Em 2017, a Google anunciou uma parceria com o Centro Médico da Universidade de Chicago para o compartilhamento de dados de pacientes como uma forma de promover o desenvolvimento da análise preditiva. Esse tipo de avaliação é a aplicação da tecnologia na saúde, permitindo a identificação de possíveis riscos por meio do uso de informações clínicas do paciente e da família.
Nesta semana, a empresa e a Universidade de Chicago foram processadas em uma ação coletiva no Tribunal Distrital de Illinois, nos Estados Unidos, que acusa o hospital de compartilhar com a empresa milhares de registros de pacientes que contêm várias informações pessoais, como datas ou anotações médicas.
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Pior que vazamento de cartão de crédito
O processo alega que a inclusão de datas viola a HIPAA, lei federal que protege os dados de saúde confidenciais de pacientes e permite que os provedores de serviços médicos compartilhem dados, desde que os pacientes não sejam identificados.
"As informações médicas pessoais obtidas pela Google são sensíveis e íntimas da vida de um indivíduo, e sua divulgação não autorizada é muito mais prejudicial à privacidade de alguém do que números de cartão de crédito ou de seguro social comprometidos", afirmam os reclamantes na ação.
Do outro lado da situação, a Google e a Universidade de Chicago defenderam o valor e a seriedade do estudo. "Acreditamos que nossa pesquisa em saúde pode ajudar a salvar vidas no futuro, e é por isso que levamos a privacidade a sério e seguimos todas as regras e regulamentos relevantes no tratamento dos dados", explicou a companhia.
Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. (Fonte: Pixabay)
Tecnologia e privacidade
A empresa é uma dos pioneiras no esforço para desenvolver uma tecnologia que, com a ajuda da Inteligência Artificial, possa ler registros eletrônicos de saúde e contribuir na identificação de doenças e outras condições médicas.
Mas, para isso, as máquinas precisam aprender essa habilidade, analisando um amplo banco de dados de registros de saúde coletados por hospitais e outras instituições médicas. Isso gera preocupações com relação à privacidade, especialmente quando são usados por uma empresa como o Google, que sabe o que as pessoas procuram, onde elas estão e quais são seus interesses.
O acesso da gigante da tecnologia a dados de pacientes já levantou preocupações semelhantes antes. Em 2016, foi descoberto um acordo de compartilhamento de dados em que o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido repassou informações de 1,6 milhão de pacientes para a DeepMind — empresa que pertence à Google — como parte de um programa de pesquisa.
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