Enquanto o lançamento do Mate 30 (e de futuros dispositivos) permanece uma incógnita principalmente na Europa (seu maior mercado externo), o fundador e CEO da Huawei, Ren Zhengfei, entrou na zona neutra da guerra comercial entre China e EUA para oferecer um gesto de boa vontade: licenciar toda a plataforma Huawei 5G para qualquer empresa americana que queira fabricar, instalar e operar sua própria rede.
Hoje, a Huawei é a maior fabricante do planeta de equipamentos de rede 5G e a segunda maior fornecedora de celulares, depois da Samsung e à frente da Apple. Não existem, até o momento, fabricantes de redes 5G nos EUA; os únicos outros grandes fornecedores são Nokia e Ericsson, companhias europeias cujos produtos são muito mais caros que os da gigante chinesa.
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Em uma entrevista ao colunista do jornal The New York Times Thomas L. Friedman, Zhenfgei revelou que quer negociar.
“Estamos abertos a compartilhar nossa tecnologia 5G para que companhias americanas construam sua própria rede. Isso criaria uma situação equilibrada entre China, EUA e Europa. As empresas americanas poderão até mesmo alterar o código do software. Se os EUA demonstrarem boa fé e prometerem mudar sua abordagem irracional à Huawei, então estaremos abertos ao diálogo”, disse Zhengfei. “Não há restrições sobre o que estaríamos dispostos a discutir com o Departamento de Justiça”, completou.
Negociações passam pela Justiça americana
Em janeiro, ficaram conhecidas as 23 acusações contra a diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou (que vem a ser também filha de Zhengfei): vão desde fraudes eletrônicas a conspiração e roubo de segredos comerciais. Quatro meses depois, o Departamento de Comércio colocou a Huawei Technologies e mais 70 de suas afiliadas em sua lista negra.
Isso significa que, a partir de 19 de novembro, nenhuma empresa americana poderá vender hardwares, chips, softwares ou serviços à China sem permissão especial. Isso atingirá em cheio o Google, cujo sistema operacional Android roda em todos os celulares da Huawei; a Microsoft, cujo sistema operacional Windows está em todos os seus computadores; e a Intel, cujos chips operam nas redes 5G da companhia chinesa.
Em julho, autoridades americanas e chinesas se encontraram em Xangai para discutir a disputa comercial e resolver as questões entre os governos (com a Huawei no meio). Segundo Friedman, há uma boa chance de os dois lados chegarem a um acordo limitado envolvendo o fim de algumas tarifas sobre produtos americanos em troca de uma retomada da importação de alguns bens (principalmente agrícolas) e serviços chineses.
Para o colunista do New York Times, se o impasse entre os dois países continuar e a Huawei tornar-se independente do que é produzido nos EUA, o futuro verá um mundo funcionando com duas tecnologias, com uma zona chinesa, uma americana e um muro digital bem no meio.
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