Em março, a senadora e candidata à presidência dos EUA Elizabeth Warren declarou que o "gigantismo" de algumas empresas de tecnologia desestabiliza os níveis ideais da livre concorrência de mercado. Para ela, o desmembramento dessas “Big Tech” em empresas menores seria a solução para manter o mercado competitivo e equilibrado.
Em entrevista à CNBC na última semana, o presidente da Apple Tim Cook se mostrou bastante incomodado com a opinião de Warren. O executivo afirmou que o Vale do Silício "não é monolítico" e defendeu a Apple. Ele enxerga que o ecossistema fechado da companhia não pode ser considerado um monopólio, devido ao tamanho de sua participação mundial no mercado em segmentos como smartphones (15%) e computadores pessoais (entre 8% e 9%).
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Apesar disso, a Apple é acusada de discriminar apps de terceiros em sua App Store como uma tentativa de favorecer seus próprios aplicativos, o que prejudica a concorrência — vale lembrar que a App Store é a única fonte de softwares do iOS.
Recentemente, por motivos semelhantes, o Spotify e a Kaspersky apresentaram queixa contra a Apple, respectivamente, na Europa e na Rússia. Até o recurso do iOS que oferece maior controle sobre o uso dos dispositivos foi interpretado pelo The New York Times como uma forma de a companhia perseguir apps de terceiros que têm a mesma finalidade.
Críticas continuam
Warren criticou duramente a maneira como a empresa de Cupertino lida com a App Store e sugeriu que a companhia abra mão de comandar a loja de apps a fim de não interferir na concorrência com apps de terceiros. Ela citou, ainda, as rivais Google e Amazon por também obterem vantagem sobre concorrentes ao favorecer os seus próprios produtos em seus sistemas de busca.
Em resposta, Cook se esquivou dizendo que a decisão de manter ou proibir apps de terceiros na App Store está basicamente relacionada à qualidade do próprio app. Outro argumento usado por ele para distanciar a Apple de empresas como a Google e o Facebook é a forma como eles lidam com a privacidade dos usuários, embora esse discurso venha surtindo cada vez menos efeito.
O mais surpreendente nesse posicionamento defensivo de Cook é que, em abril, ele havia declarado ser a favor de uma maior regulamentação do governo para as empresas de tecnologia. À época, ele afirmou que “[precisamos] ser intelectualmente honestos e admitir que o que estamos fazendo não está funcionando” e também que “a tecnologia precisa ser regulamentada”.
Sem dúvida, esse debate em torno da possível divisão de grandes empresas de tecnologia ainda está longe de terminar.
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