O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, afirmou em entrevista ao site Valor Econômico que conversou com autoridades brasileiras sobre possíveis vulnerabilidades existentes na rede 5G dependendo do fornecedor, sugerindo que a utilização de infraestrutura de companhias chinesas signifique brechas de segurança no futuro.
Sem confirmar se chegou a citar diretamente a China e reforçando que cada país toma a decisão que achar melhor, o secretário diz ter passado "informações reservadas e sensíveis" sobre o assunto a "pessoas relevantes" do cenário brasileiro. Ele negou ainda que tenha feito sugestões, mas sim "compartilhado avaliações sobre cuidados tecnológicos" — ou seja, aconselhou a seguir certos caminhos e escolher bem os parceiros nessa empreitada, mantendo as autoridades atentas "sobre quem é o vendedor, quais são as implicações, quais são os relacionamentos" das partes envolvidas.
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Os tais riscos seriam a existência de backdoors que permitem invasões fáceis e discretas a sistemas, além da possibilidade de derrubar serviços que utilizem a rede, como o uso em Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Há ainda a questão da privacidae: como o próprio Ross reforça, a China tem políticas diferenciadas de compartilhamento de informações com serviços do governo.
O que pode acontecer?
O leilão de frequências do 5G acontece em março de 2020 e companhias orientais como a Huawei, que não está impedida de atuar no país por enquanto, devem ser as principais interessadas em fornecer equipamentos na área de infraestrutura. China e Estados Unidos atualmente vivem uma guerra comercial, com acusações de espionagem e ciberataques e que envolvem equipamentos de internet móvel de quinta geração.
Ross esteve no país para assinar um acordo entre os países envolvendo projetos de infraestrutura, o que deve aproximar os países em termos de financiamento de projetos — e também de quais empresas são mais indicadas para tocá-los adiante.