Tem empresa de aniversário redondo agora em julho de 2018! É a Intel, que está completando nada menos que 50 anos perto da data de publicação do vídeo, e já está mais do que na hora de contar a origem dela aqui na série de vídeos e artigos que contam a história da tecnologia.
Fundação, evolução e por todos os setores nos quais ela está presente atualmente são só alguns dos temas que estão nesse vídeo. Curtiu o conteúdo? Então não se esqueça de se inscrever no canal do TecMundo.
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Confira também os episódios anteriores do História da Tecnologia, porque aquela trajetória que você tanto quer ver já pode ter sido contada por aqui.
O começo de tudo
A Intel foi fundada em 18 de julho de 1968 como NM Electronics. A sigla vem do sobrenome dos fundadores, Bob Noyce e Gordon Moore. Eles trabalhavam na Fairchild Semicondutor, mas queriam novos ares e rumos na indústria. Eles conseguem o direito de uma rede de hoteis chamada Intelco e mudam o nome pra Intel, mistura de Integrated e Electronics.
O Noyce era físico, ganhou o apelido de prefeito do Vale do Silício e cofundou a Fairchild. Ele foi um dos pesquisadores que inventou o circuito integrado, que a gente chama de microchip, e deu um dos pontapés na informática.
Bob Noyce.
O Moore é engenheiro e você provavelmente conhece ele por causa da Lei de Moore. Essa é aquela observação de que o número de transistores num chip ou poder de processamento dobraria a cada 18 meses sem custo. Muita gente diz que a previsão é obsoleta, mas a gente não para de falar dela.
Gordon Moore.
O investidor Arthur Rock foi o primeiro a colocar dinheiro na empresa e logo vira o presidente. Já Andy Grove, um húngaro que foi pros Estados Unidos fugindo da Segunda Guerra Mundial e também era da Fairchild, assume como diretor de engenharia. Ele vai ser um dos maiores cérebros da Intel por várias décadas.
O primeiro de muitos
Em 69 sai o primeiro produto da empresa: uma SRAM, ou memória estática de acesso aleatório, Schottky TTL 3101. Ela era duas vezes mais rápida que as versões anteriores com a mesma arquitetura, e já mostrava que a empresa não tava pra brincadeira. No mesmo ano, ela se empolga e lança uma ROM de nome 3301 e o primeiro transistor da empresa no estilo MOSFET, ou de efeito de campo metal-óxido semicondutor.
Em 1970, ela revoluciona o mercado pela primeira de muitas vezes. Foi com o lançamento da DRAM 1103, uma memória de acesso aleatório dinâmica que era pequena, barata e fazia o trabalho melhor que os modelos da geração anterior, que eram core ou de núcleo de ferrite.
O negócio parecia que daria certo, e aí era preciso ter casa própria. O primeiro terreno da empresa foi em Santa Clara, na Califórnia. Hoje, a cidade abriga um museu da Intel que é parada obrigatória com toda a evolução da marca e dos processadores ao longo dos anos.
A logo da Intel nessa época já era reconhecida, com o nome em azul com o “e” meio caído. Foi só em 2006 que ela virou intel em minúsculo com o contorno usado até hoje. Antes disso, nos anos 90, nasceu o selo Intel Inside, que indicava que o PC rodava com um chip da empresa.
A era dos microprocessadores
Mas vamos voltar pra linha do tempo porque 71 é um ano cheio. Pra começar, a Intel registra a EPROM, memória de leitura programável apagável. Esse tipo de chip é conhecido pelo visual, com uma janela transparente por onde entra a luz ultravioleta pra apagar os dados. Foi também o ano da oferta pública de ações, e a marca levantou 6,8 milhões de dólares.
E aí vem o primeiro microprocessador da marca, a pioneira de todas as CPUs que a empresa lança até hoje. O Intel 4004 tinha clock de 740 kilohertz, memória de 640 bytes e ROM de 4 kilobytes. O primeiro produto com ele foi uma calculadora japonesa da marca Busicom.
O Intel 4004.
No ano seguinte, ela compra a fabricante de relógios digitais Microma. O lançamento do ano em chip foi o 8008, que foi o primeiro dela com, adivinha, 8 bits. Aí em 73 ela não lança um processador, mas duas coisas diferentes. Primeiro, uma linguagem de programação pra eles pra facilitar o acesso direto às memórias. O nome dela é PL/M. Segundo, um sistema pra desenvolvimento de software baseado nos chips, o Intellec 4-40.
Olhando para o público
Mas você tá percebendo aí que o trabalho da Intel até agora é bem específico, e em mercados mais técnicos, né? Foi com o microprocessador Intel 8080 que a Intel se voltou pro consumidor e pra outras áreas. Esse modelo foi usado no lendário Altair 8800, considerado por muita gente o primeiro computador pessoal. A empresa também entra em outros sistemas e setores, com chips sendo implementados até em semáforos.
Os primeiros microcontroladores do mundo são deles. De 76, os modelos 8748 e 8048 combinam processador central, memória, periféricos e funções de input e output numa só unidade. Isso que permitiu que outros produtos se tornassem inteligentes. O primeiro computador de placa única, adivinha, também é da Intel, o iSBC 80/10.
O IBM PC, que rodava a partir de um chip Intel.
No começo dos anos 80, a empresa faz algumas parcerias que dão muitos frutos. Ela ajudou a Xerox e a DEC no projeto Ethernet de conexão, e em 81 você já sabe: a IBM lança o clássico PC que balançou a indústria, e foi o Intel 8088 o chip escolhido. Esse modelo foi um dos primeiros processadores com a duradoura arquitetura x86.
Uma dupla de sucesso
Em 82, nasce outro microprocessador que faz história É o Intel 286, de alto desempenho com 134 mil transistores e um modo de proteção que controlava quanto de memória podia ser acessada. A única pessoa que odiou esse modelo foi o Bill Gates, porque ele não permitia rodar múltiplos programas do MS-DOS no ambiente Windows.
Nessa época, a rival AMD já tinha um acordo de fabricação com a Intel pra ajudar na produção de chips licenciados, e chegou a lançar um clone do 286 com maior poder de processamento.
O sucessor foi outro clássico, o 386, de 95, e a marca que estreou o chip foi a Compaq, que já teve a história contada por aqui. A produção desse modelo que era duas vezes melhor que o anterior foi até 2006, e portáteis tipo o Nokia 9000 Communicator usaram variantes dele.
Já 83 é especial pras contas, porque a receita chega a 1 bilhão de dólares pela primeira vez. A tecnologia da vez é a CHMOS, que são semicondutores de metal-óxido complementar especiais da Intel.
Aí a segunda metade da década tem várias apostas. O primeiro supercomputador da marca sai aí: é o iPSC/1, de 85, com vários chips 286 e destinado pra cálculos e problemas complexos. Ela ainda entra no mercado de memórias flash com a tecnologia ETOX em 88. Fechando a década, sai o i860, primeiro microprocessador comercial da Intel com mais de 1 milhão de transistores pro mercado científico. A família 486 começa em 89 e foi ela que introduziu nos chips da Intel o pipeline, um mecanismo pra você executar mais de uma instrução ao mesmo tempo.
Não é só tecnologia
E ela também começa a atuar em comunidades, educação e contribuição social com a Intel Foundation em 88. Ela agora tem até uma feira de ciências e engenharia, a ISEF, com premiação anual a estudantes de todo o mundo. O TecMundo esteve na última edição e viu brasileiros se destacando por lá.
Os anos 90 começam com uma péssima notícia: o falecimento do cofundador Bob Noyce. Mas o legado que ele deixou prosperou como nunca. Em 92, a Intel vira a maior fornecedora de semicondutores do mundo segundo a Dataquest e não largou o posto. Nesse ano, ainda sai o primeiro chip da linha OverDrive, que permite a melhoria de desempenho de PCs. Essa família foi abandonada com o tempo.
A família Pentium
Tá sentindo falta de um nome bem famoso da informática nos anos 90? A família Pentium nasceu em 93 e com certeza é a mais famosa da marca até hoje, se duvidar até rende uma história separada. A linha Pentium exigia clocks altos pra atingir o desempenho da concorrência, mas ainda assim a forte presença da marca no mercado fez ela ser sempre bem sucedida. Nessa época, 85% dos desktops do mercado têm um chip Intel dentro.
O modelo inicial, o P5, foi sucedido pelo Pentium MMX, que traz uma tecnologia de instruções mais avançada. E em 95 sai o Pentium Pro, sexta geração de microprocessadores Intel em arquitetura x86. Ele foi mais usado em modelos de alto desempenho, e serviu de base pra geração Pentium II. Essa linha saiu em 97 com uma propaganda no SuperBowl.
Em 98 são várias novidades. Pra começar, surgem processadores de alto desempenho e baixo consumo pra modelos portáteis baseados na arquitetura StrongARM da Intel.
E tem ainda outra linha bem famosa, a Celeron. Ela é mais voltada pra produtos de baixo custo e desempenho, então não adiantava insistir em jogos pesados ou exigir muito poder de processamento. Especialmente a segunda geração, ou Mendocino, consagrou essa família inclusive entre a comunidade de overclocks.
Os Pentium 3 e 4 saíram em 99 e 2000, respectivamente. Já em 2001, nasce a linha Xeon de chips de alto desempenho mais voltados pra processadores.
Um equipamento para litografia em EUV.
O ano ainda marca o estabelecimento de um consórcio na indústria pra desenvolver semicondutores ainda menores no futuro com a litografia em ultravioleta extrema, ou EUV.
Em 2002 vem a tecnologia hyper-threading que melhora desempenho em ambientes multitarefas. Já 2003 marca um salto pro mobile com o chip PXA800F e a linha Centrino que melhoraria os dispositivos móveis daquele período.
Exemplo de funcionamento da hyper-threading.
Saltando pra 2006, a Intel anuncia o Core 2 Duo, que marca a transição da marca pros modelos de dois núcleos, e substituindo a família Pentium em maior desempenho. Aliás, foi nesse ano que começou a parceria da Intel com a Apple nos MacBooks e no iMac, um namoro que tá dando indícios de que vai acabar em breve.
Outras apostas
A linha Atom nasceu em 2008 e valeria pra vários aparelhos, de netbooks até tablets e smartphones. Ela foi sempre muito criticada por vários motivos, e aposentada em definitivo em 2016, deixando o caminho livre pra concorrência pra modelos em arquitetura ARM.
Em 2010 ela compra a McAfee, a empresa de segurança fundada pelo maluco John McAfee. Ela ainda foi a criadora do conceito de ultrabooks em 2011, só de top de linha, finos e com corpo de uma só peça. Nesse ano, ela ainda apresenta os transistores 3D Tri-gate, uma nova tecnologia na estrutura que traz, você sabe, ganho de desempenho e economia de energia.
O mercado atual
Acompanhar a evolução das arquiteturas nos últimos anos é complicado por causa da quantidade, mas vamos lá. Os Intel Core são classificados por desempenho em i3, i5, i7 ou i9, e tem uma lista já grande de gerações. Já passamos por Sandy Bridge, Ivy Bridge, Haswell, Broadwell, Skylake, Kaby Lake, Cofee Lake, Cannon lake e Ice Lake, isso sem contar variações.
Em termos de memória, a tecnologia em alta é a Intel Optane, uma plataforma barata que reduz latência e acelera sistemas, com aplicação de desktops a data centers.
A Intel teve poucos CEOs, e todos eles tiveram impactos bem significativos. Moore, Noyce, Craig Barret, os já falecidos Andy Grove e Paul Otelini e o mais recente a ocupar o cargo, Brian Krzanich, ajudaram ou a levar revoluções ao mercado ou reorganizar a Intel em épocas não tão boas. Atualmente, o posto é de Robert Swan.
Já a rivalidade com a AMD dura décadas, envolve um monte de processos e parcerias, e pode ser abordado em outro capítulo da História da Tecnologia.
E claro que a Intel não escapa de críticas e problemas técnicos. A polêmica mais recente é a dupla de brechas Spectre e Meltdown, divulgada no começo de 2018 e que pegou modelos lançados nos últimos 10 anos. Mas ela também teve que controlar nos anos 90 uma falha na primeira geração dos chips Pentium que levou a uma pequena crise com a imprensa.
Além de CPUs, SSDs, chips gráficos e memórias, a empresa atualmente tá bastante envolvida com soluções em vários setores, inteligência artificial, além de fazer shows de luzes usando drones, pesquisar carros autônomos após a aquisição da Mobileye e muito, mas muito mais. E isso que ela deixou mercados de lado, descontinuando um relógio fitness, o app Remote Keyboard e um óculos de realidade aumentada.
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E esse é um resumo da história da Intel, uma marca essencial pra história da tecnologia e que tá presente com certeza em algum dos produtos que você usa hoje em dia. Então feliz 50 anos pra marca e que ela continue respeitando esse passado com um excelente trabalho. Se você tiver sugestões para histórias de empresas, produtos ou serviços, é só deixar uma sugestão nos comentários.
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