Adam Fisher, editor do periódico Wired, lançou recentemente o livro “Valley of Genius: The Uncensored History of Silicon Valley (As Told by the Hackers, Founders, and Freaks Who Made It Boom”, em que ele traça o passado recente do Vale do Silício a partir de entrevistas com coadjuvantes de luxo nos bastidores da tecnologia. E um trecho trouxe à tona histórias que os confundadores da Google, Sergey Brin e Larry Page, certamente não gostariam que aparecessem — principalmente agora, em que vivemos uma higienização no comportamento machista, misógino e inadequado em todas as esferas, especialmente no setor corporativo.
O excerto foi destacado pela Vanity Fair, sob a luz dos movimentos recentes que cobram atitudes contra o assédio sexual. A primeira chefe executiva da ainda promissora companhia de Mountain View, Charlie Ayers, e a então gerente de Recursos Humanos, Heather Cairns, compartilham lembranças de um Sergey Brin — atualmente presidente do conglomerado Alphabet — ainda em seus 20 anos, com os hormônios à flor da pele e dono de uma visão completamente equivocada do que seria tratar adequadamente suas funcionárias.
Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.
Assine já o The BRIEF, a newsletter diária que te deixa por dentro de tudo
Confira abaixo a transcrição sobre o período, que data de meados ao fim dos anos 90:
Charlie Ayers: Sergey era o playboy da Google. Ele era conhecido por ser pego no flagra com funcionárias da companhia na sala de massagem. Ele persuadia as mulheres.
Heather Cairns: e nós não tínhamos trancas, então era fácil entrar e encontrar pessoas lá dentro. Lembre-se que era um bando de jovens com menos de 20 anos — exceto eu, uma “anciã” de 35 anos — e os hormônios estavam em chamas.
Charlie Ayers: me disseram que a resposta de Sergey para isso era “Por que não? Elas são minhas funcionárias”. Mas você não contrata funcionárias para transar! O trabalho não é sobre isso.
Heather Cairns: Meu Deus. “Isso é um processo de assédio sexual implorando para acontecer!”, era o que me preocupava.
Charlie diz que Brin e Page contrataram “garotas gostosas” — posteriormente apelidadas de “harém de administradoras” — que mais tarde se tornaram chefes de diferentes departamentos da empresa. Ela também afirma que a partir de 2001 a cultura da empresa mudou substancialmente, com a chegada da atual chefe operacional, Sheryl Sandberg. Foi quando a Google parou “de pedir às pessoas que apareciam em ternos para entrevistas voltarem para casa e vestirem roupas civis”. Todos os executivos passaram a receber treinamento de mídia, entre outras ações.
Por enquanto, a Google, Brin e Page não comentaram o livro de Fisher e essas declarações.
Categorias