato. Seu público-alvo, segundo analistas, acabou sendo o usuário que está cortando custos – ou seja, o dito "remediado". No segundo semestre, o lançamento do Pixel 4 conseguiu ter um desempenho pior ainda: se as remessas globais de celulares no quarto trimestre do ano passado foram de 375 milhões, a participação da série Pixel foi de 2,7 milhões de dispositivos.
A participação de mercado de alto-falantes inteligentes da Alphabet nos três primeiros trimestres de 2019 caiu, segundo avaliação da empresa de pesquisa de mercado Canalys. Segundo ela, a demanda foi de 14,5 milhões de remessas em 2018 para 11,3 milhões, no mesmo período de 2019. A isso, soma-se a queda da margem de lucro operacional, que despencou acompanhando as perdas de projetos como veículos autônomos e drones: mais de 50% (US$ 2 bilhões).
A virada pode vir junto com a Fitbit, a fabricante de rastreadores de fitness e smartwatch que a Google adquiriu por US$ 2,1 bilhões. Mas ainda não é hora de respirar: na semana passada, a empresa suspendeu o trabalho em todos os seus escritórios na China continental, em Hong Kong e Taiwan por conta do coronavírus. Segundo CFO Ruth Porat declarou na última segunda, o negócio de hardware ainda vai ter que enfrentar a suspensão as produção da cadeia industrial asiática por conta do coronavírus de Wuhan.
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