O governo da China restringe acesso a informações importantes sobre o país, e essa determinação é cumprida por empresas de tecnologia de origem chinesa e estrangeira de olho em seu amplo mercado. Exemplo disso é o bloqueio em relação aos acontecimentos de Tiananmen (Protestos na Praça Celestial, em Pequim), que completaram 30 anos na última semana.
As manifestações de 1989 marcaram a história da China devido à repressão e ao número de mortes de protestantes, mas seguem cada vez mais ocultas para o povo chinês. Em outros lugares do mundo, é muito fácil saber mais sobre o assunto ao fazer uma rápida pesquisa no Google, mas na China não é bem assim que funciona.
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Embora o país tenha um enorme número de pessoas conectadas, informações via motores de busca, redes sociais e até mesmo apps de mensagens instantâneas passam por um sistema de avaliação de conteúdo altamente detalhado, chamado de Great Firewall.
Microsoft e Apple atuam em sistema de censura
A maior imposição da China às companhias de tecnologia é que elas não permitam a veiculação de determinadas informações, como as relacionadas com Tiananmen. Mesmo que os Estados Unidos, por exemplo, critiquem fortemente a posição do governo chinês, companhias norte-americanas, como Microsoft e Apple, seguem as regras para se manterem no mercado.
"O Rebelde Desconhecido", a foto mais marcante dos protestos de Tiananmen (Fonte: Jeff Widener/Wikipedia)
Segundo o site Wired, a Microsoft controla sua loja de apps e o LinkedIn no país de forma diferente de outras partes do mundo. No caso, ela remove recursos de VPN para burlar o Great Firewall e deixa de exibir fatos ou dados não permitidos. Ainda conforme o veículo, a Apple remove da Apple Music canções que contenham partes proibidas, o que inclui uma obra do cantor Jacky Cheung, de Hong Kong, que faz referência aos protestos de 1989.
Troca de informações filtradas
O WeChat é o app de conversa mais usado no país asiático e conta com um mecanismo sofisticado para filtrar mensagens e arquivos enviados. Conforme relata o Wired, o sistema desenvolvido pela Tecent (proprietária do app) é capaz de detectar todo tipo de texto e imagem com conteúdo proibido até mesmo quando são modificados ou redimensionados.
(Fonte: Unsplash/Reprodução)
Em 2018, a própria Google admitiu ter o plano de lançar um buscador adaptado para a China, com codinome DragonFly. Mas, diante de protestos realizados por funcionários e pressão interna, acabou desistindo da ideia.
A explicação para o interesse de grandes companhias, mesmo as estadunidenses, em continuar na China é óbvio: apesar de tanta restrição, o país tem o maior número de usuários de internet do mundo, com quase 830 milhões de pessoas conectadas.
Fontes