A Copa do Mundo de 2018 está logo ali e a gente acompanha jogos e resultados de vários jeitos — pelo jornal, no rádio, assistindo no televisor ou até no PC.
Mas você sabe como isso evoluiu até chegar nos dias de hoje, passando por todos os torneios e também as evoluções tecnológicas? É essa linha do tempo de resultados da Seleção Brasilera e de inovações em formas de transmissão que você conhece agora.
Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.
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O começo de tudo
A primeira Copa do Mundo foi peculiar. Só 13 participantes e vários convites recusados por causa dos gastos com a viagem. Ah, e o país tava rachado no futebol por uma briga entre cariocas e paulistas, e esses últimos se negaram a aceitar a convocação. O Uruguai derrotou a Argentina e venceu em casa.
O Brasil não se destacou em campo, mas já tinha imprensa presente. Jornais impressos eram a única fonte, e eles também reproduziam o clima tenso entre os estados. Vários veículos se destacaram, inclusive com entrevistas pós-jogo, e o Estado de Minas passou informações em tempo real pra galera usando um megafone. Os jornais recebiam tudo por telegrama.
Em 34, poucas novidades. O mundial foi pra Europa, numa Itália já controlada por Mussolini. A seleção da casa levou o caneco, mas pelo menos cariocas e paulistas fizeram as pazes.
Só a partir de 38 é que o brasileiro pode acompanhar a Copa do rádio. Leonardo Gagliano Neto foi o radialista da Radio Clube do Brasil do Rio de Janeiro que realizou a transmissão via AM. O Brasil teve seu melhor desempenho até agora, um terceiro lugar, e a Itália foi bicampeã.
Depois da Guerra
Em 1950, primeira copa depois da Segunda Guerra Mundial, o Brasil perdeu a final para o Uruguai por 2 a 1 no Maracanã. Toda a tristeza daquela partida foi acompanhada especialmente pelo rádio, que ainda estava em sua era de ouro.
A edição de 54 também passou sem que o público brasileiro visse pela TV o Milagre de Berna, que foi a derrota da favorita Hungria contra a Alemanha Ocidental.
A televisão brasileira tinha só quatro anos de idade e eram poucos os canais no ar, com programas ainda com fórmulas do rádio. Só eram transmitidos jogos do mesmo estado da emissora.
A evolução pro primeiro mundial conquistado pelo Brasil, na Suécia e contra os donos da casa em 1958, foi discreta. Os brasileiros até viram alguns gols e trechos isolados. Mas isso passava muito raramente na televisão, e era mais frequente acompanhar essas novidades nos cinejornais que passavam antes dos filmes. O impresso e o rádio continuavam dominando.
O bicampeonato
A Copa de 62 foi o bicampeonato do Brasil e uma novidade. As partidas eram transmitidas pela primeira vez do pontapé inicial ao apito final por emissoras de TV. Os videoteipes só eram exibidos com até dois dias de atraso, porque demorava pra chegar lá do Chile. E a Rádio Bandeirantes fez uma inovação curiosa. Ela colocou um painel luminoso com alto-falantes na Praça da Sé, em São Paulo, com a forma de um campo e coberto por lâmpadas, que acendiam de acordo com a narração e o posicionamento da bola. Isso atraiu multidões.
Em 66, na Inglaterra, as imagens também chegavam com um dia de atraso, e rádio e jornais ainda estavam em alta. A eliminação do Brasil na primeira fase com um futebol considerado feio fez aumentar a quantidade de críticos na imprensa, como o futuro técnico João Saldanha. Foi a primeira Copa que passou via satélite, mas o Brasil ainda não teve esse privilégio.
Na telinha da tevê
A Copa do Mundo de 1970, no México, foi histórica no campo e na TV. No futebol, foi o tricampeonato do Brasil, primeira seleção que consegue esse feito. Nas transmissões, foi a primeira vez que o país viu uma Copa ao vivo e mais ou menos a cores! A imensa maioria da população viu os jogos em preto e branco, já que a Embratel ainda fazia testes com a exibição, e poucos aparelhos suportavam a nova tecnologia.
E aí começa uma polêmica que dura até hoje: a dos direitos de passar os jogos. Em 70, foi uma decisão bizarra: o pool de transmissão fazia com que cada trecho do jogo passasse por uma emissora: Tupi, Globo e a Rede de Emissoras Independentes, a futura Record. Só 11 jogos passaram ao vivo.
Pra não deixar ninguém perder o show da seleção, fabricantes realizaram exibições das partidas em praças públicas.
Mesmo no preto e branco, muita gente comprou o primeiro televisor nessa época, ou trocou por um mais moderno. Um dos destaques da época era a Colorado, marca nacional com ninguém menos que Pelé como garoto propaganda.
Finalmente colorido!
A copa do mundo de 1974 é a primeira com a TV a cores realmente difundida, já que o Brasil adotou a codificação analógica de cores PAL-M. O padrão original PAL, ou Linha de Cores Alternada, foi criado pela Telefunken em 62. O anterior era o NTSC, que já era considerado ultrapassado. Ele não lia bem tonalidades diferentes de uma mesma cor e volta e meia exibia os chamados fantasmas, aquelas vibrações no sinal que duplicavam a imagem.
A primeira transmissão a cores via PAL-M no Brasil foi a festa da uva na cidade de Caxias do Sul, em 19 de fevereiro de 1972. Um mês depois, a Rede Globo exibia Meu Primeiro Baile, um episódio do programa Caso Especial, primeiro programa gravado e produzido a cores. E veio também a tecnologia de slow motion, que deu mais emoção e permitia análises mais precisas.
Na Copa de 86, o Brasil é apresentado a um clássico das transmissões esportivas. É o tira-teima, aquela animação em que a equipe da emissora analisa com recursos eletrônicos lances polêmicos, como os impedimentos. Os primeiros eram desenhos bem simples e sem todos aqueles gráficos digitais, mas já tiravam as dúvidas dos telespectadores.
O tetra veio em 94, na copa dos Estados Unidos, com aquele fim de jogo clássico do Galvão Bueno loucaço gritando e abrançando o Pelé. Mas teve gente que viu essa final não pela Globo ou pela Band, que tinha a narração de Luciano do Valle, mas sim pela primeira vez na TV por assinatura. Foi nesse ano que nasceu o Sportv, que já existia 3 anos antes sob o nome de Top Sport, e passou os jogos em formato de VT. Luis Carlos Junior já era o narrador principal.
A Globo tinha um satélite e quatro câmeras exclusivas pra transmissão, e estreou um novo recurso, o super slow motion. Uma tela sensível ao toque e o pré-jogo com análises de comentaristas e a movimentação da torcida também viraram padrão a partir desse ano.
Gunter Schweitzer e HD
Já em 98, com aquele jogo contra a França que a gente prefere esquecer, foram poucas novidades na transmissão na TV. Pelo menos opções não faltavam: eram 7 emissoras com jogos passando, cinco delas abertas. E essa foi a primeira Copa do Mundo com internet no país, quando o clássico email de denúncia de Gunter Schweitzer começou a circular.
Um trecho da clássica corrente.
A Copa do Mundo de 2002 foi marcada por jogos de madrugada e também por um recorde de audiência da Globo no jogo entre Brasil e Inglaterra, graças a uma exclusividade no direito de transmissão. Essa foi a primeira Copa transmitida em alta definição, mas só para privilegiados. E muita gente ainda preferia o rádio porque a narração chegava frações de segundo antes.
Pois é, muita gente teve a surpresa de um gol estragada por causa dos vizinhos. Essa também foi a primeira com exibição da final em salas de cinema, mas por enquanto apenas pra convidados. Na copa de 2006, na Alemanha, foi a primeira Copa que já começou com a HDTV no Brasil e a tecnologia se popularizando. Os privilegiados já pulavam pra transmissão em Full HD.
A transmissão em Full HD na Copa de 2010.
Em 2010, a Copa foi marcada por um uso mais intenso de redes sociais como a chamada segunda tela, especialmente pra fazer críticas ao Brasil e o técnico Dunga no Twitter. A primeira transmissão de um jogo de Copa em 3D, uma tecnologia que não emplacou no esporte. Essa foi a primeira também com transmissão liberada em celulares.
Em 2014, aqui no Brasil, o 7 a 1 pode ser conferido pela primeira vez em 4K. Mas os televisores com essa resolução ainda são caros hoje, então imagine quatro anos atrás.
E na Rússia?
A Copa do Mundo de 2018 pode ser a consolidação do 4K no Brasil. Todos os jogos serão transmitidos em Ultra HD, e foi registrada nos últimos meses aquela clássica procura por novos televisores. Além disso, não é a estreia, mas nessa Copa temos mais opções de assistir aos jogos por streaming, inclusive em aplicativos de transmissão que disponibilizam jogos na íntegra depois do horário original.
Um dos equipamentos que serão usados na Rússia.
É também o primeiro com o sinal preferencialmente digital, com o analógicos terminando de ser desligado em território nacional. Testes com câmeras em 8K serão feitas, mas tá longe de ser realidade até no resto do mundo. Que sabe na Copa de 2022, lá no Catar, e quem sabe até com o hexa já garantido?
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