A série de história da tecnologia dessa vez vai falar de uma marca que é mais nova, mas você ainda vai ouvir ou tem ouvido falar bastante ultimamente. É a TCL, que chegou quietinha, mas hoje já é bem presente no mercado.
Aqui, você vai saber a origem, a evolução e o papel atual dela no mercado brasileiro. Antes, não se esqueça de se inscrever no canal do TecMundo no YouTube para mais vídeos como esse!
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Início discreto
A nossa história começa na China em 1981, com uma empresa chamada TTK Home Appliances, que era focada na fabricação de fitas cassete e tocadores baratinhos. Ela foi uma das treze primeiras joint-ventures que nasceu nessa fase do governo chinês, quando o protecionismo era bem grande e empresas de fora não podiam simplesmente chegar e abrir uma filial na China.
Além disso, o governo podia fazer parcerias com nomes fortes da indústria pra fortalecer algum setor. Foi assim com a TTK, que tinha investidores originalmente de Hong Kong. E um nome importante dessa época é Li Dongsheng, um engenheiro novato que trabalhava no laboratório de rádio da universidade, e que vai ser mais importante daqui a pouco.
A sigla oficializada
Em 1985, a TTK muda de nome, e algumas fontes dizem que é porque ela recebeu um processinho de uma empresa japonesa de nome muito parecido, mais estabelecida e que também fazia fitas cassete: a TDK. De qualquer forma, nascia aí em Huizhou, na província de Guandong, na China, chamada Telephone Communication Limited. Ou, na sigla, TCL. O Dongsheng vira gerente dessa marca, mas ainda não é o mais alto que ele vai chegar.
Li Dongsheng.
Como você pode imaginar pelo nome, a empresa começa a focar em telefones, no caso em aparelhos de linha fixa, e em 1989 vira a primeira da China no setor. E ela só foca mesmo no mercado local nesses primeiros anos, abrindo laboratórios de pesquisa em áudio e lançando televisores de tela grande a partir de 1992. Em 93, ela faz a oferta pública de ações na China e repete o feito em 99 em Hong Kong, mesmo ano em que ela inaugura o negócio de telefonia móvel.
Ela optou primeiro pelo reconhecimento no próprio país, conseguiu e esperou com calma a hora de voar mais alto.
Em 2003, Li Dongsheng, aquele que começou como engenheiro e virou gerente, se torna o presidente do conselho e da empresa quando a companhia se estabelece como TCL Corporation, virando de vez uma marca global. Ela foi a primeira na China a lançar uma série de produtos, incluindo TV de 28 polegadas, celular com composição de diamante e notebook dual core.
Revitalizando gigantes
Um ano antes, a TCL começou uma estratégia que ela vai repetir algumas vezes: comprar empresas ou só adquirir as licenças de marcas antigas que estão meio em baixa, mas tem um nome tradicional no mercado. A primeira é a compra em definitivo da alemã Schneider, que tinha declarado falência, mas tinha um catálogo interessante pra ser aproveitado.
Em 2003, ela cria uma parceria com a Thomson, uma marca francesa centenária e referência especialmente na Europa, pra vender produtos como aparelhos de DVD. Essa união ainda dá direito da TCL de lançar televisores com a marca RCA, nada menos que uma das primeiras empresas do mundo a lançar aparerelhos de TV preto e branco e coloridos. Televisores modernos RCA são lançados até hoje nos Estados Unidos com sistemas de streaming ambutidos, mas a TCL não está mais envolvida.
E em 2004 ela faz outra joint-venture, dessa vez com a Alcatel, e consegue os direitos de lançar aparelhos com essa marca até 2024. Porém, é preciso ficar atento a um detalhe: ela não é dona da Alcatel: a chefia continua com a francesa Alcatel-Lucent, que desde 2015 pertence à Nokia.
A marca Alcatel é mais usada para lançar celulares e pode virar um capítulo separado da nossa série em breve, embora esteja cada vez mais de lado aqui no país recentemente.
Voando alto
Já em 2005 a TCL toma o primeiro lugar mundial em volume de vendas de televisores a cores, uma posição que ela vai frequentar por um bom tempo, às vezes cair, às vezes retomar. Nesse período, ela também se torna a sexta marca mais valiosa da China, mas isso teve um custo.
Investir tanto em expansão internacional resulta em gastos ainda maiores, e a empresa sentiu o baque. Ela teve dois anos consecutivos no vermelho, precisou vender algumas subsidiárias e se desfazer de alguns setores. O CEO promove então uma transformação nas atividades da TCL com o documento “renascimento da águia”, descrevendo o que a marca precisaria pra sobreviver.
Ao mesmo tempo, ela passa a focar em televisores de LCD na própria China, um mercado que tava em crescimento e tinha muita gente, e mais importante do que isso, muita gente disposta a comprar.
Dá tão certo que nessa época a TCL recebe pedidos de terceirização da Samsung e Toshiba para TVs LCD, mostrando que tava respeitada nesse mercado. No começo da década seguinte, ela começa a recuperar a confiança pra voltar aos investimentos internacionais.
Em 2013, por exemplo, ela adquire os naming rights do famoso Chinese Theatre, em Hollywood, e agora o ele é o TCL Chinese Theatre. Ele é não só um cinema, mas também tem um hall da fama cheio de marcas de famosos.
Projetos atuais
Aí a TCL volta praquela estratégia de reviver marcas adormecidas com a compra dos direitos. E ela faz com duas clássicas! Em 2015, ela adquire a licença da BlackBerry, que tava numa crise sem fim. A marca ainda hoje lança smartphones, mas passou a ter o Android em vez de um sistema próprio, e ainda foca em produtividade, segurança e mercado corporativo.
Já em 2017 ela faz o mesmo com a Palm, aquela clássica dos assistentes pessoais digitais, pagers e muitos outros produtos. O retorno da Palm por enquanto é apenas um celular miniatura meio esquisito e que ainda não trouxe o retorno esperado.
A TCL atualmente tem projetos bem ambiciosos em uma série de áreas pros prórximos anos. Ela é uma das fabricantes que já tem uma linha planejada de televisores 8K, uma resolução que ainda nem tem conteúdo direito produzido! Esses modelos usam inteligência artificial e sistema de som Dobly Atmos, inclusive com um modelo de 75 polegadas com lançamento marcado aqui pro Brasil.
A TV 8K da TCL.
A TCL tem ainda mais de um protótipo de um smartphone dobrável, nos moldes do Galaxy Fold e do Huawei Mate X, e pode ser que utilize algumas das suas licenças pra colocar esse projeto em breve no mercado. Hoje, ela é uma megacorporação formada inclusive de subsidiárias: TCL Multimedia, TCL Communication, Tonly Electronics e TCL Display.
E no Brasil?
A história da TCL no Brasil começa meio tarde. A empresa demorou pra olhar aqui pro mercado nacional, e só em julho de 2015 começaram as notícias de que a chinesa estaria interessada em abrir fábricas e lançar produtos por aqui. Ela veio de forma tímida, participando de feiras como a Eletrolar daquele ano, mas logo apareceu a bomba.
Em julho de 2016, a brasileira SEMP estabelece uma parceria com a TCL, criando a empresa SEMP TCL, unindo a tradição, a base de mercado e a experiência de um lado com a força e o crescimento acelerado dos chineses.
Ué, TecMundo, mas o nome da marca não é Semp Toshiba? Pois é, foi por quase 40 anos! Só que essa aliança com a japonesa Toshiba foi desfeita porque a Toshiba passou por muitos problemas financeiros nesse período, e desativou a unidade de televisores, que era o braço forte no Brasil e que mantinha a parceria com a Semp. A história da Toshiba incluindo essa era de ouro no Brasil a gente já contou em um outro episódio aqui da nossa série!
Com essa cara nova, a Semp TCL tem investido pesado em publicidade, virando uma patrocinadora da seleção brasileira e tendo como garoto propaganda Neymar e também o surfista Gabriel Medina.
Os primeiros smartphones da empresa em território nacional foram o de entrada L9, os intermediários C5 e C9 e o T7, que tem configurações modestas e o destaque de efeito retrato na câmera traseira. Em televisores, ela já tá com tudo por aqui, com modelos que vão do mais básico de Smart TV até o 4K, com os chamados pontos quânticos na formação da imagem. Ah, e recentemente ela também anunciou uma caixa de som Bluetooth à prova d’água, entrando no segmento de áudio.
Se tem muita coisa chegando, tem algumas se aposentando também. Em março de 2019, a TCL confirmou que vai aposentar a marca Alcatel por aqui e vai apostar no nome das duas marcas, Semp e TCL, para smartphones. E os primeiros modelos já começaram a chegar! Em abril, nada menos que oito telefones foram lançados com a marca SEMP e quatro deles são smartphones: o Semp Go 5e, 5c, 3e e 3c. Além disso, foram apresentados mais três features phones baratinhos e simples, e um celular com flip.
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E essa é a história da TCL, uma empresa chinesa jovem, e até por isso cheia de energia, com muita presença de mercado e vontade de crescer ainda mais, inclusive aqui no Brasil. Se você tiver...
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