De acordo com reclamações de usuários do Reclame Aqui, a operadora Claro estaria bloqueando o IMEI de smartphones vendidos pela empresa pelo não pagamento de faturas de serviços telefônicos. As pessoas que reclamam, na verdade, compraram os dispositivos da mão de terceiros, e não da própria Claro. Sendo assim, elas caíram em um novo tipo de golpe, que explora as cláusulas de contrato do plano Claro Up.
Esse plano permite a compra de smartphones top de linha com a possibilidade de troca no ano seguinte pelo seu sucessor direto. Só que o cliente paga apenas metade do valor do celular em 12 vezes no cartão de crédito. O resto é divido também em 12 vezes, mas o valor é adicionado na fatura de telefonia.
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A julgar pelas reclamações das vítimas no Reclame Aqui, parece que criminosos estão usando documentos falsos e cartões clonados para comprar esses smartphones top de linha e, em seguida, vendê-los lacrados na caixa para as vítimas.
De acordo com as cláusulas dos contratos de planos pós-pagos e controle, a Claro pode “bloquear a estação móvel” do cliente através do número de IMEI, uma vez que ele não pagar a fatura de serviço telefônico. Além da Claro, operadoras como Vivo, Tim e Oi também contam com cláusulas similares em seus contratos, possibilitando o bloqueio no caso de não pagamento.
Um consumidor do interior de São Paulo comprou um iPhone 6 de um cliente da Claro e, após um ano e três meses de uso normal, o IMEI do dispositivo foi bloqueado pela falta de pagamento. Como as primeiras 12 parcelas dos dispositivos comprado no Claro Up são pagas no cartão de crédito, mesmo que o cliente tenha levado um plástico clonado, a Claro recebe o dinheiro normalmente da operadora de cartão. Só depois que o cliente não aparece para devolver o celular ou não paga a fatura é que a Claro percebe a fraude e bloqueia a linha.
Abaixo dessa reclamação no Reclame Aqui, outros usuários também reportaram terem sido vítima exatamente do mesmo golpe, indicando que existe uma prática comum em volta do recurso Claro Up.
O TecMundo entrou em contato com a Anatel para descobrir se esse tipo de bloqueio de IMEI por não pagamento de fatura telefônica é legal, mesmo sem a operadora não especificar nada na nota fiscal do dispositivo. A nota, inclusive, pode ser invalidada com documentos falsos, impedindo que a polícia possa encontrar o criminoso que aplicou o golpe.
A posição da Claro
Nós entramos em contato com a operadora Claro para discutir o fato de um de seus planos estarem sendo utilziados em um novo golpe. A empresa afirma que está analisando esse caso em específico.
“A Claro informa que o caso citado encontra-se em análise e tratamento pela empresa. Para segurança de seus clientes, a operadora recomenda que a compra de qualquer aparelho usado só seja realizada com a nota fiscal original, de forma a atestar a origem lícita do equipamento.”
Nós atualizaremos esta publicação assim que obtivermos respostas da Anatel e do SindiTeleBrasil.
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Obs: esta notícia foi atualizada hoje (17) às 22h22 para incluir o posicionamento da Claro.
Fontes