Nos últimos anos, a Amazon vem sendo alvo de várias acusações de desperdício e de ferir o meio ambiente e as práticas renováveis que várias gigantes, não somente do setor de tecnologia, aplicam em seu cotidiano para preservar o planeta e melhorar o aproveitamento dos recursos. Agora, a situação fica ainda mais complicada com a denúncia de um programa da TV francesa.
Jornalista conseguiu se infiltrar nos armazéns da empresa e registrou em vídeo os recipientes que guardam os objetos destinados à destruição
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Uma reportagem do canal M6 denunciou o caso com depoimentos de vários ex-funcionários, que revelam cláusulas em contratos de parceiros do marketplace da varejista. Os documentos apontam que, caso não haja venda, os produtos armazenados são devolvidos ou destruídos — mesmo eles estando lacrados na caixa.
O jornalista da emissora conseguiu ser contratado como auxiliar administrativo no almoxarifado do armazém que fica em Saran e registrou como a varejista lida com o seu estoque. As filmagens mostram que produtos de todos os tipos, a exemplo de fraldas, máquinas de café, TV, brinquedos e outros, são separados em grandes recipientes para serem destruídos.
Fonte: MAXPPP
Em um dos depósitos, em Chalon-sur-Saône, um dos menores da companhia, mais de 293 mil produtos, quase todos novos, foram enviados para a sucata em apenas 9 meses, de acordo com lideranças sindicais. A matéria também exibiu imagens de drones sendo descartados em incineradores ou aterros sanitários, o que muitos ativistas ambientais classificam como “desastre ecológico”.
Amazon já enfrenta acusações semelhantes na Alemanha
Questionada sobre o assunto pela France Presse, a Amazon France disse que “faz o possível para reduzir o número de produtos devolvidos a fornecedores terceirizados”. “Para os produtos que não podem ser revendidos, trabalhamos com organizações como o Solidarity Giving e Food Bank, de forma que possam ser entregues a pessoas necessitadas”, disse a gigante varejista.
Companhia norte-americana também já foi denunciada pelo mesmo motivo na Alemanha e sofre pressão de ativistas ambientais
Mas isso não vem sendo o suficiente para diversos órgãos. Brune Poirson, secretária de Estado para a transição ecológica da França, disse após a transmissão da matéria, ontem (13), que estava "chocada" com a denúncia. Em setembro do ano passado, a associação francesa “Amigos da Terra” já havia registrado processo na Diretoria de Concorrência, Consumo e Repressão a Fraudes, para alertar sobre “práticas comerciais enganosas”, incluindo falhas na prática de recuperação de resíduos elétricos e eletrônicos — o que fere o Código Ambiental.
A Amazon enfrentou acusações semelhantes na Alemanha, em junho de 2018, quando grandes quantidades de mercadorias novas devolvidas — a exemplo de smartphones e refrigeradores — foram flagrados sendos destruídos pela emissora ZDF. A pressão também faz parte da pressão imposta a empresas semelhantes, que, segundo o governo francês, usam estratégias para evitar o pagamento de impostos europeus em uma região onde geram enormes receitas.
Fonte: AFP
"Queremos considerar 'marketplaces' como a Amazon para se responsabilizarem pelo resultado dos produtos que oferecem", disse Brune Poirson. "Nos próximos meses, será aprovada no Parlamento uma lei que proibirá esse tipo de atividade. Empresas como a Amazon não poderão mais descartar produtos que ainda possam ser utilizados.”
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