O mundo das telecomunicações foi sacodido no último domingo quando a Google anunciou a suspensão do acesso da Huawei ao Android. A atitude foi repetida por gigantes como Qualcomm e Intel e é efeito de uma ordem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que incluiu a Huawei e outras 70 companhias chinesas em uma “lista negra” e as proibiu de fazer negócios com companhias estadunidenses.
Enquanto este tema ainda está ganhando inúmeros desdobramentos e não tem prazo para esgotar, pois muita água ainda deve correr por baixo desta ponte, algumas perguntas vem à tona, e uma das principais é: outras fabricantes de smartphones chinesas correm o risco de sofrer o mesmo que a Huawei?
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A Xiaomi corre risco?
Queridinha dos brasileiros e prestes a voltar ao país, a Xiaomi faz sucesso em várias partes do mundo e está atualmente no top 5 das maiores fabricantes de celular do planeta. Sem dúvida, é natural pensar no que pode acontecer com ela após o banimento da Huawei, mas é preciso levar em conta a natureza dos negócios dessas empresas e, também, do direcionamento da ordem executiva assinada por Trump na semana passada.
O banimento de Trump traz consigo uma boa dose de geopolítica, afinal Estados Unidos e China estão em meio a uma guerra comercial. Além disso, a Huawei é referência em infraestrutura de rede móvel e é o grande player do mercado incipiente, mas com potencial altamente lucrativo do 5G, o que também não pode ser minimizado.
Este cenário parece ter sido determinante para a posição do governo estadunidense, que acusa tanto a Huawei quanto a ZTE, outra chinesa, de usar diversos métodos para espionar o país norte-americano e enviar informações sigilosas a Pequim.
Sendo isso um bode expiatório ou não, é fato que a China ameaça a posição dos Estados Unidos no mercado global de telecomunicações e de tecnologia de ponta de modo geral. Em maior escala, esse avanço chinês reforça a possibilidade de os EUA perderem a liderança econômica do planeta, algo que deixa abertas muitas possibilidades para o futuro.
Diante deste contexto político, econômico e tecnológico, portanto, é difícil imaginar que a Xiaomi corra qualquer risco, ao menos não imediatamente. A empresa não atua no mercado de telecomunicações exatamente do mesmo modo que a Huawei e, sendo assim, isso deve “aliviar” uma possível perseguição por parte do governo dos EUA e consequentemente a suspensão de seu acesso ao Android.
EUA x China
Contudo, não dá para esquecer que o duelo, em questão, é uma disputa maior entre Estados Unidos e China. No ano passado, Trump aumentou para 25% a taxa de produtos tecnológicos importados do país asiático e, recentemente, estendeu tal aumento para outros US$ 200 bilhões em produtos chineses, e Pequim não parece nada feliz com isso.
Assim, os dados ainda estão rolando e, nesta disputa, nenhuma empresa chinesa de tecnologia parece estar realmente imune a possíveis novas ordens executivas do governo dos Estados Unidos.