Apesar de a ex-presidente Dilma Rousseff ter virado piada quando falou em público sobre a possibilidade de “estocar vento”, ela não estava completamente equivocada. Armazenar ar comprimido em momentos em que a energia está mais barata para liberá-lo mais tarde e fazer girar turbinas de vento quando é necessário é um conceito bastante estudado e considerado possível. Mas apesar de essas “baterias de vento” serem uma boa ideia, as baterias químicas é que estão avançando mais rapidamente no aspecto do armazenamento de energia em massa.
Empresas como a Tesla já possuem tecnologia para criar e instalar baterias em redes elétricas de grandes e pequenas cidades para que seja possível aproveitar completamente a produção de energia renovável — seja eólica, solar ou qualquer outra. Isso porque, quando temos dias de sol, painéis solares produzem mais energia do que é as pessoas normalmente consomem durante o dia. Quando cai a noite, os painéis param de produzir, e o consumo aumenta exponencialmente.
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Usando baterias químicas, é possível armazenar uma boa quantidade de eletricidade durante todo o dia para que isso seja utilizado durante a noite ou mesmo em dias nublados. É possível também escalar essa aplicação de baterias em âmbito doméstico para toda uma cidade, por exemplo, ou mesmo toda uma rede elétrica.
A "maior bateria do mundo" feita pela Tesla em 2017 na Austrália
Atualmente, o Brasil conta com uma matriz elétrica um tanto diferente do que tínhamos nos anos 2010. Até 2011, a energia gerada por hidroelétricas — que apesar de causarem um impacto ambiental considerável, produzem energia renovável — representava mais de 80% de toda a produção de eletricidade do nosso país. Em 2016, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética brasileira (EPE), as hidroelétricas correspondiam a 68,1% de toda a nossa produção.
Matriz elétrica brasileira em 2016 de acordo com a EPE
Contudo, diferente da maior parte do mundo, nosso país não tem aumentando significativamente sua dependência de combustíveis fósseis e outras fontes não renováveis para a produção de energia. Em vez disso, a energia solar e principalmente a eólica tem apoiado a produção hidroelétrica. Somando-se a produção por biomassa, ainda temos 82% da matriz elétrica composta por fontes renováveis, uma marca muito superior à média mundial.
Só que as fontes de energia renováveis estão bastante suscetíveis a condições da natureza. Em um ano com pouca chuva, por exemplo, o preço da energia sobe no Brasil, pois é difícil criar reservatórios maiores para armazenar água para momentos de necessidade. Usinas térmicas, que queimam gás natural e petróleo conseguem lidar com o “estoque de energia” forma muito mais prática, mas elas são muito mais caras e desperdiçam combustível durante a produção de eletricidade.
Brasil é única grande economia mundial com alta taxa de utilização de energias renováveis em sua matriz elétrica
Dessa forma, a criação de parques de baterias químicas é uma saída importante para massificação da eletricidade vinda do vento e do sol. Acredita-se que esse tipo de estoque possa minimizar o uso de gás e petróleo em momentos de necessidade e tornar nossa matriz elétrica ainda mais renovável.
Um vídeo do The Verge explica mais ou menos a mesma situação, só que nos EUA. Assista com legendas e tradução automática para o português, caso você não compreenda o inglês.
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